ENCOLHEU!
Roberto Lucena
repórter
A estrutura da Central do Cidadão, na capital do Estado, diminuiu 40% nos últimos três anos. Com o fechamento de duas unidades (Praia Shopping e Cidade Alta), aproximadamente cinco mil atendimentos diários deixaram de ser realizados. Parte da demanda foi absorvida pelas demais unidades que, sem estrutura adequada e quantidade de funcionários suficiente, ficaram superlotadas. A emissão de carteiras de identidade e abertura de seguro-desemprego são os serviços mais afetados.
repórter
A estrutura da Central do Cidadão, na capital do Estado, diminuiu 40% nos últimos três anos. Com o fechamento de duas unidades (Praia Shopping e Cidade Alta), aproximadamente cinco mil atendimentos diários deixaram de ser realizados. Parte da demanda foi absorvida pelas demais unidades que, sem estrutura adequada e quantidade de funcionários suficiente, ficaram superlotadas. A emissão de carteiras de identidade e abertura de seguro-desemprego são os serviços mais afetados.
Adriano Abreu
Desde o início da semana, as Centrais do Cidadão estão lotadas de usuários que desejam abrir processo de seguro-desemprego
Criado em julho de 1997, a Central do Cidadão tinha como missão “atender bem o usuário, respeitando-o nos seus direitos de pessoa humana e de cidadão, prestando-lhe serviços de qualidade, com a convicção de estar cumprindo um dever ético”. Sete anos depois, a realidade destoa significativamente do que está escrito no Decreto nº 13.403, que criou o programa.Atualmente, 17 municípios possuem o órgão de atendimento ao cidadão. Em Natal, o serviço chegou a contar com cinco unidades responsáveis por mais de 12 mil atendimentos diários. Porém, no dia 14 de junho de 2011, a Central do Cidadão do Praia Shopping fechou as portas para uma reforma e, até hoje, não foi reaberta. Lá, era oferecida aproximadamente três mil atendimentos por dia.
Em julho do ano passado, após uma
manifestação popular em favor do transporte público, mas que resultou em
vários prédios depredados por vândalos, o edifício onde funcionava a
Central do Cidadão da Cidade Alta foi atingido. As vidraças da unidade
foram completamente destruídas. A secretaria de Estado da Justiça e da
Cidadania (Sejuc) colocou tapumes e fechou o local.
Antes de ser
depredada e fechada, a Central Cidade Alta recebia aproximadamente dois
mil cidadãos que iam em busca dos variados serviços que eram oferecidos
no setor. Um destes serviços era a Delegacia do Idoso. Segundo a
Delegacia Geral de Polícia Civil (Degepol), a unidade passou a funcionar
no Alecrim, num prédio localizado ao lado da 3ª DP, na avenida Coronel
Estevam.
Com o fechamento das duas unidades, naturalmente o
usuários migraram para as outras três centrais que continuam – mesmo de
forma precária – em funcionamento: Via Direta, Alecrim e shopping
Estação, na zona Norte. Acontece que o serviço que antes era oferecido
nas centrais fechadas não foi deslocado para as outras unidades. Um
exemplo disso é a quantidade de fichas disponibilizadas para confecção
de primeira via da carteira de identidade na unidade Via Direta. São 40
fichas. Esse número é o mesmo há muitos anos.
Além das duas
unidades em Natal, a Central do Cidadão em Parnamirim funciona
parcialmente devido a uma reforma no prédio. O atendimento resume-se,
basicamente, aos serviços do Departamento Estadual de Trânsito
(Detran-RN). Com a proximidade da capital, os usuários também procuram
os serviços nas três centrais na capital.
A soma de todos esses fatores resulta num cenário caótico. Faltam servidores,
espaço físico e comodidade para atender os usuários. Por outro lado,
sobram reclamações, irritação e desrespeito ao cidadão. Na manhã de
ontem, dia 2, a TRIBUNA DO NORTE visitou as três unidades em Natal. Em
todas os locais, a situação era a mesma. A lotação piorou nos últimos
dias devido a problemas no sistema de gerenciamento da aprovação do
seguro-desemprego. Para amenizar a situação, a Sejuc prometeu realizar
um mutirão amanhã, dia 5.
» Central Via Direta
Sem atendimento
Funciona de segunda a sexta, das 9h às 20h e aos sábados das 9h às 14h30. Realiza, em média, 3.500 atendimentos por dia.
O
casal formado pela professora Érica Daliane, 31 anos e o guia de
turismo Giliard Silva, 27 anos, chegou ao local por volta das 8h. Eram
quase 12h e eles não resolveram o problema. “Viemos retirar a segunda
via do RG do meu marido. Chegamos aqui e já havia muita gente esperando.
Viemos ontem, mas não conseguimos atendimento.
Vamos esperar mais um pouco para ver se conseguimos dessa vez”, disse a professora.
» Central Alecrim
Calor e fila interminável
Funciona
de segunda a sexta, das 9h às 18h. Realiza, em média, 3 mil
atendimentos por dia. A maior demanda é com relação a carteiras de
identidade, pois no local há um posto de entrega imediata.
O
desempregado José de Araújo, 51 anos, chegou ao local por volta das
7h30. Por volta das 11h, ele ainda estava na fila do lado de fora do
prédio. O calor era intenso e muitos na fila reclamavam. “Essa é a
primeira vez que venho aqui. Não pensei que fosse desse jeito. Preciso
da segunda via da minha identidade e disseram que aqui é o único lugar
que recebe na hora”, disse.
» Central Zona Norte
Quase 12 horas de espera
Funciona no Shopping Estação de segunda a sexta, das 9h às 20h. Realiza, em média, 1.000 atendimentos por dia.
O
eletricista José Aguinaldo, 47 anos, passou a noite acordado. Ele
chegou ao shopping Estação por volta das 23h do dia anterior para
assegurar o atendimento. Quase doze horas depois, conseguiu dar entrada
no pedido de seguro-desemprego. Porém, quando era atendido, o sistema
saiu do ar. “Passei a noite acordado aqui fora para ser atendido. Eu e
mais algumas pessoas. É muito desorganizado e falta respeito ao
cidadão”, lamentou.
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