Um terreiro de umbanda que existe há dois anos na zona rural de São
Gonçalo do Amarante, na Grande Natal, tem sido alvo constante de
intolerância religiosa, segundo a chefe do local . "Primeiro eles nos
agrediram verbalmente, depois começaram a jogar coco, pau e pedra",
disse Maria Cristina Coelho, de 48 anos, comandante chefe de terreiro
(CCT) da comunidade Tupã Óca Caboclo Arranca Toco e Maria Baiana.
A umbandista revela que ela e sua família sempre foram alvo de
intolerância religiosa verbal por parte de alguns moradores da região em
que moram, mas que o nível das agressões foram aumentando com o passar
do tempo. "Começamos a receber ameaças por mensagens no celular, depois
começaram a jogar coisas em nosso terreiro", afirma.
O dia com maior agressão ocorreu durante uma cerimônia denominada
"gira", em agosto passado. Cristina contou que o terreiro estava cheio
quando os objetos começaram a ser lançados. Telhas do teto foram
quebradas, mas, segundo ela, ninguém ficou ferido. Porém, na cerimônia
seguinte ao atentado, apenas dois membros marcaram presença. "As pessoas
começaram a temer outras agressões e saíram", disse ela.
Após o ocorrido, foi feito um boletim de ocorrência e no dia 25 de
outubro foi realizada uma reunião junto à secretária da Segurança
Pública e da Defesa Social do RN, Sheila Freitas. Na ocasião, a
secretária se comprometeu a acompanhar pessoalmente os casos de
intolerância religiosa e cobrar apuração.
Além disso, na reunião, foi debatida a implementação do Programa
Estadual de Combate ao Racismo Institucional (PECRI), criado por
intermédio do Decreto Estadual nº 27.199, de 07 de agosto de 2017.
Caminhada pela tolerância
No domingo, dia 29 de outubro, membros do terreiro Tupã Óca Caboclo
Arranca Toco e Maria Baiana e de outros centros de umbanda do RN
realizaram em Guanduba, uma caminhada em favor da tolerância religiosa.
"Nossa religião prega a paz, caridade e amor", finaliza Cristina.
(Por Lucas Cortez, G1 RN)
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