O recém-anunciado aumento da tarifa de ônibus do transporte público
de Natal – que a partir de amanhã passará a custar R$ 2,90, depois de
ter sido validado pelo prefeito Carlos Eduardo (PDT) na última
quinta-feira – não foi bem recebido pelos ativistas do movimento
‘Revolta do Busão’. Por considerarem o reajuste abusivo, os líderes do
grupo prometem, para as próximas semanas, realizar protestos pedindo a
revogação do acréscimo de 25 centavos sobre a atual tarifa de R$ 2,65.
Segundo
Tiago Aguiar, um dos articuladores do movimento, o grupo ‘Revolta do
Busão’ está realizando plenárias abertas à comunidade para definir a
data ideal para a realização dos protestos. As “reuniões” dos ativistas
estão sendo feitas através do aplicativo de mensagens instantâneas
WhatsApp.
De acordo com Tiago, o uso da tecnologia
móvel facilita a comunicação entre os membros do grupo e flexibiliza o
diálogo com diversas pessoas simultaneamente. “É uma maneira de nos
comunicarmos com a população, ouvir as demandas, críticas e sugestões”,
justificou. Pelo menos 300 pessoas estão participando das discussões.
Além
de pedir a revogação do aumento de R$ 0,25, o grupo também vai
reivindicar melhorias com relação ao sistema urbano natalense como um
todo. “Os debates vão além do simples aumento da passagem. Vamos
discutir como conseguir mais melhorias para os usuários do sistema de
transporte público, incluindo ciclistas e passageiros individuais em
motos e carros”, disse Tiago.
O movimento ‘Revolta
do Busão’ surgiu há cerca de quatro anos em Natal para lutar contra os
seguidos aumentos de passagem do transporte público da capital potiguar.
Em 2013, as ações do grupo motivaram a realização de protestos do tipo
por todo o país.
Naquele ano, o grupo protestava
contra o aumento de 10 centavos no valor da tarifa do transporte
público. Um dos atos da ‘Revolta do Busão’ chegou a levar cerca de 20
mil pessoas às ruas de Natal. A pressão popular fez o poder público
recuar frente o pedido de aumento proposto pelo Sindicato das Empresas
de Transporte Urbano de Passageiros de Natal (Seturn).
Apesar
do sucesso obtido há dois anos, os recentes atos promovidos pelo grupo
não têm conseguido angariar muitos seguidores. Um dos últimos protestos
realizados aconteceu em julho do ano passado, quando o valor da tarifa
cobrada nos ônibus saltou de R$ 2,35 para R$ 2,65. Menos de 500 pessoas
compareceram ao ato, segundo estimativas da Polícia Militar.
Sobre
essa falta de adesão da população aos últimos protestos, Tiago Aguiar
acredita que os confrontos envolvendo alguns grupos de manifestantes e
os agentes de segurança pública acabaram afastando grande parte da
população dos movimentos. Na opinião de Tiago, esses grupos acabaram
reagindo com a mesma violência que sentem no dia a dia.
Ainda assim, o ativista acredita que,
diante de mais um aumento, a população vai se unir em torno da tentativa
de redução do valor da tarifa. “A população como um todo está vendo que
se não reivindicar através de manifestações a situação só piora”,
avaliou Tiago.
Para participar das discussões
sobre o aumento da passagem através do WhatsApp basta encaminhar uma
mensagem com “Revolta do Busão” para o número (84) 99999-9886.
Protestos em SP acabaram em violência
Recentemente,
protestos realizados pelo Movimento Passe Livre, em São Paulo, visando
também a redução do valor da passagem no transporte público acabaram em
conflito com a Polícia Militar paulista. Manifestantes alegam que a PM
agiu de maneira truculenta contra eles.
Em um dos
protestos mais violentos, realizado no dia 12 desse mês, a Polícia
Militar usou gás de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar
centenas de pessoas que, pacificamente, protestavam próximo à Praça do
Ciclista. A ação policial teria sido motivada após um impasse sobre qual
seria a rota do protesto.
Dezenas de pessoas
acabaram feridas e a ação dos PMs condenada pela sociedade civil.
Segundo ativistas, a Polícia Militar teria feito um cerco contra os
manifestantes, encurralando-os.
Natal terá a quinta tarifa mais cara do Nordeste
A
partir deste domingo, quando entrar em vigor, a tarifa de ônibus R$
2,90 válida para toda a Natal será a quinta mais cara de todo o
Nordeste, de acordo com um levantamento feito pelo NOVO nos nove estados
da região. A capital potiguar fica atrás de Recife, Salvador, Aracaju e
Maceió, respectivamente. A análise também levou em conta o maior valor
da tarifa para ônibus urbanos de cada cidade. Até hoje, com a tarifa de
R$ 2,65, Natal estava tinha a segunda tarifa mais barata da região. A
capital potiguar só ficava à frente de São Luís (MA).
Implantação do Sistema Unificado de Bilhetagem
O
Juiz Geraldo Antônio da Motta, da 3ª Vara da Fazenda Pública da Comarca
de Natal, determinou ontem (29) que a Prefeitura de Natal realize, no
prazo de seis meses, a implantação do Sistema Unificado de Bilhetagem
Eletrônica e do Monitoramento do Serviço Público de Transporte Coletivo
de Passageiros de Natal.
A decisão acatou pedido
do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) em Ação Civil
Pública, ajuizada pela 22ª Promotoria de Justiça. Foram instaurados dois
inquéritos civis para avaliar as condições de implantação do sistema de
bilhetagem eletrônica única no serviço público de transporte coletivo
de passageiros por ônibus e opcional.
Segundo os
promotores responsáveis pela ação, a prefeitura não concretizou a
aplicação do sistema, o que culminou com a edição de recomendação por
parte do Ministério Público e com a instauração de Comissão Especial de
Inquérito (CEI), no âmbito da Câmara Municipal de Natal.
Em
2014, o município chegou a elaborar Termo de Referência do Edital para
contratação da empresa detentora da tecnologia da bilhetagem eletrônica
única, mas acabou não cumprindo os prazos estipulados. De acordo com o
MPRN, a omissão municipal já se prolonga por cerca de dois anos sem a
adoção de medidas concretas.
O NOVO tentou ouvir a Secretaria Municipal de Mobilidade (STTU), mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
A
novela envolvendo a bilhetagem eletrônica foi iniciada em 2010. Foi
quando a então prefeita Micarla de Sousa homologou a bilhetagem
eletrônica nos transportes opcionais de Natal. A medida permite que os
alternativos adotem um sistema de cartão eletrônico. No entanto, a
medida não garantia a implantação da bilhetagem única para ônibus a
alternativos.
Os equipamentos instalados nos
veículos não eram compatíveis eletronicamente. O usuário precisaria
dispor de dois cartões de passagem, ou seja, um para cada máquina de
leitura. As discussões para unificação foram motivo para diversos
protestos dos trabalhadores do setor de transporte opcional – incluindo a
invasão da sede Prefeitura de Natal, em outubro de 2013.
Em outubro de 2014, a STTU chegou a iniciar os estudos para implantação, mas o projeto nunca foi viabilizado.
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