A Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap) ainda
não consegue determinar se a morte de uma jovem com zika, ocorrida em
abril do ano passado, aconteceu em decorrência da doença ou se outros
fatores também foram decisivos para que a vítima viesse a óbito.
A
presença do vírus no corpo da garota, que não teve a identidade
revelada pelos representantes da pasta, porém, foi confirmada e uma
investigação deve indicar os antecedentes clínicos da paciente para
precisar a causa do falecimento.
Em uma entrevista
coletiva convocada para explicar o caso, a secretaria estadual anunciou
que manterá em sigilo, pelo menos nesse primeiro momento, informações
sobre a vítima. A intenção é não prejudicar a apuração dos dados
necessários à investigação.
De acordo com a
coordenadora de promoção à saúde da Sesap, Cláudia Frederico, a família
pode sentir-se constrangida por revelar detalhes da paciente e acabar
impedindo o processo de análise do caso.
“E
também por uma questão de respeito ao luto dos familiares, que perderam
um parente há menos de um ano”, disse no encontro realizado com a
imprensa na Sala de Situação – espaço no prédio da Sesap dedicado ao
monitoramento de doenças epidêmicas, como dengue, zika e chykungunya,
além dos casos de microcefalia em bebês nascidos no RN.
Também
não foi dito o hospital em que a jovem foi acolhida ou se ela recebeu o
devido atendimento no local. Entretanto, apesar de não entrar em
maiores detalhes, a coordenadora antecipou que a vítima residia em um
município do interior potiguar, mais precisamente na região Agreste.
O
vírus do zika foi identificado após uma série de exames feitos em
amostras colhidas logo após o falecimento da garota e enviadas para o
Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará. Inicialmente, a secretaria
esperava a confirmação da morte por dengue, mas essa possibilidade
acabou descartada depois que o vírus dessa doença não foi encontrado no
corpo.
Com a negativa para dengue (erroneamente
acusada no atestado de óbito da moça como causa da morte), a Sesap pediu
ao IEC que fosse realizado o exame para detectar a presença do zika
vírus, constatado no resultado final.
O próximo
passo, a partir de agora, será determinar se a vítima tinha outras
doenças mais delicadas que podiam ter sido agravadas pela enfermidade,
transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, ou se a Zika, de fato, foi o
fator que a levou ao óbito.
Com o resultado dessa
investigação, diz Cláudia Frederico, será possível traçar novas
orientações à população sobre como lidar com a doença. “Cada achado
contribui. Nós tínhamos a ideia, no começo, de que o zika era uma doença
de sintomatologia leve, mas estamos vendo que não é tão leve assim”,
afirma.
Ainda de acordo com dados fornecidos pela
coordenadora, somente em 2015 foram 48 mortes notificadas como causadas
pela dengue. No entanto, desse total, apenas 10 foram confirmados e
outros 15 ainda aguardam o resultado dos exames feitos no Instituto
Evandro Chagas.
Nos 23 restantes, o vírus da
dengue não foi encontrado, o que aumenta a possibilidade de que novos
casos de óbitos com zika sejam constatados em breve. Não há previsão
para que sejam revelados os resultados desses exames.
Apenas
nos primeiros 26 dias deste ano, a Sesap já contabilizava 158 casos
notificados de zika em pacientes de todo o Estado. “Esse número é só o
que chega pra gente, mas deve ser bem maior. Existe dificuldade dos
municípios em darem um diagnóstico mais preciso e também no combate ao
mosquito”, aponta Cláudia Frederico.
Dengue atingiu mais de cinco pessoas
por dia na primeira quinzena do ano
Somente
na primeira quinzena do ano, oitenta pacientes já haviam procurado as
unidades de saúde da capital, apresentando sintomas de dengue. Em média,
isso significa que 5,3 pessoas ficaram doentes por dia em Natal (ainda
que sem a confirmação de ser dengue ou não).
A
informação está contida no último boletim epidemiológico da Secretaria
Municipal de Saúde (SMS), datado do dia 16 de janeiro, que mais uma vez
apontou a Zona Norte como a região com mais casos notificados da doença.
O
bairro de Nossa Senhora da Apresentação, onde há algumas semanas foi
realizado um mutirão de combate ao mosquito Aedes aegypti com presença
massiva dos agentes de endemias da cidade, continua liderando o ranking
de pessoas com dengue, assinalando 26 casos sob suspeita desde o início
deste mês.
Em seguida, aparecem os bairros de
Potengi, também na Zona Norte, e Mãe Luiza, na Zona Leste. Juntos,
porém, os dois ainda não são capazes de ultrapassar os números de Nossa
Senhora da Apresentação, uma vez que registram 10 e 12 notificações da
enfermidade, respectivamente.
Subdividida em dois
distritos pelo Centro de Controle de Zoonoses (Norte I e Norte II), a
região mais populosa de Natal registra mais da metade dos surgimentos da
doença em 2016.
De 3 de janeiro até o último dia
16 (período avaliado pelo boletim da SMS), 44 moradores da Zona Norte
alegaram febre alta, dor na cabeça e nas articulações, ardência nos
olhos e vermelhidão no corpo, sintomas clássicos da dengue, mas que
também podem se confundir com os da febre chykungunya e da zika.
As
ações de combate ao mosquito vetor continuam e está prevista para a
próxima semana (nos dias 3 e 4 de fevereiro), uma caminhada com
distribuição de material informativo para a população nos bairros de Mãe
Luiza e Potengi, Zona Leste da cidade. A intenção é angariar o maior
número de cidadãos possível no trabalho de eliminação dos criadouros do
Aedes aegypti.
Brasil tem 270 casos de microcefalia confirmados
Boletim
divulgado hoje (27) pelo Ministério da Saúde confirma que 270 crianças
nasceram com microcefalia por infecção congênita, mas não
necessariamente pelo vírus Zika. A pasta ainda investiga 3.448 casos
suspeitos de microcefalia.
Os números são
referentes a registros feitos de outubro de 2015 a 20 de janeiro deste
ano. A microcefalia pode ter como causa diversos agentes infecciosos,
além do Zika, como sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e
herpes viral.
Em dezembro, o Ministério da Saúde
chegou a confirmar 134 casos de microcefalia relacionada ao vírus Zika.
Porém, a pasta voltou atrás e agora só reconhece seis casos de bebês que
tiveram exame laboratorial positivo para Zika.
No
ano de 2014, quando o registro da malformação não era obrigatório,
foram notificados 147 casos. Em outubro de 2015, após o aumento do
número de casos, o registro passou a ser obrigatório.
Ao
todo, 4.180 casos suspeitos de microcefalia foram notificados, no
período, em 830 cidades de 24 unidades da Federação. Desses, 462 foram
descartados. Foram notificadas ainda 68 mortes por malformação congênita
após o parto (natimorto) ou durante a gestação (aborto espontâneo).
Destes, 12 foram confirmados para a relação com infecção congênita,
todos na Região Nordeste, sendo dez no Rio Grande do Norte, um no Ceará e
um no Piauí. Continuam em investigação 51 mortes e outras cinco já
foram descartadas.
A Região Nordeste concentra 86%
dos casos notificados, sendo que Pernambuco continua com o maior número
de casos que permanecem em investigação (1.125), seguido dos estados da
Paraíba (497), Bahia (471), Ceará (218), Sergipe (172), Alagoas (158),
Rio Grande do Norte (133), Rio de Janeiro (122) e Maranhão (119).
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