sábado, 30 de janeiro de 2016

Aumento da tarifa de ônibus ativa ‘Revolta do Busão’

"REVOLTA DO BUSÃO"
 
O recém-anunciado aumento da tarifa de ônibus do transporte público de Natal – que a partir de amanhã passará a custar R$ 2,90, depois de ter sido validado pelo prefeito Carlos Eduardo (PDT) na última quinta-feira – não foi bem recebido pelos ativistas do movimento ‘Revolta do Busão’. Por considerarem o reajuste abusivo, os líderes do grupo prometem, para as próximas semanas, realizar protestos pedindo a revogação do acréscimo de 25 centavos sobre a atual tarifa de R$ 2,65.
 
Segundo Tiago Aguiar, um dos articuladores do movimento, o grupo ‘Revolta do Busão’ está realizando plenárias abertas à comunidade para definir a data ideal para a realização dos protestos. As “reuniões” dos ativistas estão sendo feitas através do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp.
 
De acordo com Tiago, o uso da tecnologia móvel facilita a comunicação entre os membros do grupo e flexibiliza o diálogo com diversas pessoas simultaneamente. “É uma maneira de nos comunicarmos com a população, ouvir as demandas, críticas e sugestões”, justificou. Pelo menos 300 pessoas estão participando das discussões.
 
Além de pedir a revogação do aumento de R$ 0,25, o grupo também vai reivindicar melhorias com relação ao sistema urbano natalense como um todo. “Os debates vão além do simples aumento da passagem. Vamos discutir como conseguir mais melhorias para os usuários do sistema de transporte público, incluindo ciclistas e passageiros individuais em motos e carros”, disse Tiago.
 
O movimento ‘Revolta do Busão’ surgiu há cerca de quatro anos em Natal para lutar contra os seguidos aumentos de passagem do transporte público da capital potiguar. Em 2013, as ações do grupo motivaram a realização de protestos do tipo por todo o país.
 
Naquele ano, o grupo protestava contra o aumento de 10 centavos no valor da tarifa do transporte público. Um dos atos da ‘Revolta do Busão’ chegou a levar cerca de 20 mil pessoas às ruas de Natal. A pressão popular fez o poder público recuar frente o pedido de aumento proposto pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros de Natal (Seturn).
 
Apesar do sucesso obtido há dois anos, os recentes atos promovidos pelo grupo não têm conseguido angariar muitos seguidores. Um dos últimos protestos realizados aconteceu em julho do ano passado, quando o valor da tarifa cobrada nos ônibus saltou de R$ 2,35 para R$ 2,65. Menos de 500 pessoas compareceram ao ato, segundo estimativas da Polícia Militar.
 
Sobre essa falta de adesão da população aos últimos protestos, Tiago Aguiar acredita que os confrontos envolvendo alguns grupos de manifestantes e os agentes de segurança pública acabaram afastando grande parte da população dos movimentos. Na opinião de Tiago, esses grupos acabaram reagindo com a mesma violência que sentem no dia a dia.
 
 
Ainda assim, o ativista acredita que, diante de mais um aumento, a população vai se unir em torno da tentativa de redução do valor da tarifa. “A população como um todo está vendo que se não reivindicar através de manifestações a situação só piora”, avaliou Tiago.
 
Para participar das discussões sobre o aumento da passagem através do WhatsApp basta encaminhar uma mensagem com “Revolta do Busão” para o número (84) 99999-9886.
 
Protestos em SP  acabaram em violência
 
Recentemente, protestos realizados pelo Movimento Passe Livre, em São Paulo, visando também a redução do valor da passagem no transporte público acabaram em conflito com a Polícia Militar paulista. Manifestantes alegam que a PM agiu de maneira truculenta contra eles.
 
Em um dos protestos mais violentos, realizado no dia 12 desse mês, a Polícia Militar usou gás de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar centenas de pessoas que, pacificamente, protestavam próximo à Praça do Ciclista. A ação policial teria sido motivada após um impasse sobre qual seria a rota do protesto.
 
Dezenas de pessoas acabaram feridas e a ação dos PMs condenada pela sociedade civil. Segundo ativistas, a Polícia Militar teria feito um cerco contra os manifestantes, encurralando-os.
 
Natal terá a quinta tarifa mais cara do Nordeste
 
A partir deste domingo, quando entrar em vigor, a tarifa de ônibus R$ 2,90 válida para toda a Natal será a quinta mais cara de todo o Nordeste, de acordo com um levantamento feito pelo NOVO nos nove estados da região. A capital potiguar fica atrás de Recife, Salvador, Aracaju e Maceió, respectivamente. A análise também levou em conta o maior valor da tarifa para ônibus urbanos de cada cidade. Até hoje, com a tarifa de R$ 2,65, Natal estava tinha a segunda tarifa mais barata da região. A capital potiguar só ficava à frente de São Luís (MA).
 
Implantação do Sistema Unificado de Bilhetagem
 
O Juiz Geraldo Antônio da Motta, da 3ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Natal, determinou ontem (29) que a Prefeitura de Natal realize, no prazo de seis meses, a implantação do Sistema Unificado de Bilhetagem Eletrônica e do Monitoramento do Serviço Público de Transporte Coletivo de Passageiros de Natal.
 
A decisão acatou pedido do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) em Ação Civil Pública, ajuizada pela 22ª Promotoria de Justiça. Foram instaurados dois inquéritos civis para avaliar as condições de implantação do sistema de bilhetagem eletrônica única no serviço público de transporte coletivo de passageiros por ônibus e opcional.
 
Segundo os promotores responsáveis pela ação, a prefeitura não concretizou a aplicação do sistema, o que culminou com a edição de recomendação por parte do Ministério Público e com a instauração de Comissão Especial de Inquérito (CEI), no âmbito da Câmara Municipal de Natal. 
 
Em 2014, o município chegou a elaborar Termo de Referência do Edital para contratação da empresa detentora da tecnologia da bilhetagem eletrônica única, mas acabou não cumprindo os prazos estipulados. De acordo com o MPRN, a omissão municipal já se prolonga por cerca de dois anos sem a adoção de medidas concretas.
 
O NOVO tentou ouvir a Secretaria Municipal de Mobilidade (STTU), mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
 
A novela envolvendo a bilhetagem eletrônica foi iniciada em 2010. Foi quando a então prefeita Micarla de Sousa homologou a bilhetagem eletrônica nos transportes opcionais de Natal. A medida permite que os alternativos adotem um sistema de cartão eletrônico. No entanto, a medida não garantia a implantação da bilhetagem única para ônibus a alternativos. 
 
Os equipamentos instalados nos veículos não eram compatíveis eletronicamente. O usuário precisaria dispor de dois cartões de passagem, ou seja, um para cada máquina de leitura. As discussões para unificação foram motivo para diversos protestos dos trabalhadores do setor de transporte opcional – incluindo a invasão da sede Prefeitura de Natal, em outubro de 2013.
Em outubro de 2014, a STTU chegou a iniciar os estudos para implantação, mas o projeto nunca foi viabilizado.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário