CHEGOU O SCANNER DE CONTÊINERES
Porto de Natal recebe scanner de contêineres - Foto: Ney Douglas / AgoraRN
Já está no Porto de Natal, prestes a entrar em funcionamento, o tão aguardado scanner de contêineres
– equipamento capaz de detectar a presença de drogas escondidas em meio
às cargas que deixam Natal com destino a Europa. Agora, a expectativa
da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) é afugentar os
traficantes que estavam usando o terminal marítimo da capital potiguar
como trampolim para a rota internacional de entorpecentes. De fevereiro
de 2019 até a semana passada, foram seis grandes apreensões dentro do
porto, totalizando cerca de 5,5 toneladas de cocaína descobertas em
operações feitas pela Polícia e Receita Federal.
O scanner de contêineres chegou a Natal na quarta 7, mas ainda deve levar alguns dias para que comece a operar.
Em entrevista ao Agora RN
e a emissoras de televisão, coletiva realizada na manhã desta quinta 8,
o almirante Elis Treidler Öberg, diretor-presidente da Codern, explicou
que o equipamento só pode ser ligado após a emissão de uma licença que é
feita pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão que está
vinculado diretamente ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações
do Governo Federal.
“Deve demorar uns 15 dias”, disse o
almirante. Ainda de acordo com Öberg, o scanner vai dificultar a ação
dos criminosos a partir do Porto de Natal.
“O tráfico não vai parar, mas ficou mais difícil”, afirmou.
Em 2 anos, mais de 11 toneladas de
cocaína apreendidas na rota Natal-Roterdã
Do dia 12 de fevereiro de 2019, data da primeira apreensão de drogas
no Porto de Natal, até o dia 3 de outubro deste ano, quando houve a
última, já foram apreendidas mais de 11 toneladas de cocaína.
Praticamente a metade das apreensões, 5,5 toneladas, foram descobertas
aqui, no terminal marítimo de Natal. A outra parte foi apreendida na
Europa, no Porto de Roterdã (Holanda, Países Baixos), após atravessar o
Oceano Atlântico.
O entorpecente é o preferido por traficantes
que vêm utilizando o Porto de Natal como rota para enviar a droga
produzida em países da América do Sul (Colômbia, Peru e Bolívia) para o
Velho Continente.
2 mil contêineres inspecionados
por mês
Com o início do funcionamento do scanner, a administradora do Porto
de Natal disse que haverá um novo protocolo de segurança dentro do
terminal marítimo da capital potiguar. Assim que o equipamento estiver
funcionando, todos as carretas que chegarem ao terminal passarão pela
máquina. Por semana, segundo o diretor-presidente da administradora da
Codern, aproximadamente 500 contêineres são embarcados em Natal, o que
dá mais de 2 mil contêineres por mês.
Setembro foi marcado por um
recorde. Ainda segundo a Codern, o Porto de Natal atingiu a marca
histórica de 107.643 toneladas de produtos embarcados a partir do
terminal no mês passado, em comparação a uma média mensal de cerca de 35
a 40 mil toneladas.
Fibra óptica
“Assim que entrar no porto, a carreta vai passar pelo scanner. É questão de minutos. Em tempo real, fibras ópticas levarão as imagens diretamente para a Receita Federal. Caso o equipamento detecte algo suspeito de algum contêiner, ou mesmo no próprio caminhão, a Polícia Federal é acionada e é feita a inspeção na carga”, detalhou Öberg.
Aluguel de R$ 400 mil por mês
O scanner que chegou ao Porto de Natal está avaliado em mais de R$ 11
milhões, mas ele não foi comprado. Por enquanto, o contrato é de
aluguel, e vale por um ano. O almirante Öberg disse que não tem detalhes
do acordo firmado com a empresa EBCO Systems, que forneceu o
equipamento, mas ele acredita que o aluguel deve ter sido fixado entre
R$ 350 e R$ 400 mil por mês. “Em média, é este o valor”, afirmou.
O
valor a ser pago será dividido entre as empresas que utilizam o
terminal, armadores (CMA CGM) e operadores portuários (Progeco), que
2019 se uniram para aumentar a segurança no Porto de Natal.
Agradecimento
“A Codern apresenta o agradecimento ao armador CMA CGM e ao operador portuário, empresa Progeco, bem como ao conjunto de fruticultores (os principais clientes), que tornaram realidade a implantação e o funcionamento dessa necessária ferramenta de fortalecimento da Segurança. Finalmente, informamos que, a partir da entrada em operação do scanner, a Receita Federal passa a receber diretamente as imagens geradas pelo equipamento. Assim, pode-se comprovar que foi dado mais um passo no sentido de transformar a operação e aumentar a credibilidade do Porto de Natal, qualificando-o como porta de entrada e saída do empresariado da região”, disse a Codern, em nota divulgada nesta quinta 8.
Prisões
O Juiz Federal Walter Nunes da Silva Júnior, titular da 2ª Vara
Federal, determinou nesta semana a prisão preventiva das quatro pessoas
presas pela Polícia Federal na operação realizada neste último final de
semana no Porto de Natal.
Por conta da apreensão de 238 quilos de
cocaína que estavam escondidos na carroceria de uma carreta, foram
presos em flagrante Emerson Rodes Marques, Marcos Cezar Alexandre Pires
Júnior, Lucas Farias Alboitt e Roberto Correa Pinheiro, suspeitos de
integrarem uma quadrilha de tráfico de drogas.
No caso de Rodes,
pelo fato de ser ex-policial militar, o magistrado determinou que ele
seja mantido na carceragem da Polícia Federal.
Além dos quatro,
outras seis pessoas já haviam sido presas em operações anteriores,
também realizadas pela Polícia Federal. Entre elas está um empresário do
ramo de combustíveis, detido no dia 17 de agosto durante a operação
Além Mar. Com ele foram apreendidos cavalos de raça e carros de luxo. A
ação também cumpriu mandados de prisão, busca e apreensão em Alagoas,
Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco,
Paraná, Santa Catarina, São Paulo e no Distrito Federal.
Os
outros cinco suspeitos foram presos no dia 7 de dezembro do ano passado
na Grande Natal. Na ocasião, a PF ainda apreendeu 1,2 tonelada de
cocaína. A droga estava dividida em diferentes locais: um contêiner que
era transportado por caminhão e levava melão ao Porto de Natal, e atrás
de paredes falsas em três galpões em Parnamirim.
A PF começou a
acompanhar a movimentação no entorno dos galpões e descobriu que um
deles foi alugado com documentos falsos. No contêiner, que era
transportado pelo veículo para o terminal marítimo, e tinha como destino
final a Dinamarca, foram encontrados diversos tabletes de cocaína
misturados a uma carga de melão.
Outros tabletes foram encontrados em cômodos escondidos por paredes falsas dentro dos três galpões.
As penas cominadas ao crime de tráfico internacional de drogas e associação ao tráfico vão de 10 a 35 anos de reclusão.
(Por:Anderson Barbosa/AgoraRN)
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