MST
Trabalhadores rurais e militantes do Movimento dos Sem Terra (MST) não
estão dispostos a desocupar a Central de Comercialização da Agricultura
Familiar, em Lagoa Nova. Eles prometem resistir e dizem que só sairão
de lá quando a obra for entregue. O prédio foi inaugurado em março de
2010, ainda no governo Wilma de Faria, mas até hoje não entrou em
operação. A central deveria funcionar como um mercado para que os
produtores da agricultura familiar pudessem comercializar seus produtos,
gerando benefício para quem vive do campo.
Adriano AbreuCarcaças de computadores e peças de material de escritório comprovam abandono do prédio
O prédio ficou abandona por 4 anos, o que gerou o descontentamento dos produtores ligados ao MST, que no dia 31 de julho invadiram e ocuparam suas dependências. Desde então, permanece ocupado e nenhuma providencia emergencial foi tomada. “Nós só vamos sair quando a obra for concluída e entregue para que possamos ganhar o nosso sustento”, declarou João Batista. Junto com outros agricultores, eles montaram barracas na área externa do prédio, onde comercializam frutas e leguminosas. “Estou aqui para garantir minha sobrevivência, para lutar por esse espaço que foi construído para nós. Como não há estrutura, no momento estou vendendo macaxeira, feijão e batata. Quase tudo produzido nas minhas terras”, disse Josenildo Vicente, de Macaíba.
Antes de ser ocupado, o prédio era usado por moradores de ruas e marginais que depredaram e roubaram as poucas coisas que havia nele. Parte do teto de alumínio foi roubado, assim como tomadas, sanitários e mangueira de incêndio.
Em uma das salas pode se encontrar uma grande quantidade de carcaças de computadores, vidros que nunca foram usados e restos de móveis. Várias janelas foram fechadas com tijolos para evitar a entrada de ladrões, que segundo João Batista, vinham roubar o alumínio do teto. “Nós que fechamos as janelas com tijolos, para evitar esses roubos. Estamos tomando conta do local para evitar que ele seja destruído ainda mais. Aqui é muito perigoso, pois muitos tentam entrar pra roubar o alumínio do teto, como na quarta-feira que tivemos que enfrentar um grupo de homens que chegaram no meio da noite para roubar”, disse o agricultor.
Atualmente no local estão acampados sete pessoas, que dormem em barracas e camas improvisadas. Mas existe outros grupos que fazem revezamento para garantir a ocupação. Muitos dos ocupantes são de assentamentos do interior e precisam trabalhar em suas terras para garantir a produção.
Vera Lima é um dessas pessoas que passa a semana no local e no sábado viaja para cuidar da terra no interior. “É muito difícil, estamos aqui batalhando para garantir o nosso direito, pois essa obra é nossa é do povo. Não temos a menor assistência e sofremos com a falta de estrutura e segurança no local. Estamos tentando reerguer esse lugar e vamos lutar por ele. Tenho uma vida sofrida, perdi minhas duas filhas pela falta de assistência de saúde e pedir meu marido pela falta de segurança. Sou sozinha no mundo e estou lutando para conseguir uma vida melhor”, contou dona Vera, com lagrimas nos olhos.
Por enquanto existe no local uma placa do governo avisando sobre a construção de um reservatório elevado no local, com data de entrega para janeiro de 2015, e com valor de R$145.923,61 mil. A obra já começou, mas os ocupantes não acreditam que ela será entregue no prazo e garantem que permanecerão no local o tempo que for necessário.
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