EXCREMENTOS
As fezes, normalmente, são consideradas substâncias
sujas, e os coliformes fecais são até indicadores da sujeira de um local
ou produto. Mas os excrementos têm sido usados para o tratamento da
colite pseudomembranosa, inflamação intestinal grave que pode levar à
morte.
A doença é causada pelo excesso de bactérias do tipo
Clostridium difficile, que são difíceis de serem eliminadas. No
transplante de fezes, os excrementos de uma pessoa saudável são
colocados no intestino grosso do doente.
“A meta é reconstruir a homeostase (o equilíbrio)
microbiana do intestino e, com isso, romper o ciclo de agentes
antibióticos que alteram o microbioma”, explica a médica María Vázquez
Roque, professora assistente de gastroenterologia e hepatologia na
Clínica Mayo de Jacksonville, no Estado norte-americano da Flórida. Esse
resultado costuma ser atingido após somente um transplante. Com
antibióticos, as chances de cura da colite pseudomembranosa variam entre
40% e 50%. Já com o transplante fecal, esse número sobe para quase 90%.
Método
O processo do transplante começa com a escolha de
um doador. Normalmente, escolhem-se dois membros da família do
paciente. São selecionadas pessoas sadias, que passam por uma série de
exames – dentre eles, teste para HIV, hepatites e vermes.
“No hospital, eles evacuam em um penico. Depois, as
fezes são homogeneizadas – diluídas com soro fisiológico em um
liquidificador – e centrifugadas. A parte líquida, então, é
transplantada para o paciente”, explica o gastroenterologista Aloísio
Carvalhaes, médico do Hospital Vera Cruz, em Campinas, que já aplica a
técnica em seus pacientes.
A implantação do material no paciente, feita até
cinco horas após a coleta, pode ser feita de duas formas: por meio de
uma endoscopia, ou por uma colonoscopia. “Os doadores não têm incômodo
nenhum ao realizar o transplante. Para o paciente, há o incômodo normal
de uma endoscopia ou de uma colonoscopia. Ele ainda fica cerca de dois
dias no hospital para observarmos se não haverá nenhuma infecção e
depois vai para casa normalmente”, conta o medico. O volume de fezes
transplantado, segundo o médico, varia de acordo com o paciente, mas
pode ir de 70 ml a 300 ml.
Doença
Os principais sintomas da colite pseudomembranosa
são uma diarreia forte, que leva o doente a evacuar seis vezes por dia
ou mais, febre e dores abdominais. Normalmente, são desenvolvidas por
pessoas que precisaram tomar muitos antibióticos para tratar alguma
outra infecção.
Flash
Preços
Os convênios brasileiros ainda não reconhecem o
transplante fecal, portanto, o tratamento não é coberto. Os custos
totais de um transplante fica entre R$ 5.000 e R$ 7.000.
Serviço
Evento
O transplante fecal está sendo discutido na XIII
Semana Brasileira do Aparelho Digestivo, que vai até a próxima
quarta-feira (26) e está sendo realizada no Rio de Janeiro.
Fonte: Terra
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