segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Rafael Motta quer ser pré-candidato a prefeito de Natal

ELEIÇÕES 2016
O deputado federal Rafael Motta já fala como pré-candidato a prefeito de Natal. Apesar de afirmar que a validação de seu nome ainda depende das bases do Partido Socialista Brasileiro (PSB), o recém-empossado presidente da legenda no Rio Grande do Norte diz que a orientação nacional é ter candidatura nas capitais, especialmente no Nordeste, e que seu nome está à disposição para disputar a majoritária na capital potiguar. “Não tenho medo de desafio, mas isso tem que ser feito com muito pé no chão”, afirma. 
 
Filiado no final do ano passado a convite da executiva nacional da sigla, o parlamentar de 29 anos recebeu a liderança estadual há quase três semanas, a contragosto da vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria, e seu grupo político. Ela perdeu o comando de mais de 20 anos do PSB no RN. Ex-governadora do estado, ela anunciou a saída do partido e partiu para o ataque, declarando-se alvo de um complô dos novos donos da legenda. 
 
Rafael Motta Deputado federal (PSB-RN)
 
Apesar disso, Motta nega que o ingresso no quadro socialista tenha sido condicionado à sua nomeação como presidente. Afirma que a saída da ex-governadora foi precipitada, e ainda declara que não espera uma debandada do partido. Ele conta com o apoio do deputado estadual Tomba Farias, que assumiu a vice-presidência do PSB; do seu pai, deputado estadual Ricardo Motta, que vai deixar o Pros dentro da atual janela de troca de partido (informação confirmada por ambos); do presidente da Câmara Municipal de Natal, Franklin Capistrano; e das ex-deputadas federal e estadual Sandra e Larissa Rosado, de Mossoró. 
 
Motta também refutou as informações que circulavam entre seus próprios partidários de que seu nome havia sido imposto pela executiva nacional. “O que se buscou foi um perfil de fora, uma pessoa que pudesse agregar, que tivesse um perfil mais diplomático e pudesse realmente gerenciar a legenda aqui no estado.  O PSB sempre foi um partido muito grande e estava numa descendente”, defende.
 
Apesar de pleitear uma candidatura própria, o partido terá que lutar para conseguir receber participação do Fundo Partidário. Sem a aprovação das contas da gestão de Wilma, o PSB deverá passar um ano sem receber esse recurso. Como o financiamento privado de campanha agora é proibido, essa é um das principais fontes de dinheiro para as campanhas de 2016. O setor jurídico do partido busca uma solução para o problema. Questionado se faria uma auditoria nas contas, Motta confirmou apenas que já constatou atraso no pagamento de funcionários do partido e que agora busca arrumar a casa. O objetivo, por enquanto, é atualizar a situação dos diretórios municipais.
 
Prefeito
 
Apesar de evitar falar na quebra de apoio do partido à gestão do prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), Rafael Motta já dispara criticas à administração de Alves e diz que “o natalense pode mais”. Pautas polêmicas compõem os debates da Câmara Federal neste início de 2016. Entre os temas, estão as investigações que envolvem o nome do presidente do Congresso, Eduardo Cunha, e o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Rafael Motta nega que o partido já tenha fechado uma posição quanto a este último assunto e diz que correntes internas tem posições diferentes quando o assunto é o impedimento de Dilma.
 
Rafael Motta Deputado federal (PSB-RN)
 
“Algumas (correntes) acham que o impeachment deve partir das ruas para dentro do Congresso e outras correntes já afirmam que deve ser apreciada a admissibilidade da investigação, assim como eu tenho defendido internamente. Sou favorável que se investigue e que se dê esse fato para que se esclareça à sociedade”, argumenta.
 
