Ricardo Motta deputado — Foto: João Gilberto/ALRN
O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) denunciou o deputado
estadual Ricardo Motta (PSB), que encerra mandato nesta quinta-feira
(31), pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato.
Ao todo, foram oferecidas quatro denúncias contra o deputado, todas
como desdobramentos da operação Candeeiro, deflagrada em setembro de
2015.
As denúncias, que são assinadas pelo procurador-geral de Justiça (PGJ),
Eudo Rodrigues Leite, e ainda estão sob segredo de justiça, acontecem
no último dia de mandato do parlamentar. Ricardo Motta não conseguiu se
reeleger em 2018 e a posse dos novos parlamentares acontecem nesta
sexta-feira (1º).
Procurada pelo G1,
a defesa do deputado informou que não vai se pronunciar. "Por
desconhecer o conteúdo das denúncias, considerando que a própria notícia
traz a informação de que as ações estão em segredo de justiça,
igualmente não sabendo em que contexto houve citação de nomes, a defesa
se limita a afirmar que não irá se pronunciar sobre o mérito neste
momento", informou o advogado Thiago Cortez.
Segundo o MP, as denúncias são embasadas por acordos de colaboração
premiada homologados e um acordo de leniência. Além disso, as denúncias
seriam reforçadas por provas compartilhadas pelo Supremo Tribunal
Federal (STF), em decisão de outubro do ano passado. O MP também pediu o
sequestro de bens de Ricardo Motta para ressarcir os cofres públicos.
Uma das denúncias oferecidas é reforçada por um acordo de leniência,
que se configura quando uma empresa investigada admite ter participado
de um esquema fraudulento e se compromete a auxiliar na investigação.
Esse é o primeiro acordo do tipo na história do MP no estado.
Nesse acordo, a empresa se comprometeu a pagar, em decorrência das
infrações cometidas, o valor de R$ 800 mil ao Idema a título de
reparação de danos e multa prevista na Lei de Improbidade
Administrativa, além de relatar e comprovar como eram cometidos os
crimes.
Um funcionário da empresa que servia como elo no esquema também firmou
acordo de colaboração premiada, comprometendo-se a devolver R$ 150 mil
ao Idema. Somados, os dois acordos proporcionaram a devolução de R$ 950
mil à autarquia estadual.
Em 2016, Gutson Reinaldo foi condenado a 17 anos, um mês e 75 dias de
prisão e a restituir aos cofres do Idema. Após a condenação, ele firmou
acordo de delação premiada com o MP e o Ministério Público Federal
(MPF), onde relatou como os crimes eram cometidos dentro do Idema.
Na delação, Gutson afirma que o principal beneficiário dos desvios de
recursos foi o deputado estadual Ricardo Motta, que, por exercer o
controle político da autarquia, indicou pessoas para ocupar cargos na
entidade e compor a organização criminosa.
Operação Candeeiro
Deflagrada em 2 de setembro de 2015, a operação Candeeiro buscou
descortinar esquema milionário no âmbito do Idema, através do qual uma
"refinada associação criminosa instalada na sua Unidade Instrumental de
Finanças e Contabilidade", segundo o MP, utilizava ofícios autorizadores
de pagamento como forma de desviar recursos.
Ao todo, participam da operação 26 promotores de Justiça e cerca de 100
policiais nas cidades de Natal, Parnamirim, Santana do Matos e Mossoró,
para cumprimento de cinco mandados de prisão temporária, 10 mandados de
condução coercitiva e 27 mandados de busca e apreensão, expedidos pela
6ª vara Criminal de Natal.
(Por G1 RN)
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