LARGADO
Marcelo Lima
Repórter
Não é só o antigo prédio da Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo
(Semurb) de Natal que transforma a Rua General Glicério, no bairro da
Ribeira, num corredor de abandono. Há cerca de duas semanas, segundo
moradores da região, as carcaças de carros alegóricos de escola de samba
de Natal e outros veículos grandes tomam as calçadas da rua. Antes,
eles estavam dentro do prédio demolido para a construção do Residencial
Maruim.
O que sobrou dos veículos foi colocado nas proximidades do antigo
prédio da Semurb, abandonado desde a gestão Micarla de Sousa. A moradora
do bairro das Ribeira, Vanessa Vasconcelos avalia que a medida tomada
pelo Poder Público foi incorreta. “Acho que não era para estar aí não.
De noite os noiados [drogados] tiram as coisas. Acho que é pra vender”,
disse.
Além do desperdício de espaço – uma vez que a Prefeitura possui
diversos prédios alugados -, também é possível verificar a falta de
cuidado com outro patrimônio público. Uma das carcaças que foram
colocadas sobre a calçada é de um ônibus com logomarca da Prefeitura de
Natal ainda da gestão passada de Carlos Eduardo Alves.
Na carroceria do “Expresso da Cultura” também logomarca da antiga
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Comunitário. O ônibus está
completamente deteriorado, pára-brisa pela metade e sem pneus. A placa
do veículo abandonado é KHQ -1726.
O cenário de destruição é mais profundo ao entrar no prédio que
abrigou na Semurb até o ano de 2009. Logo na entrada do estacionamento
encontra-se material de construção que não foi utilizado, inclusive
areia. No interior do prédio a atmosfera é tenebrosa. As hastes que
sustentava o gesso no teto estão todas penduradas. Em algumas salas
ainda há resto de gesso.
Embora não chova na cidade há alguns dias, ainda há muitas poças de
água pelo prédio de dois pavimentos (térreo e superior). Pelas
infiltrações escorre água da chuva. Nenhuma janela ou caixa de porta
sobrou para contar história. No local, a equipe de reportagem também
encontrou duas pessoas.
Uma deles revelou que era viciado em crack, mas não quis se
identificar. O usuário de drogas é morador do bairro e sempre usa o
edifício abandonado como refúgio para praticar o vício que tem há 20
anos. Depois que nossa equipe de reportagem entrou no prédio, ambos
saíram.
Os indícios de uso de drogas estão bem claros, espalhados dos todos
os cômodos do prédio: latas de cerveja, de refrigerante, peças de
cachimbo e outros materiais. Também há trapos de roupas e um cheiro de
fezes que acompanha quem ousa visitar esse símbolo do abandono do poder
público.
A moradora de outro trecho da Rua General Glicério confirmou que o
prédio está dominado por usuários de drogas. “Só serve para os noiados
fumar e se drogar, fazer as necessidades, sexo. Só coisa ruim”,
classificou Letícia Félix de 20 anos.
Semurb
De acordo com o secretário titular da Semurb, Marcelo Toscano, desde
que a secretaria mudou-se do local, a gestão do patrimônio passou para a
Secretaria Municipal de Administração e Gestão Estratégica (Segelm).
Tentamos entrar em contato com o secretário responsável, Silvio
Torquato, mas ele não atendeu as ligações telefônicas.
Marcelo Toscano disse também que não seria possível a Semurb voltar a
ocupar o prédio. “Não existe mais prédio e a Semurb cresceu muito, não
caberia mais lá”. Atualmente, a secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo
funciona em um prédio alugado por R$ 50 mil no conjunto Mirassol.
Conforme Toscano, a expectativa é que toda a estrutura organizacional
seja transferida para o Centro Administrativo da Prefeitura quando ficar
pronto. Mas não existe nem prazo para que esse centro comece a ser
construído.
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