Motta também defende a saída de Eduardo Cunha da presidência da Casa para que as investigações possam ser concluídas. Ele afirma que Cunha executa manobras para se manter o cargo, o que causa constrangimento. “Os partidos têm encaminhado as votações muitas vezes em obstrução, justamente pelo fato de o presidente continuar à frente do Legislativo e a gente acha que não é uma forma legítima ele estar à frente da presidência com tantas situações que precisam ser explicadas. Acho que a melhor maneira de manter os trabalhos de forma harmônica é que o presidente se afaste da presidência e possa fazer a sua defesa num foro mais apropriado para isso”. 
 
Presidente do PSB no RN, o deputado Rafael Motta, nesta entrevista, fala da possibilidade de se candidatar a prefeito de Natal e das rusgas com a vice-prefeita da capital, Wilma de Faria. Motta acha que a cidade sofre uma maquiagem nas mãos do prefeito Carlos Eduardo a quem atrubui  “prioridade” administrativa,  o carnaval. Abaixo, a entrevista. 
 
Rafael Motta
Deputado federal (PSB-RN) 
 
O senhor considera que foi uma chegada tumultuada ao PSB? 
Se houve algum tipo de tumulto, não foi gerado por mim. Acho que é importante mostrar o que aconteceu realmente. Eu pertencia a um partido – o Pros – onde eu já havia criticado a forma de gerenciamento, pela centralização das decisões na presidência do partido. O presidente tomava as decisões, em especial em relação ao Fundo Partidário, que é um dinheiro proveniente dos cofres públicos, e que era muito mal gerenciado. Houve a compra,  primeiro de um avião com o Fundo Partidário; houve a compra de uma produtora de televisão; houve a compra de uma gráfica e de uma casa no lago Paranoá, na zona mais nobre de Brasília, onde seria a sede do partido. E a gota d’água foi a compra de um helicóptero. Eu critiquei publicamente essa compra, por não concordar, e o partido achou por bem me expulsar. Naquele momento eu estava sem partido e tinha uma amizade muito grande com os deputados federais e os senadores do PSB. Tinha já o contato com o presidente da sigla e tive um contato com Eduardo Campos (ex-presidente nacional do partido e morto em acidente aeronáutico em 2014 na campanha eleitoral para a presidência da República), quando ele veio a Santa Cruz. E eu achei por bem, pela minha questão ideológica e pelo meu comportamento na Câmara, muito parecido com as indicações de voto do PSB, me filiar ao partido. O presidente pediu que eu me filiasse durante um evento que já tinha sido marcado há meses em Brasília, com a executiva nacional, então foi uma oportunidade de estar me apresentando a quadros do PSB e fazer essa filiação testemunhada por quadros históricos do partido.
 
Como ficou a questão local?
O presidente pediu que eu agisse com discrição aqui no estado, porque no momento oportuno haveria de se conversar com as lideranças locais. Mas nem por isso me furtei do dever de comunicar aos meus colegas vereadores que eu estaria me filiando, vindo para somar ao partido, e de comunicar aos deputados estaduais e de buscar também contato com a presidente do diretório estadual, a ex-governadora Wilma (de Faria, atual vice-prefeita da capital). Só que não obtive êxito em ter esse contato. Estive em São Paulo e busquei uma visita a ela no hospital, mas não consegui falar com ela, nem Márcia Maia e suas outras filhas. Também percebi que seria invasivo naquele momento. Esperei para ter uma conversa no momento oportuno. 
 
Rafael Motta Deputado federal (PSB-RN)
 
Alguns vereadores disseram que o próprio presidente nacional afirmou que sua filiação era condicionada à presidência estadual. O senhor confirma isso?
Nunca condicionei nenhum tipo de atitude em relação a troca de favor partidário ou de troca de cargo político. Por exemplo, eu era da base da presidente Dilma e nunca tive indicação de nenhum cargo federal. Não é do nosso perfil agir de forma intransigente, exigindo uma coisa em troca de outra. Me filiei porque eu tenho uma ideologia partidária muito afim do PSB.
 
