A Advocacia-Geral da União (AGU) ajuizou hoje (30) uma ação
civil pública contra a mineradora Samarco e suas controladoras, a Vale e
a BHP, com pedido de indenização de pelo menos R$ 20 bilhões pelos
danos sociais, ambientais e econômicos provocados pelo rompimento da
barragem Fundão, em Mariana (MG), no dia 5 deste mês.
O
rompimento liberou mais de 50 mil toneladas de lama com rejeitos de
mineração, deixou pelo menos 13 motos, devastou o distrito de Bento
Rodrigues e atingiu o Rio Doce, chegando ao litoral do Espírito Santo.
A
medida foi anunciada na sexta-feira (27) pela ministra do Meio
Ambiente, Izabella Teixeira, após reunião no Palácio do Planalto com a
presidenta Dilma Rousseff e os governadores de Minas Gerais, Fernando
Pimentel, e do Espírito Santo, Paulo Hartung.
A
ação é assinada pelos procuradores-gerais Renato Vieira (AGU), Paulo
Kuhn (União), Rodrigo Rabello (do Espírito Santo) e pelo advogado-geral
de Minas Gerais, Onofre Batista.
A ação pede que
seja criado um fundo privado com R$ 2 bilhões e mais R$ 2 bilhões
anuais, por 10 anos. Os recursos, pagos pelas empresas, serão utilizados
na recuperação do meio ambiente e na reparação dos danos
socioeconômicos, de acordo com ações definidas pelos órgãos ambientais
federal e estaduais.
Renato Vieira disse que a
ação civil pública tem quatro objetivos. “O primeiro é estancar o dano
ambiental, fazer com que o dano que continua em expansão pare de
ocorrer. Em relação àquele dano que infelizmente não é possível evitar, a
ação pede que eles sejam minimizados. Traz ainda a determinação no
sentido de prever uma recuperação do meio ambiente danificado. E, por
fim, aquilo que não é possível de se revitalizar, que seja indenizado”,
disse.
Rodrigo Rabello explicou que a estimativa
do valor a ser gasto na recuperação da Bacia do Rio Doce e da zona
costeira será calculada ao longo da construção do plano e que se for
necessário mais recursos serão solicitados às empresas para complementar
o fundo. “O importante é criar o instrumento de recuperação”, disse.
A
ideia da ação conjunta, segundo Onofre Batista, é buscar uma
indenização integral evitando “ações de rapina”, de aproveitadores,
ações que olhem para o microuniverso, sem um plano integral, e ações
desarticuladas. “Acreditamos que é o menos oneroso também para as
empresas envolvidas”, disse, contando que foram apresentadas 86 ações
individuais sobre o desastre.
“Nós olhamos muito
as experiências de fora do país. Sabemos que as ações desarticuladas
foram responsáveis mundo afora pela ineficácia das ações”, explicou
Batista.
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