quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Bairro de Emaús registra aumento no número de assaltos

PARNAMIRIM/RN
 
A população do bairro de Emaús, em Parnamirim, Região Metropolitana de Natal, reclama da falta de segurança na localidade. De acordo com os moradores, os assaltos são diários e ninguém se sente bem para sair na rua nem à luz do dia.
 
“A gente vê uma moto e já fica com medo”, disse um morador da comunidade, que não quis se identificar. Isso porque a maior parte dos crimes é praticada por homens em motocicletas, que se valem dos capacetes, obrigatórios para guiar os veículos, para esconder a identidade.
 
// Delegacia de Polícia da região informou ao NOVO que apenas em janeiro foram registrados 77 ocorrências de roubos na região
 
A delegacia que atende ao bairro de Emaús, 1ª DP de Parnamirim, informou que neste primeiro mês de 2016, até o dia 2 de fevereiro, foram registrados 77 roubos na região sob jurisdição da distrital.
 
De acordo com os dados da DP, foram três arrastões e 27 furtos a residências no mesmo período. Os indicadores específicos de Emaús não puderam ser precisados pelos agentes da DP, em virtude da falta de efetivo para dar contas do trabalho do registro de Boletins de Ocorrência BOs), investigar os crimes e analisar as estatísticas.
 
// Cidadãos estão investindo mais em segurança privada
 
Os números também não incluem os casos subnotificados, quando os crimes deixam de ser registrados pelas vítimas na delegacia.
 
Fato é que quem mora no bairro diz temer sair de casa por conta da onda de violência. O NOVO esteve lá ontem (2) e conversou com vários moradores.
 
A empresária Carmen Virginia de Araújo, de 57 anos de idade, foi a única que concedeu entrevista permitindo ser identificada. “Se a gente quer uma delegacia tem que ir até o Centro de Parnamirim. Muita gente não vai porque é longe”, diz.
 
// Dona Carmen (à direita) relata que a filha foi assaltada no intervalo de tempo em que abriu o portão para ir deixar o lixo na calçada de casa
 
Há 1 ano e meio a empresária  tem um restaurante em Emaús, e há 18 anos vive no bairro. “Nunca passamos por uma situação dessas”, reclama. A empresária conta que, na segunda-feira da semana passada, dia 25 de janeiro, ocorreu uma série de assaltos que teve entre as vítimas a sua filha. “Vi na câmera de segurança que eram 8h43 da manhã quando o homem abordou o pessoal. Ele estava em uma moto”, relata.
 
O primeiro crime aconteceu na Rua Luiz Jerônimo Bezerra. Um homem, que preferiu ter a identidade preservada, estava sentado na frente de um ponto comercial e assistiu à ação.
 
“Ele chegou numa moto e abordou uma mulher com a filha, pedindo os celulares delas. Elas jogaram na direção da moto e ele recusou um dos aparelhos, dizendo que era uma porcaria. Depois virou para mim e eu disse que não tinha celular. Sorte que tinha deixado em casa”, conta o morador.
 
A rua é bastante movimentada e o trecho em que aconteceu o crime tem algumas lojas instaladas, mas todas estavam fechadas no momento do assalto.
 
Em seguida, o mesmo suspeito partiu na motocicleta para uma rua perpendicular, a Rua Padre João Maria. Por lá assaltou mais gente, inclusive a filha de Dona Carmen. A moça fechava o portão depois de colocar o lixo na calçada quando chegou o assaltante. “Ela foi abordada quando já estava entrando em casa”, complementa.
 
Num ponto de ônibus próximo dali, na Rua São Caetano, mais moradores foram assaltados. “Levou o celular de todo mundo que estava esperando o coletivo”, afirma Dona Carmen.
 
O homem, que não foi identificado pelas pessoas da comunidade, fugiu e não foi mais visto. Dona Carmen diz que entrou em contato com o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), mas a polícia não deu pronto retorno. “Estamos esperando a viatura até agora”, ironizou a empresária.
 
Violência chega às residências
 
Três dias mais tarde dos arrastões em série registrados no bairro, mais um crime deixou a comunidade de Emaús com medo. “Assaltaram a casa do professor e levaram tudo”, adiantou Dona Carmen Virginia.
 
Foi no mesmo quarteirão dos roubos a transeuntes. Criminosos armados invadiram a residência do professor universitário Francisco Ivan e o renderam dentro do imóvel, segundo informaram os vizinhos. Em seguida o bando iniciou o arrastão na residência.
 
A reportagem tentou falar com o professor, entretanto ele não estava em casa e não havia  ninguém que soubesse informar o seu número de telefone.
 
Quando o carro da reportagem do NOVO chegou às ruas do bairro, muita gente se aproximou para fazer reclamações, todos sem se identificar por temerem represálias dos assaltantes. “Não diga nem meu nome, mas Emaús está um caso sério. Antigamente não era assim”, afirmou uma senhora que trabalha em um mercadinho na região.
 
Dona Carmen, a única que se identificou, lembra que, anos atrás, havia menos infraestrutura de pavimentação e menos casas construídas no bairro, porém a violência também estava distante de Emaús. “Nós ficávamos conversando nas calçadas até tarde da noite e não tinha problema algum”, conta.
 
O restaurante do qual ela é proprietária está sempre de portas trancadas e é vigiado por câmeras, assim como a casa onde mora, que fica no terreno ao lado. “Quando chega um cliente, a gente só abre depois que ele se identifica. Não tem hora do dia para acontecer, agora mesmo nós corremos perigo aqui do lado de fora”, alardeou.
 
Um dos funcionários dela, o cozinheiro do estabelecimento, que mora em Morro Branco, em Natal, precisa sair acompanhado de um vigilante quando larga do trabalho depois das 20h. “Não dá para ele ir para a parada de ônibus sozinho”, reforça.
 
Segurança paga
 
A vigilância privada, inclusive, é uma prática comum, de acordo com Dona Carmen.  “Nós só vemos viaturas aqui em casos muito graves, como assassinatos, então precisamos recorrer a essas empresas”. Os vigias trabalham das 21h às 6h, todos os dias. “Mas, como eu disse, não tem hora certa para o assalto”. Em quase todas as ruas há imóveis com placas de “vende-se” e “aluga-se”, junto a telefones para contato. “Quem vai querer morar aqui, como essa violência que está?”, questiona Dona Carmen. Um casal de vizinhos da empresária contou que sempre que chegam na residência onde moram, telefonam para quem estiver em casa abrir o portão, antes mesmo de chegar, na tentativa de evitar o roubo. “Mas não tem jeito; eles abordam de todo jeito”. 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário