quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Economia na folha pode chegar a R$ 800 milhões, diz Robinson

ECONOMIA
Redução de R$ 20 milhões no gasto com folha de pessoal e a implantação de um sistema de meritocracia para a Polícia Militar foram alguns dos principais anúncios do governador Robinson de Faria, ontem (2), durante discurso de abertura do ano na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Apesar de elencar perda de receitas e apresentar perspectiva de piora da crise econômica que atinge o estado e os municípios, o governador afirmou que ainda está otimista e espera um 2016 mais fácil que o ano anterior. “Não tenho medo dessas dificuldades. Vou governar. Estarei preparado”, disse após o encerramento da solenidade.
 
O discurso agradou deputados da base aliada, que salientaram a preocupação do governador com a segurança – um dos principais temas em debate no estado. Opositores, entretanto, consideraram que apesar da boa intenção, faltaram ações mais eficazes para reduzir a máquina pública e aumentar a eficiência do governo. 
 
“Em 2016, vai começar a vigorar o resultado da auditoria da folha de pagamento, o censo dos servidores, que ficará pronto em março, e o reajuste tributário (que vai garantir R$ 220 milhões até o fim do ano). Mesmo com a crise, vamos atravessar o ano”, apontou o governador. 
 
Foram justamente as medidas tomadas no primeiro ano de gestão, afirmou o governador, que farão com que o estado possa atravessar 2016. De acordo com ele, a queda de R$ 20 milhões na folha de pagamento do Estado, constatada pela Controladoria Geral do Estado no último quadrimestre do ano passado, poderá ser ainda maior neste ano - resultado de uma auditoria contratada.
 
 “Com esse e outros esforços e adequações, alcançamos uma queda no comprometimento da despesa de pessoal com a Receita Corrente Líquida do Estado, de 53,11% para 51,57%”, apontou durante o discurso, que teve mais de uma hora de duração. De acordo com o chefe do Executivo, a redução da folha poderá ser chegar a R$ 800 milhões, quando seu processo de revisão for concluído.
 
Além de apresentar resultados de 2015 nas áreas de turismo, saúde e educação, o governador também apresentou proposta de lei, entregue à ALRN, para criação de transporte gratuito destinado à parte da população de cidades da Região Metropolitanas e áreas vizinhas. Vinte ônibus, divididos em oito linhas, circularão das 7h às 17h, conforme a proposta, para atender idosos, doentes crônicos, deficientes físicos e pessoas de baixa renda com destino a hospitais, outras instituições de saúde e centrais do cidadão, em Natal.
 
Robinson Faria ainda afirmou que vai enviar ao Legislativo projeto que vai garantir vantagem por meritocracia aos policiais que fizerem grandes apreensões de drogas ou armas. Ao coronel Dancleiton Pereira, novo comandante da Polícia Militar, o governador cobrou “tolerância zero” para o crime. Na área da segurança, ainda, garantiu reforma de sete presídios. 
 
O governador defendeu a integração entre todos os poderes constitucionais com objetivo de resolver a situação do Rio Grande do Norte. “Não registro um único gesto desta Casa, durante esse primeiro ano de Governo, que tenha embaraçado ou dificultado as ações do Executivo. “Os senhores parlamentares têm colocado os interesses da população e o bem comum da sociedade acima das questões partidárias na aprovação dos projetos”, disse. 
 
ALRN moderna
 
O governador recebeu aplausos no plenário e nas galerias da Assembleia. Do lado de fora, entretanto, um grupo com cerca de 50 manifestantes gritaram palavras de ordem contra a gestão. Representantes de sindicatos da saúde, da previdência e da administração direta e indireta reclamavam da mudança na data do pagamento dos salários e diziam que eram contra as parcerias público-privadas defendidas pelo governador. Eles foram impedidos pela segurança de entrar na Casa.  
 
A manifestação começou logo que o presidente da Assembleia, Ezequiel Ferreira de Souza (PMDB), começou a passar em vista as tropas da Polícia Militar, em frente ao Palácio José Augusto, sede do Legislativo, na Cidade Alta. 
 
Após as formalidades, ao NOVO, o presidente comentou que a Assembleia é um local democrático e que, apesar das diversidades de opinião e bandeiras partidárias, todos esperam que o estado vença as dificuldades. Como novidade para o ano legislativo, o deputado apontou o novo sistema eletrônico de votação, que, segundo sua opinião, vai agilizar as sessões e aumentar a transparência. 
 
Falando ainda em transparência, o presidente também comentou a respeito do portal da transparência do legislativo, que será lançado com novo formato, mais fácil de ser utilizado.  
 
“Estamos dando continuidade a um planejamento estratégico que traçamos ainda no início do ano passado. Conseguimos executar mais de 60% em um. Em 2015, a Assembleia bateu todos os recordes, no número de requerimentos, de projetos de lei, de audiência pública, de projetos aprovados nas comissões. Pela primeira vez, na ALRN, todos os projetos que foram à votação passaram pelo menos na CCJ. Só nessa comissão passaram mais de 300 projetos”, salientou.
 
Ainda de acordo com ele, o Legislativo fez um trabalho de economicidade, que gerou corte de R$ 10 milhões e diminuição de 20% nos valores dos contratos que já existiam.
 
Legislativo e Judiciário defendem união contra a crise
 
A crise econômica preocupa todos os poderes constitucionais do Rio Grande do Norte. O presidente da ALRN, Ezequiel Ferreira lembrou que o país teve uma inflação de 11%, além de um corte no Orçamento Geral da União, de mais de R$ 70 bilhões, com um reflexo nos estados e municípios. “E nós temos, evidentemente, o estado arrecadando menos”, salientou. 
 
“A Assembleia Legislativa vai estar junta, porque apesar de termos aqui cores partidárias diferentes, deputados de ideologias diferentes, na hora que o assunto é o bem do estado, todos se unem”, garantiu em seguida. 
 
Já o presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN), Cláudio Santos, comentou que o estado precisa diminuir os gastos com a própria estrutura para poder atender áreas essenciais. 
 
Ele salientou que a parceria entre os poderes deve visar também este aspecto.  “No meu entendimento particular, a crise só pode ser enfrentada a partir de uma proposta de reformulação da estrutura do poder pública do estado, que hoje consome bastante recurso público de forma a não atender as áreas essenciais. Precisamos corrigir essas distorções que existem hoje na estrutura do poder público brasileiro”, apontou. 

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