sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Operação dá golpe no Sindicato do Crime no RN

OPERAÇÃO
O Ministério Público realizou ontem uma operação para combater a atuação do Sindicato do RN, facção criminal que age dentro e fora das penitenciárias do Estado. A organização foi alvo de matéria do NOVO publicada no dia 24 de janeiro passado, em que contou como os apenados se articulavam para manter a facção atuante do lado de fora dos muros dos presídios.
 
De acordo com o MP, foram expedidos 39 mandados de prisão e 20 mandados de busca e apreensão pelos Juízes de Direito das Varas Criminais das Comarcas de Apodi, Caicó e São Gonçalo do Amarante.
 
Dos trinta e nove mandados, 27 dizem respeito a investigados já presos e que de dentro dos presídios atuam emitindo ordens para a prática dos mais diversos ilícitos em várias Comarcas do Estado.
 
O Ministério Público garante que líderes e braços operacionais dessa facção foram identificados e são investigados por crimes de organização criminosa, homicídios, roubos, tráfico ilícito de entorpecentes, dentre outros.
 
A investigação tem origem a partir de informes coletados nas Operações Alcatraz e Citronela, deflagradas respectivamente em dezembro de 2014 e setembro de 2015, observando-se que as atividades do “Sindicato do RN” avançaram ao longo do ano de 2015, mesmo com isolamento de alguns de seus líderes no sistema penitenciário federal, ocorrendo uma sucessão de lideranças.
 
O MP destacou os mandados de prisões das seguintes lideranças: Francisco das Chagas Rosa da Silva, conhecido como “Chaguinha”, um dos fundadores e membro da Linha Final; Jamerson César da Silva, conhecido como “Passarinho” ou “Voador”, membro da Linha Final; Gilmar da Cruz Silva, conhecido como “Curau”, membro do Conselho.
 
Teve a prisão decretada também Evan Ferreira Machado, conhecido como “Gordo Evan”, atacadista do tráfico de drogas; Wiliam Ferreira da Cunha, conhecido como “Oião” ou “Brahma”, membro do Conselho; Bruno Pierre Araujo Falcão da Silva, conhecido como “Pierre” ou “Wolverine”, membro do Conselho.
 
A Justiça também expediu mandado para Tarcísio Oliveira da Silva, conhecido como “Macaco” ou “Gorila”, membro do Conselho; João Maria Silva de Oliveira, também conhecido por “Seba”, “Cego” ou “Pirata“, membro do Conselho; Estevam Sales da Silva, o “My Friend”, membro do Conselho; Gabriel Matheus Costa Torres, vulgo “Lacoste” ou “Jacaré”, membro do Conselho; Gabriel Morais, conhecido como “Pesadão”, liderança em Caicó.
 
A lista de mandados também inclui Orlando Vasco dos Santos, membro do Conselho; Neemias de Lima Figueiredo, conhecido como “Miau”, membro do Conselho; e Severino dos Ramos Feliciano Simão, conhecido como “Tirinete”, membro do Conselho.
 
No entanto, nem todos foram encontrados. Ontem, cinco pessoas foram presas em flagrantes por crimes de tráfico ilícito de entorpecentes e porte ilegal de arma de fogo.
 
A Justiça determinou ainda o bloqueio de 79 contas bancárias usadas pela facção, pertencentes a titulares que estão sendo investigados quanto à colaboração com a organização criminosa.
 
Sindicato nasceu do PCC
 
Do estudo das peças investigativas que abordam o histórico do “Sindicato do RN”, ou “Sindicato do Crime” ou ainda “SDC” observa-se que a sua fundação se deu no dia 27 de março de 2003 por dissidência de detentos que tiveram participação nas atividades do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Rio Grande do Norte, os quais compreenderam a sistemática de funcionamento da organização e romperam com por discordarem do grande rigor das regras do estatuto do grupo.
 
Segundo o MP, os apenados discordavam da forma de tratamento com inadimplentes com a contribuição mensal e do valor desta mensalidade, além da insatisfação com a obrigação de prestar contas a detentos de outros estados brasileiros.
 
A organização paulista acabou compartilhando a expertise de métodos de atuação criminosa, capacitando os presos potiguares quanto ao funcionamento desse tipo de organização, para assim atuarem de forma mais eficiente.
 
O MP afirma que esses homens ganharam autonomia e buscaram formar uma organização autônoma, inicialmente rudimentar, mas que, subestimada pelo Estado, foi progressivamente se aperfeiçoando, tendo como metas o controle do interior dos presídios e de territórios fora deles para o tráfico, o que denominam “quebradas”.
 
A relação dessa história com a Operação Citronela, segundo o MP, se dá em razão de histórico de “sangrenta” disputa pelo monopólio do comércio do tráfico de drogas na região da Ponte de Igapó. 
 
As apurações dão conta de que ocorreu uma competição entre o grupo do traficante Joel Rodrigues da Silva, que detinha o domínio da comunidade do “Mosquito” com traficantes que atuavam na comunidade Beira Rio, zona norte de Natal, e na “Baixa da Coruja”, no Jardim Lola, em São Gonçalo do Amarante. 
 
A partir disto, se observou a necessidade de investigar também esses outros traficantes.
 
De acordo com o Ministério Público, quando Joel Rodrigues, o Joel do Mosquito, conseguiu avançar e se impor na comunidade Beira Rio houve uma reação dos primos Diego da Silva Alves, conhecido como Diego Branco, e Francisco das Chagas Rosa da Silva, conhecido como Chaguinha, que detinham e, segundo o MP, ainda detêm o monopólio do tráfico na “Baixa da Coruja”. O grupo buscava defender desse território e outros em São Gonçalo do Amarante, sendo ambos fundadores do “Sindicato do RN”.
 
Caso Anxo
 
Também ontem, foi preso em São Gonçalo do Amarante o investigado William Carlos Souza de Oliveira, conhecido como “Lobo”, que, segundo as investigações, é apontado como autor de diversos assassinatos a serviço da facção. Dentre essas mortes, ainda de acordo com o MP, está a do espanhol Anxo Anton Valiño Gonzalez, assassinado no dia 6 de agosto de 2015. A justificativa para o homicídio por ter se estabelecido no Jardim Lola, em razão da mera suspeita de que o estrangeiro estaria articulando traficar na localidade.
 
Guerra nos presídios
 
O MP afirma que foi constatado ainda que os membros do “Sindicato do RN” buscaram incessantemente desestabilizar o interior das grandes unidades prisionais para conseguir o fim das denominadas “trancas”, ou seja, da prisão em unidade separada dos demais detentos no interior dos pavilhões. Paulatinamente, os membros da organização aproveitaram-se do vácuo causado pela ação ineficiente do Estado, segundo o MP, e foram ocupando espaços, promovendo o domínio das ações do portão do pavilhão para dentro, consumando o fim das “trancas” com reiteradas depredações das unidades, sobretudo entre os meses de março a agosto de 2015, arrancando as grades e impedindo o acesso regular dos agentes penitenciários.
 
No dia 21 de janeiro de 2016 fugiram da Penitenciária de Alcaçuz duas das principais lideranças da facção, que seguem foragidos e passaram a atuar fortemente em crimes de roubo. São eles Gilmar da Cruz Silva, conhecido como “Curau”, que tem atuação no Agreste do Estado e Francisco das Chagas Rosa da Silva, o “Chaguinha”, que comanda o tráfico de drogas nas comunidades Jardim Lola e Padre João Maria.  

por:NOVO

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