MAUS TRATOS
Pedro Andrade
repórter
A Delegacia Especializada em Proteção ao Idoso (Depi), em Natal, tem recebido em torno de 280 novos casos mensais de maus tratos e/ou abusos contra idosos. São, em média, 9,3 queixas por dia, metade relativa aos desvios de aposentadorias e benefícios financeiros. Desse total, 10% viraram inquéritos. Segundo dados do “Disque 100”(serviço da Secretaria Nacional de Direitos Humanos) as denúncias de maus tratos cresceram mais de 300% no RN nos últimos três anos.
repórter
A Delegacia Especializada em Proteção ao Idoso (Depi), em Natal, tem recebido em torno de 280 novos casos mensais de maus tratos e/ou abusos contra idosos. São, em média, 9,3 queixas por dia, metade relativa aos desvios de aposentadorias e benefícios financeiros. Desse total, 10% viraram inquéritos. Segundo dados do “Disque 100”(serviço da Secretaria Nacional de Direitos Humanos) as denúncias de maus tratos cresceram mais de 300% no RN nos últimos três anos.
Emanuel Amaral
Em 2013, o ‘Disque 100’ recebeu 1.297 denúncias do Estado
Figurando entre os dois tipos de crime mais recorrentes na Especializada, o uso indevido de aposentadorias e pensões, bem como a realização de empréstimos em nome de terceiros, é crime previsto em lei, mas amplamente praticado pelo País.
O delegado Fábio Fernandes, titular da Depi, conta que, desses casos, cerca de 120 são denúncias feitas diretamente na delegacia, enquanto o restante é originário do “Disque Direitos Humanos”, ou ‘Disque 100’. Há ainda casos que o Ministério Público pede que se investigue, mas o delegado não soube precisar esses números.“Os principais crimes que a gente têm aqui são desvio de provento e abandono, mas desvio de provento é praticamente 50% do que chega aqui”. Segundo ele, o mais comum é que outros familiares façam a denúncia.
Disque 100
No
ano passado, o ‘Disque 100’ registrou no Brasil 38.976 denúncias, das
quais 16.796 foram referentes a abusos financeiros contra idosos. Do RN
foi um total de 1.297 denúncias, sendo 643 registrados nessa mesma
categoria. Em um ranking nacional, o Rio Grande do Norte ficou na 9ª
posição, considerando o número de denúncias, por estado, feitas ao
serviço. De acordo com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SNDH),
os três mais frequentes crimes cometidos contra idosos são negligência,
violência psicológica e abuso financeiro e econômico. No Rio Grande do
Norte, esses também são os três principais casos. Entre as denúncias
recebidas, negligência foi a mais comum (962 denúncias); seguida de
violência psicológica (781 denúncias); e abuso financeiro (643
ligações).
Investigação
Policial civil e assistente
social, Ana Carla Ruivo vai semanalmente às casas de vítimas que estão
com inquérito em andamento na Depi. Entre os casos que chamaram atenção,
ela destaca um ocorrido em 2005. “Um casal, ele ex-desembargador e com
Alzheimer, e a mulher ex-procuradora e com dificuldade de locomoção,
recebia em torno de R$ 80 mil. Dos cinco filhos, um era advogado e
desviava grande parte desse dinheiro. A gente só ficou sabendo depois que uma outra filha, morando no Rio de Janeiro, denunciou à Polícia”, conta.
Abuso
Envolvendo valores menores, outro caso similar ocorreu no interior
do Estado. Cláudia Passos* conta que sua tia, Olívia Simone* , teve a
aposentadoria e pensão que recebia do pai totalmente desviada pelo filho
adotivo. “Era uns R$ 3,5 mil que o filho e a mulher dele usavam para
comprar celular e as coisas para eles, que nem trabalhavam. E ela [a
tia] não tinha alimentação adequada, andava suja e sem cuidados de
higiene pessoal e de saúde”, conta.
A solução encontrada pela
família foi trazê-la para uma casa exclusiva para idosas. Com esse
dinheiro que antes era desviado, agora é pago plano de saúde, gastos com higiene pessoal e parte da mensalidade do local onde vive.
Analisando
as denúncias que recebeu, a SNDH elaborou um “perfil” das vítimas e dos
acusados. No RN, 67,3% das vítimas são mulheres e a maioria tem entre
76 e 80 anos. Já em relação aos suspeitos pelas agressões, em 57,1% dos
casos são filhos (as) e 45% são mulheres.
*Os nomes Cláudia Passos e Olívia Simone são fictícios e foram usados para preservar a identidade dessas pessoas.
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