terça-feira, 2 de setembro de 2014

Sem ser candidato, Ministro Garibaldi usa agenda de trabalho para fazer campanha dos parentes. Garibaldi Alves Filho, Aloizio Mercadante e Paulo Bernardo argumentam que não têm horário definido

CABO ELEITORAL

Garibaldi com o primo e o filho, candidatos na campanha de 2014. Foto: Divulgação
Garibaldi com o primo e o filho, candidatos na campanha de 2014. Foto: Divulgação
Embora não estejam em campanha pessoal para as eleições deste ano, alguns ministros têm se aproveitado de agendas de trabalho para atuar em favor de seus candidatos. Em algumas situações, aproveitam o horário em que deveriam estar trabalhando para promover ações em seu reduto eleitoral. Eles negam, no entanto, que estejam praticando alguma irregularidade e argumentam que ministro não tem horário definido de trabalho.

O ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), é um dos mais ativos cabos eleitorais de seu primo, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que concorre ao governo do Estado. Mas ele não se dedica apenas a Henrique. Entre suas preocupações imediatas está também eleger seu filho, Walter Pereira Alves (PMDB), para a Câmara. O jovem é deputado estadual no Rio Grande do Norte.

Garibaldi não costuma dar muita publicidade à sua agenda, embora a Comissão de Ética da Presidência da República exija essa prática. É comum ver anotada a expressão quase padronizada de “sem agenda informada” ou “agenda institucional” ou, ainda, “agenda externa”, sem especificar o que realmente o ministro está fazendo.

Mas, uma olhada nos blogs de política do Rio Grande do Norte dá uma ideia dos afazeres de Garibaldi. No dia 24 de julho, por exemplo, uma quinta-feira pela manhã, ele estava em Caicó (268 km de Natal). Um blog local fez questão de registrar a foto do todo sorridente ministro, com camisa de manga e cheio de adesivos, pedindo votos ao lado do filho. Um dia depois, ainda em Caicó, participou de um almoço de confraternização com a família Macacos, tradicional no município.
Antes disso, numa outra sexta-feira, dia 11 de julho, ele encontrou-se, por acaso, com o ex-presidenciável Eduardo Campos, na saída do elevador do edifício onde mora um deputado ligado ao ministro. Tudo registrado pelos blogs. E, em 16 de julho, uma quarta-feira, estava em São Miguel do Gostoso (100 km de Natal) para participar de uma missa pela emancipação do município.
Em agosto, Garibaldi continuou na ativa em defesa dos seus. Dia 15, outra sexta-feira, registrou que estava em Natal para participar “a convite do ministro das Cidades, de assinatura de contrato de infraestrutura entre Natal, Mossoró e Paramirim e o governo do Rio Grande do Norte”. Ou seja: nada vinculado à Pasta da qual é o titular.

Depois, emendou outras atividades no estado. Dia 21 fez uma “visita técnica à agência da Previdência Social em Natal”; dia 22 cumpriu uma “agenda institucional”, dia 25, uma segunda-feira, participou da abertura de um seminário internacional para debater a seguridade social – em Natal.
A assessoria de imprensa do ministro informou que a Controladoria Geral da União e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definiram que ministro de Estado é um agente público e não está submetido à jornada de trabalho de oito horas. “Ao contrário, permanece ministro durante as 24 horas do dia, inclusive aos sábados, domingos e feriados, podendo ser acionado a qualquer momento”, afirma nota enviada ao GLOBO.

Garibaldi não é o único a voar para seu Estado para apoiar seus candidatos. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, cuja mulher, a senadora Gleisi Hoffmann (PT), concorre ao governo do Paraná e amarga o terceiro lugar nas pesquisas, esteve em três ocasiões, em julho, em Curitiba. A agenda para essas datas não foi divulgada — consta apenas o destino onde o ministro estaria. Paulo Bernardo passou o dia 3 de julho, uma quinta-feira, na capital paranaense. Naquela data, à noite, ocorreu a convenção estadual do PT, que contou com a participação da presidente Dilma Rousseff, do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e de outras lideranças locais – além dele mesmo. No dia 11 do mesmo mês, uma sexta-feira, Paulo Bernardo também permaneceu na cidade e, no dia 21, uma segunda-feira, esticou a estada na capital. Em todos esses casos, não há informação pública sobre o que fez.

A assessoria do Ministério das Comunicações informou que Paulo Bernardo tem residência em Curitiba e é natural que viaje para lá com frequência onde, “algumas vezes, despacha assuntos do ministério e também pessoais”. Ainda segundo a assessoria, no dia 11, em Curitiba, ele acompanhou o filho a uma consulta médica. Sobre a atuação de Paulo Bernardo na campanha da mulher, a assessoria afirma que “o ministério não trata/cuida da agenda de campanha eleitoral”.
O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, cuja atribuição da Pasta é cuidar de ações de governo, também utiliza parte de seu dia para atuação política. Mercadante recebeu, em 22 de julho, o presidente nacional do PROS, Eurípedes Júnior, e, no dia seguinte, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo.

A assessoria de imprensa da Casa Civil informou que, na função que exerce, é comum Mercadante manter conversas com vários segmentos da sociedade, incluindo partidos políticos.
Em campanha pelo governo do Rio Grande do Norte, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), utilizou uma aeronave da FAB, no dia 7 de julho, para, juntamente com outras sete pessoas, ir ao Rio de Janeiro – embora a Câmara fique em Brasília e ele more em Natal. Foi um bate-e-volta. De acordo com a FAB, o avião pousou às 9h55 no aeroporto Santos Dumont, e decolou às 13h40 do Galeão, no outro extremo da cidade.

A assessoria de imprensa do presidente da Câmara informou que ele teve duas atividades no Rio: encontro político com o governador Pezão e almoço com o prefeito Eduardo Paes. A assessoria não informou quem estava com ele no voo. Como o avião saiu do Galeão às 13h40, no Galeão, o almoço com Eduardo deve ter ocorrido no máximo ao meio-dia. A assessoria informou, ainda, que Henrique foi discutir a conjuntura política com os dois peemedebistas.

Fonte: O Globo

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