Upanema, Afonso Bezerra, Campo Grande, Natal. Todas essas cidades
já foram alvo em 2016 de explosões ou arrombamentos de terminais
bancários. Os indicados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa
Social (Sesed) apontam que neste ano foram 17 ocorrências desse tipo no
Rio Grande do Norte. A média é de mais de oito por mês.
A
história é sempre a mesma: um grupo de homens armados com munição
pesada chega ao município de madrugada, invade as agências de bancos,
explode os caixas eletrônicos, recolhe o dinheiro e foge em carros
potentes.
Essa prática é comum no estado há alguns
anos, tendo registros de ocorrências frequentes também nas unidades
federativas vizinhas, como a Paraíba.
No caso mais recente
registrado por aqui, que aconteceu em Campo Grande, região Oeste, na
terça-feira da semana passada, os criminosos deixaram a agência do Banco
do Brasil completamente destruída.
Segundo
informou a Polícia Militar, cinco homens participaram da ação. Eles
estavam armados e, depois de explodirem o terminal bancário, ainda
efetuaram disparos para o alto pelas ruas da cidade.
Também
houve tiroteio na explosão registrada em Upanema, no dia 4 de fevereiro
passado. Desta vez, a invasão da agência foi filmada por uma câmera que
havia sido colocada em um porte na calçada do estabelecimento quando
ele foi reaberto, em dezembro do ano passado.
Isso
porque o Banco do Brasil de Upanema já havia sido alvo das quadrilhas
de arrombadores em fevereiro de 2015, e ficou meses fechada para que
fosse feita a recuperação do prédio.
Na explosão
de caixa que aconteceu neste ano de 2016, os seis assaltantes que
participaram do crime saíram atirando a esmo pela cidade. Segundo a
própria polícia, eles sabiam que somente dois PMs faziam a segurança do
município no plantão daquele dia.
O problema não é uma realidade recente. Em
2014, por exemplo, somente o Bradesco de Upanema foi invadido e teve o
terminal explodido em duas oportunidades.
Além do
susto do barulho da explosão e das notícias que correm pelas ruas das
cidades que sofrem com essa prática criminosa, a população ainda sofre
com a falta de terminal bancário para realizar transações. Após cada um
desses episódios, os municípios ficam muito tempo sem unidades dos
bancos atingidos, até que sejam concluídas as reformas para recuperar a
estrutura das agências.
As investigações de todos
os inquéritos abertos para apurar a ação dessas quadrilhas ficam a cargo
da Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado
(Deicor) da Polícia Civil.
Em outubro do ano
passado, inclusive, a Divisão realizou uma operação, denominada
“Explosion”, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa
especializada nos arrombamentos e explosões de caixas eletrônicos.
Sete
homens foram presos na incursão policial, que também resultou em
apreensões de armas e dinheiro. No entanto, mesmo com a atuação da
polícia, os registros das ocorrências não pararam em 2016.
Operação apreendeu R$ 56 mil
A
delegada Sheila Freiras comandou a operação da Deicor para o combate às
quadrilhas arrombadoras de banco ocorrida no final do ano passado. Após
oito meses de investigações foram cumpridos mandados de prisão e busca e
apreensão nas cidades de Natal e Parnamirim, expedidos pela 1ª Vara
Criminal da Zona Sul de Natal, que resultaram na prisão de sete pessoas.
De acordo com a delegada a organização era complexa, com hierarquia bem
definida, e agia preferencialmente no estado do Rio Grande do Norte,
contando também com articulação em outros estados da região Nordeste.
Foram presos: Odelson da Silva Lira, 24
anos, considerado o líder do grupo; Diego Felipe Silva de Albuquerque,
26; Emerson Faustino Barreto, 25, conhecido como “Mercinho”; Erivan
Araújo Lima, 49, natural da Paraíba; Jonilson Dias Gomes, 28; Gilvan da
Costa Silva, 52; e Bruno da Silva Oliveira, 28, natural de São Paulo,
responsável pelo fornecimento de drogas, armamento e munição a
organização.
Além das prisões, os policiais
apreenderam a quantia de mais de R$ 56 mil, oito armas, sendo quatro
revolveres calibre 38, uma pistola calibre 380, e três espingardas
calibre 12, cinco bananas de dinamite prontas para uso, dois rádios
transmissores, cinco celulares, cinco coletes, dos quais um possuía
identificação da Polícia Militar e outro com identificação da Polícia
Rodoviária Federal, três tabletes de maconha, além de quatro carros e
uma moto.
O trabalho investigativo da Deicor
identificou que o grupo realizava além das explosões de caixas
eletrônicos e arrombamentos utilizando maçaricos, a limpeza de cédulas
manchadas retiradas dos caixas e que era através da comercialização de
drogas, armamentos e munições que a organização “mascarava” os lucros
provenientes dos arrombamentos.
Em 2015 foram 83 casos
De
acordo com o levantamento realizado pela Coordenadoria de Informações
Estatísticas e Análises Criminais (Coine) da Secretaria de Segurança
Pública e Defesa Social, no ano passado houve 83 investidas contra
terminais eletrônicos no Rio Grande do Norte, numa média de quase sete
crimes desta natureza por mês.
Ainda segundo os
dados da Coordenadoria, 59 desses casos foram concretizados, com os
criminosos escapando com o dinheiro roubado dos caixas, e em 24 das
vezes o registro foi de tentativa.
O mês em que
mais se registrou essas ocorrências, ainda segundo os indicadores da
Coine, foi o de novembro, mês seguinte ao da operação da Polícia Civil.
Foram 11 entre tentativas e concretizações. Em outubro foram 10.
Junho
foi o mês em que menos houve explosões e arrombamentos aos terminais,
quando três casos chegaram ao conhecimento da polícia.
Em
2016, foram seis tentados e 11 registros consumados. Se for feito um
comparativo com 2015, em janeiro ocorreu um registro a mais neste ano
que no mesmo período do ano passado, quando nove casos foram
contabilizados. Em fevereiro o número se manteve em oito ocorrências.
por: Rafael Barbosa/NOVO
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