Rio - O presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Jorge Picciani, e os também deputados estaduais Paulo Melo e Edson Albertassi chegaram ontem no início da noite à Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica. A prisão preventiva dos três integrantes da cúpula do PMDB fluminense foi decretada pela Justiça, mas poderá ser suspensa hoje em votação na Alerj, que tem a atribuição de aprovar ou não a prisão dos parlamentares.
Paulo Melo chega à sede da PF
Investigados na operação Cadeia Velha, que apura
favorecimento a empresas de ônibus por parlamentares fluminenses, os
três foram para a mesma unidade prisional onde estão outros presos da
Lava-Jato, entre eles Sérgio Cabral, que completa um ano de cadeia hoje.
Segundo as investigações da Polícia Federal, os três teriam recebido,
em sete anos, R$ 135 milhões em propinas de empresários do setor, sendo
parte paga a pedido de Cabral.
A detenção do trio ocorreu
após decisão de cinco desembargadores do Tribunal Regional Federal da
2ª Região, que determinaram por unanimidade a prisão imediata dos
deputados por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização
criminosa. A Alerj convocou sessão extraordinária hoje, às 15h, para
decidir se autoriza a manutenção deles na cadeia.
Picciani, Melo e Albertassi foram transferidos para prisão em Benfica
Para o deputado da oposição Eliomar Coelho (PSOL), a
maioria da Casa é aliada dos três presos, o que indica uma tendência
para a decisão de soltura dos peemedebistas. Segundo Eliomar, a pressão
popular poderá fazer diferença. "Esperamos que essa pressão dê
resultado, os deputados percebam que precisam atender à população, e as
prisões sejam mantidas", afirmou.
Albertassi se entregou por volta de 17h50
Após a decisão da Justiça, os três deputados se
entregaram para a Polícia Federal. Picciani se apresentou no fim da
tarde. Desnorteado, demorou a encontrar a escada interna. Melo chegou
acompanhado por policiais federais e sem o seu tradicional bigode.
Albertassi foi o último a ser preso. Juntos, foram encaminhados para
exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal e, em seguida, ao
presídio.
Antes da sessão decisiva, marcada para às 15h, a Comissão de Constituição e Justiça se reunirá, às 13h, para definir o parecer que norteará a votação em plenário. Segundo o presidente interino da Casa, André Ceciliano (PT), além das prisões, a comissão vai decidir se cabe ao parlamento opinar sobre o afastamento dos três deputados. Às 14h30, haverá reunião do Colégio de Líderes.
"Vamos usar a prerrogativa do artigo 267", explicou Ceciliano. Ele se refere ao artigo do Regimento Interno que estabelece que, em caso de prisão em flagrante de parlamentares, os deputados resolvem sobre a prisão. Serão necessários 36 votos (maioria da Casa) para livrar os acusados. O vice-presidente da Alerj, Wagner Montes (PRB), voltou de viagem para presidir a sessão.
O deputado estadual Rafael Picciani (PMDB) acredita na
soltura de seu pai. "Tenho essa confiança, até pelos episódios
anteriores em que essa Casa deliberou temas semelhantes", disse, citando
como exemplo o caso do ex-deputado Álvaro Lins.
Em
nota, a defesa do deputado Albertassi disse que ele está "certo de que
vai provar sua inocência, e aguarda com tranquilidade a decisão do
plenário da Assembleia Legislativa". A defesa de Picciani informou que
seu cliente é inocente.
Em nota, Paulo Melo declarou que
"uma simples análise no meu trabalho como parlamentar, bastará para
provar que sempre votei contra a pauta dos empresários do transportes no
Rio e defendi os interesses dos passageiros".
Nenhum comentário:
Postar um comentário