Natal deve estar, até o fim deste ano, com aproximadamente 90%
da rede coletora de esgoto instalada em toda a cidade. Essa é a
expectativa do Governo do Estado, que promete entregar as obras de
saneamento básico concluídas e funcionando antes de janeiro de 2018.
Até
o momento, quase 240 km de tubulações já foram implantadas em vários
pontos da capital potiguar e outros 500 km serão acrescidos até o
próximo mês de dezembro, totalizando quase 800 km de tubos subterrâneos
prontos para serem interligados às residências. Ao fim, serão em torno
de 900 km distribuídos entre todas as regiões da cidade.
No entanto, a instalação da rede coletora
simboliza apenas a primeira etapa das obras de saneamento. De acordo com
o progresso em determinadas áreas da capital, é que será possível
avançar mais no projeto, que prevê ainda a construção de Estações de
Tratamento de Esgoto (ETEs) e Estações Elevatórias – que bombeiam a água
e retrai parte dos resíduos sólidos, funcionando como uma espécie de
filtro.
Por esse motivo ainda não é possível fazer
a conexão entre a rede doméstica e a rede de coleta que vem sendo
implantada desde o início do ano passado em Natal, mesmo com a tubulação
pronta para receber os dejetos das casas.
Porém,
de acordo com o engenheiro da Companhia de Água e Esgotos do Rio Grande
do Norte, Paulo Eduardo, a segunda etapa do projeto deve começar mesmo
sem a finalização da primeira. A previsão é que a construção de estações
elevatórias e estações de tratamento de esgoto se iniciem ainda neste
primeiro semestre.
“Esperamos começar a parte das
estações elevatórias, que são estações de bombeamento onde o esgoto
escoa com a força da gravidade, agora no primeiro semestre. Além disso,
concomitantemente com a rede coletora, pretendemos fazer também as
estações de tratamento”, destaca o engenheiro, que também é coordenador
do Grupo Técnico de
Acompanhamento de Obras Especiais da Caern.
Ele também informa que até o último dia 12
de fevereiro a instalação da rede estava com 26% de conclusão.
Semanalmente, uma equipe responsável pelo projeto se reúne para avaliar o
andamento das obras que, segundo Paulo, está ainda no início, mas já
representam um grande progresso.
O investimento
final das obras tocadas pelo Governo do Estado é de R$ 504 milhões. A
intenção é deixar, até o fim de 2017, Natal 100% saneada. Atualmente,
estima-se que apenas 40% da cidade conte com esse tipo de serviço.
“Depende de quem faz a conta. Uns falam 37%, outros 43%, mas fica nessa
média dos 40%”, explica o coordenador, acrescentando que, de todas as
regiões administrativas da capital, somente a Zona Leste possuí uma rede
de esgoto satisfatória.
“A Zona Leste é a mais
contemplada, onde o saneamento básico é praticamente universalizado. Já a
Zona Norte é a que tem os piores índices, contando hoje só com uma
porção no bairro de Igapó e que, mesmo assim, necessita de recuperação”,
afirma.
Ainda de acordo com o engenheiro da
Caern, uma estação de captação de esgoto chegou a ser construída pela
prefeitura no bairro de Nossa Senhora da Apresentação, também na Zona
Norte. No entanto, ela nunca chegou a entrar em funcionamento, o que
comprometeu as tubulações e as áreas de tratamento.
“Muitos canos estão obstruídos e as
estações com bastante mato e lixo – em algumas tem até gente morando
dentro”, lamenta o coordenador. Ele afirma que a companhia deve proceder
um estudo para determinar se é possível recuperar a estrutura. Por essa
razão, as obras no bairro ainda não foram iniciadas.
“Ao
final das obras, esperamos que todos os bairros, todos os conjuntos,
estejam com seus esgotos sendo coletados e enviados para a estação de
tratamento que vai ser construída na região do Alto da Torre, para
depois serem lançados no Rio Potengi, sem prejuízo para a natureza”,
aponta Paulo Eduardo.
Ligações clandestinas provocam problemas para a Caern
O
mau hábito de realizar ligações clandestinas tem provocado problemas
que vão desde o despejo de dejetos no mar, poluindo e deixando áreas
impróprias para o banho, e água servida que corre a céu aberto nas
ruas.
A Caern esclarece que os consumidores não
devem fazer a ligação em redes que ainda não estão em operação. Além
disso, a empresa informa que onde não existe sistema de esgotamento, a
população deve dar uma destinação adequada, com sistemas de fossa
séptica.
Hoje, mesmo em áreas já saneadas existem
problemas de ligações clandestinas. No bairro de Mãe Luiza, por exemplo,
alguns moradores lançam o esgoto na rede de drenagem incorrendo em um
crime ambiental. Nesse exemplo específico, há a contaminação da praia. A
fiscalização desta situação é realizada Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Urbanismo (Semurb).
Nesse período
chuvoso, acontece também a situação inversa, que é a ligação de água de
chuva na rede de esgoto. O sistema de esgotamento não é dimensionamento
para receber a ligação pluvial, assim, o lançamento de água de chuva
provoca uma sobrecarga, podendo ocasionar vazamentos.
Obras simultâneas em vários pontos da cidade
A
instalação da rede coletora de esgoto acontece simultaneamente em
vários pontos de Natal. Atualmente, os bairros e conjuntos que estão
passando por obras são Lagoa Nova (no cruzamento da Avenida Jaguarari
com a Avenida Bernardo Vieira), conjunto Potengi, Pajuçara e Parque dos
Coqueiros.
O coordenador do Grupo Técnico de
Acompanhamento de Obras Especiais da Caern, Paulo Eduardo, cita ainda
duas outras regiões da capital que tiveram as obras momentaneamente
suspensas, mas que devem ser retomadas em breve: Planalto e Pitimbu.
Apesar
do incômodo como o excesso de poeira e o barulho provocado pelas
escavadeiras, muitos moradores reconhecem o esforço do Governo do Estado
e aceitam a obra de saneamento básico como um desconforto necessário.
Para
o churrasqueiro Alberi Figueiredo, que estava preocupado com uma
possível queda na clientela do restaurante em que trabalha, em Lagoa
Nova, o saneamento básico é uma intervenção importante para a cidade e o
desconforto das obras é passageiro.
“É uma obra
que precisa ser feita. A gente ainda não sabe qual vai ser o impacto
aqui com os clientes, mas acredito que deva ser rápido e eles também nos
avisaram antes que iam fazer”, disse.
O
engenheiro da Caern ressalta a importância prática de uma obra dessa
natureza, como, por exemplo, a diminuição de esgotos a céu aberto e,
consequentemente, a melhor qualidade de vida para a população.
“Saneamento básico é, antes de tudo, uma questão de saúde. Cada vez que
se investe em coleta está se investindo diretamente em saúde, diminuindo
a possibilidade de incidências de doenças”, destaca Paulo.
números
NÚMEROS DO SANEAMENTO EM NATAL:
R$ 504 MILHÕES
Esse é o total que o Governo do Estado irá investir até o fim das obras de saneamento básico em Natal.
26%
Da rede coletora de esgoto prevista no projeto foi instalada até a semana passada.
90%
Da rede de coleta estima-se estar concluída até o fim do ano.
240 km
De tubulação foram implantados desde o início de 2015.
900 km
De tubos subterrâneos serão implantados em Natal até o fim das obras.
40%
Aproximadamente da cidade possuí rede de esgoto atualmente; maior parte encontra-se na Zona Leste.
100%
Dos bairros e conjuntos de Natal devem contar com saneamento básico até dezembro de 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário