A saga do garotinho Gabriel, que há mais de um ano luta por um transplante de rim,
tem novo capítulo após a viagem dele à cidade de Fortaleza. Na capital
cearense, descobriu que não vai poder receber o órgão do doador que
havia conseguido, por conta uma incompatibilidade identificada em exames
realizados no Ceará.
No entanto, Gabriel, de 6
anos de idade, vai seguir com o tratamento em Fortaleza, que tem
hospitais de referência em casos como o dele, e foi incluído em uma
lista de espera para doação de rim pediátrico. O menino é o quinto da
fila.
O professor de jiu-jítsu Cláudio Dragão,
amigo da família que se dispôs a doar órgão a Gabriel, falou ontem com o
NOVO, quando voltava para Natal junto com o garoto e a família. Eles
chegaram ao Ceará na segunda-feira passada, mesmo dia em que tiveram o
contato com a equipe médica que realizaria o procedimento.
Segundo
Dragão, os médicos lhes informaram que o transplante seria um
procedimento de risco em virtude do tamanho do doador em relação ao
receptor. A criança não conseguiria aderir ao rim. A equipe médica
informou à família e a Dragão que, após o procedimento, era provável que
Gabriel não conseguisse irrigar com sangue o órgão, por conta do
tamanho. Isso poderia gerar um atrofiamento do rim e provocar,
inclusive, uma trombose no garoto.
“A médica disse
que não valia a pena correr esse risco, visto que ele não corre risco
de vida”, disse Dragão, reconhecendo que, apesar disso, alguns problemas
que surgem em decorrência da insuficiência renal já aparecem no menino.
Os pés de Gabriel começaram a atrofiar, o cabelo a cair e ele também
tem dificuldade na fala.
No entanto, ainda de
acordo com Cláudio Dragão, o menino foi incluído na fila de espera por
transplante de rins pediátricos e há tratamentos que podem minimizar os
efeitos da doença até que seja realizada a cirurgia. Todo esse
acompanhamento a Gabriel, incluindo as medicações, quando necessárias,
serão feitos em Fortaleza.
Dragão explicou que não
será necessário que a família se mude para o Ceará, entretanto Gabriel
vai precisar ir algumas vezes para lá até que consiga o transplante.
“Mas a assistente social daqui (Fortaleza) disse que o difícil era vir a
primeira vez. A partir de agora, quando precisar, ela entra em contato
com a assistente daí (Natal) e eles viabilizam tudo”, acrescentou.
Gabriel,
a mãe Gleise Silva e Cláudio Dragão foram abrigados na Casa de Apoio
Amigo de Jesus. De acordo com o doador, todas as refeições, translado e
tudo que foi necessário à estadia foi providenciado para a família. “É
um trabalho muito bonito que essas freiras fazem aqui para receber
pessoas de todo o país”.
De acordo com a
assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde Pública (Sesap),
Gabriel foi incluído como paciente do setor Tratamento Fora de Domicílio
(TDF) da pasta. O Estado providenciou passagens aéreas e ajuda de custo
para o paciente, a acompanhante e para o doador.
O
menino chegou ontem a Natal. Ainda não há data para o retorno à capital
cearense, no entanto a expectativa da equipe que assumiu os cuidados a
Gabriel é de que ele consiga o transplante em três ou seis meses.
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