Como o senhor recebeu as críticas de Wilma e de outros integrantes do partido?
Natural. Quando existe algum tipo de mudança, quando as pessoas estão em algum lugar e existe uma mudança, mesmo que seja para melhor é normal que critiquem. Mas já existia há muito tempo, a intenção de mudança do diretório estadual. 
 
Uma intenção de Brasília?
Intenção de Brasília e uma intenção local, pelo que me constou. Não pertencia aos quadros, mas o que me constava é que muitas lideranças locais haviam reclamado já da forma como era gerenciado o partido aqui no Rio Grande do Norte. O que se buscou foi um perfil de fora, uma pessoa que pudesse agregar, que tivesse um perfil mais diplomático e pudesse realmente gerenciar a legenda aqui no estado. O PSB sempre foi um partido muito grande e estava numa descendente. Agora, volta a ter um deputado federal e mantém deputados estaduais na Assembleia Legislativa.  Quando entrei no PSB não condicionei minha ida como presidente, pelo contrário. A forma como Wilma saiu foi precipitada. Tava sendo construído um diálogo. Tanto que quando ela fez o chamamento do presidente, ele esteve aqui disponível para conversar. Conversou com todas as lideranças locais, com todos os deputados estaduais, conosco, com os vereadores, para que pudéssemos convergir para um nome para gerenciar o partido. Foi nos dada essa missão e estamos buscando aglutinar cada vez mais pessoas ao PSB. 
 
Alguns vereadores e outras lideranças afirmam que também deixarão o partido. O senhor não teme um esvaziamento?
 
O que eu vejo hoje é a intenção de sair da ex-governadora Wilma de Faria, que na minha opinião agiu precipitadamente, porque estava sendo construído um diálogo com o diretório nacional;  da sua filha Márcia Maia, deputada estadual, e algumas lideranças que votam nas duas. O que é natural. Mas eu não vejo esvaziamento da sigla. Pelo contrário, nós iremos agregar cada vez mais lideranças que são ligadas a nós. O deputado Tomba (Farias) tem muitos vereadores e prefeitos que são ligados a ele e ele já demonstrou interesse em ficar. Nós temos uma conversa com as ex-deputadas federal e estadual Sandra e Larissa Rosado, então eu vejo que o partido tem cada vez mais atratividade.
 
Quais são as perspectivas para 2016? O senhor é candidato?
O PSB tem demonstrado interesse em lançar diversos candidatos em diversas cidades estratégicas do Brasil, em especial nas capitais... E é isso que estamos buscando aqui em Natal. Natal é uma cidade que enfrenta muitas dificuldades. Temos uma cidade que é abençoada por Deus, mas infelizmente tem sido mal administrada. A gente vê que a administração atual tem como única bandeira o carnaval. Uma administração que tem como único e exclusivo projeto político, como grande obra pública, um carnaval, é porque tem alguma inversão de prioridades. Nós temos sentido isso. O próprio prefeito admite que tem feito uma grande maquiagem na cidade. O natalense pode muito mais, tem que ter consciência do seu voto e vai ter uma grande gama de opções de candidatos em 2016.
 
O senhor vai ser uma dessas opções?
O partido tem questionado isso a nós, mas uma candidatura não pode ser feita de si próprio. Tem que convergir das ruas para um nome. Isso a gente tem buscado, a gente tem visto que as pessoas têm muita aceitação ao nosso nome. Onde a gente circula vê que as pessoas estão alimentando esse sentimento, há muitas lideranças políticas também. O presidente da Câmara Municipal, o vereador Franklin Capistrano tem lembrado o nosso nome, o que me deixa feliz. O deputado José Dias, também, que é político hoje com maior credibilidade no estado vem alimentado isso. Não tenho medo de desafio, mas tem que ser feito com muito pé no chão, tem que se ter um projeto político. Campanha não pode ser exclusivamente no sentimento e no amor. Campanha tem que ser na base da técnica, com propostas que convençam o eleitor.
 

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