BRASIL, POLÍTICA
O governo descongelou 7,516 bilhões de reais do Orçamento de 2017,
após elevar as receitas esperadas com concessões, precatórios e
arrecadação, mostrou o relatório de receitas e despesas do 5º bimestre
divulgado nesta sexta-feira. Desse total, 593,45 milhões de reais serão
usados para emendas parlamentares, em meio ao esforço do presidente Michel Temer
para reorganizar sua base no Congresso Nacional e destravar a votação
de importantes pautas para as contas públicas, incluindo a reforma da
Previdência.
“Não cabe ao governo liberar emendas, cabe ao governo cumprir (a lei)”, afirmou a jornalistas o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira,
acrescentando que a legislação manda que a liberação de verbas
descontingenciadas seja proporcional para todas as despesas previstas.
No documento, os ministérios da Fazenda e do Planejamento
elevaram a receita primária total em 7,252 bilhões de reais no ano, a
1,380 trilhão de reais. Descontadas as transferências devidas a Estados e
municípios, a receita líquida da União foi elevada em 4,977 bilhões de
reais, a 1,150 trilhão de reais.
A principal contribuição nesse sentido veio dos 4,764 bilhões de
reais a mais na receita administrada calculada para o ano por conta da
revisão na inflação e do Produto Interno Bruto (PIB) nominal.
Também pesaram a favor o acréscimo de 2,620 bilhões de reais na
receita com concessões após valores que superaram estimativas em leilões
de hidrelétricas e de petróleo, e de outros 2,711 bilhões de reais a
mais com devolução de precatórios, incorporados depois de informações
fornecidas pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal. “Não há
nenhuma outra expectativa de receitas extraordinárias para 2017”,
afirmou o ministro.
Por outro lado, o governo diminuiu em 1,270 bilhão de reais a receita
esperada com o Refis, programa de regularização tributária, após Temer
ter sancionado versão aprovada no Congresso Nacional com condições mais
benevolentes para os contribuintes. Agora, são previstos 7,5 bilhões de
reais com o programa no ano, contra 8,8 bilhões de reais anteriormente.
As despesas primárias totais, por sua vez, foram reduzidas em 2,539
bilhões de reais, a 1,301 trilhão de reais em 2017. Os principais
destaques ficaram com o menor valor estimado para gastos com seguro
desemprego e abono salarial (-2,118 bilhões de reais) e com subsídios,
subvenções e Proagro (-1,554 bilhão de reais).
O governo manteve a projeção de avanço do Produto Interno Bruto (PIB)
de 0,5 por cento em 2017, mas diminuiu sua conta para a alta do IPCA a
3,2 por cento, sobre 3,5 por cento no relatório anterior, divulgado em
setembro. Com o movimento, o contingenciamento total no ano caiu a cerca
de 24,6 bilhões de reais, sobre 32,1 bilhões de reais, montante visto
pelo governo como necessário para garantir o cumprimento da meta de
déficit primário de 159 bilhões de reais para o governo central
(Tesouro, Banco Central e Previdência).
A liberação de recursos será detalhada nas próximas semanas, destacou
Oliveira, afirmando que serão priorizadas as necessidades de
funcionamento dos órgãos e o pagamento de obras em andamento,
principalmente dentro do programa Avançar, lançado mais cedo neste mês
pelo governo com a previsão de investimentos de 131 bilhões de reais em
infraestrutura até 2018.
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