segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Em média, oito caixas são explodidos por mês no RN

SEGURANÇA
 
Upanema, Afonso Bezerra, Campo Grande, Natal. Todas essas cidades já foram alvo em 2016 de explosões ou arrombamentos de terminais bancários. Os indicados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) apontam que neste ano foram 17 ocorrências desse tipo no Rio Grande do Norte. A média é de mais de oito por mês.
 
A história é sempre a mesma: um grupo de homens armados com munição pesada chega ao município de madrugada, invade as agências de bancos, explode os caixas eletrônicos, recolhe o dinheiro e foge em carros potentes.
 
// Prática tem sido comum nos últimos anos no Rio Grande do Norte e no sertão da Paraíba
 
Essa prática é comum no estado há alguns anos, tendo registros de ocorrências frequentes também nas unidades federativas vizinhas, como a Paraíba.
No caso mais recente registrado por aqui, que aconteceu em Campo Grande, região Oeste, na terça-feira da semana passada, os criminosos deixaram a agência do Banco do Brasil completamente destruída.
 
Segundo informou a Polícia Militar, cinco homens participaram da ação. Eles estavam armados e, depois de explodirem o terminal bancário, ainda efetuaram disparos para o alto pelas ruas da cidade.
 
Também houve tiroteio na explosão registrada em Upanema, no dia 4 de fevereiro passado. Desta vez, a invasão da agência foi filmada por uma câmera que havia sido colocada em um porte na calçada do estabelecimento quando ele foi reaberto, em dezembro do ano passado.
 
Isso porque o Banco do Brasil de Upanema já havia sido alvo das quadrilhas de arrombadores em fevereiro de 2015, e ficou meses fechada para que fosse feita a recuperação do prédio.
 
Na explosão de caixa que aconteceu neste ano de 2016, os seis assaltantes que participaram do crime saíram atirando a esmo pela cidade. Segundo a própria polícia, eles sabiam que somente dois PMs faziam a segurança do município no plantão daquele dia.
 
// Comerciantes vítimas desse crime geralmente evitam repor equipamentos em seus estabelecimentos
 
O problema não é uma realidade recente. Em 2014, por exemplo, somente o Bradesco de Upanema foi invadido e teve o terminal explodido em duas oportunidades.
 
Além do susto do barulho da explosão e das notícias que correm pelas ruas das cidades que sofrem com essa prática criminosa, a população ainda sofre com a falta de terminal bancário para realizar transações. Após cada um desses episódios, os municípios ficam muito tempo sem unidades dos bancos atingidos, até que sejam concluídas as reformas para recuperar a estrutura das agências.
 
As investigações de todos os inquéritos abertos para apurar a ação dessas quadrilhas ficam a cargo da Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor) da Polícia Civil.
 
Em outubro do ano passado, inclusive, a Divisão realizou uma operação, denominada “Explosion”, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada nos arrombamentos e explosões de caixas eletrônicos.
 
Sete homens foram presos na incursão policial, que também resultou em apreensões de armas e dinheiro. No entanto, mesmo com a atuação da polícia, os registros das ocorrências não pararam em 2016.
 
Operação apreendeu R$ 56 mil
 
A delegada Sheila Freiras comandou a operação da Deicor para o combate às quadrilhas arrombadoras de banco ocorrida no final do ano passado. Após oito meses de investigações foram cumpridos mandados de prisão e busca e apreensão nas cidades de Natal e Parnamirim, expedidos pela 1ª Vara Criminal da Zona Sul de Natal, que resultaram na prisão de sete pessoas. De acordo com a delegada a organização era complexa, com hierarquia bem definida, e agia preferencialmente no estado do Rio Grande do Norte, contando também com articulação em outros estados da região Nordeste.
 
// Polícia conseguiu prender quadrilha especializada no fim de 2015
 
Foram presos: Odelson da Silva Lira, 24 anos, considerado o líder do grupo; Diego Felipe Silva de Albuquerque, 26; Emerson Faustino Barreto, 25, conhecido como “Mercinho”; Erivan Araújo Lima, 49, natural da Paraíba; Jonilson Dias Gomes, 28; Gilvan da Costa Silva, 52; e Bruno da Silva Oliveira, 28, natural de São Paulo, responsável pelo fornecimento de drogas, armamento e munição a organização.
 
Além das prisões, os policiais apreenderam a quantia de mais de R$ 56 mil, oito armas, sendo quatro revolveres calibre 38, uma pistola calibre 380, e três espingardas calibre 12, cinco bananas de dinamite prontas para uso, dois rádios transmissores, cinco celulares, cinco coletes, dos quais um possuía identificação da Polícia Militar e outro com identificação da Polícia Rodoviária Federal, três tabletes de maconha, além de quatro carros e uma moto.
 
O trabalho investigativo da Deicor identificou que o grupo realizava além das explosões de caixas eletrônicos e arrombamentos utilizando maçaricos, a limpeza de cédulas manchadas retiradas dos caixas e que era através da comercialização de drogas, armamentos e munições que a organização “mascarava” os lucros provenientes dos arrombamentos.
 
Em 2015 foram 83 casos
 
De acordo com o levantamento realizado pela Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais (Coine) da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, no ano passado houve 83 investidas contra terminais eletrônicos no Rio Grande do Norte, numa média de quase sete crimes desta natureza por mês.
 
Ainda segundo os dados da Coordenadoria, 59 desses casos foram concretizados, com os criminosos escapando com o dinheiro roubado dos caixas, e em 24 das vezes o registro foi de tentativa.
 
O mês em que mais se registrou essas ocorrências, ainda segundo os indicadores da Coine, foi o de novembro, mês seguinte ao da operação da Polícia Civil. Foram 11 entre tentativas e concretizações. Em outubro foram 10.
 
Junho foi o mês em que menos houve explosões e arrombamentos aos terminais, quando três casos chegaram ao conhecimento da polícia.
 
Em 2016, foram seis tentados e 11 registros consumados. Se for feito um comparativo com 2015, em janeiro ocorreu um registro a mais neste ano que no mesmo período do ano passado, quando nove casos foram contabilizados. Em fevereiro o número se manteve em oito ocorrências.
 

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