ROTINA
19h23 O deputado federal Celso Jacob (PMDB-RJ) termina mais um expediente na Câmara (Cristiano Mariz/VEJA)
No deserto do Congresso em pleno feriadão, a
presença do deputado Celso Jacob, do PMDB do Rio de Janeiro, chamava
atenção — mas não era um exemplo de diligência. Em junho, o parlamentar
foi condenado a sete anos e dois meses de prisão em regime semiaberto, o
que significa que ele pode trabalhar durante o dia, mas tem de dormir
na cadeia. Na Papuda, a penitenciária de Brasília, Celso Jacob, de 60
anos, é o detento número 125540. À noite, fica numa cela de 12 metros
quadrados, na ala destinada a vulneráveis. De segunda a sexta, exceto
nos feriados, Jacob acorda antes de o sol nascer, veste-se e, sem tomar
café, dirige-se às 7 horas em ponto ao estacionamento do presídio, onde
uma Santana Quantum 1995 o espera.
O carro pertence a uma funcionária do gabinete do deputado,
cujo salário é de 2 300 reais. Os 20 quilômetros que separam a Papuda do
Congresso são percorridos em 35 minutos (o veículo tem uma multa por
excesso de velocidade no trajeto). Ao chegar à Câmara, o deputado começa
sua transformação de presidiário em parlamentar. Depois de ir ao
gabinete, sua primeira atividade é tomar um banho quente (na prisão, a
água é gelada) e trocar de roupa (o uniforme da Papuda é calça e
camiseta branca). O desjejum vem na sequência. Numa semana normal, ele
tem uma agenda de reuniões. Em semana de feriadão, não havia nada para
fazer, e o dia do parlamentar se resumiu a ir ao caixa eletrônico, à
barbearia, ao restaurante — e a falar ao celular, tudo dentro do prédio
do Congresso, de onde só pode sair com autorização judicial. Por isso, o
deputado não desgruda do aparelho (na prisão é proibido usá-lo).
( Por
Marcela Mattos/Veja.Abril.com.br)
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