sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Deputado Ricardo Motta é denunciado por lavagem de dinheiro e corrupção no Idema, no RN. Denúncias do MP são desdobramento da Operação Candeeiro, deflagrada em 2015. Elas acontecem no último dia de mandato do parlamentar, que não conseguiu se reeleger em 2018.

OIPERAÇÃO CANDEEIRO
 Ricardo Motta deputado  — Foto: João Gilberto/ALRN
 Ricardo Motta deputado — Foto: João Gilberto/ALRN 

O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) denunciou o deputado estadual Ricardo Motta (PSB), que encerra mandato nesta quinta-feira (31), pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato. Ao todo, foram oferecidas quatro denúncias contra o deputado, todas como desdobramentos da operação Candeeiro, deflagrada em setembro de 2015. 

As denúncias, que são assinadas pelo procurador-geral de Justiça (PGJ), Eudo Rodrigues Leite, e ainda estão sob segredo de justiça, acontecem no último dia de mandato do parlamentar. Ricardo Motta não conseguiu se reeleger em 2018 e a posse dos novos parlamentares acontecem nesta sexta-feira (1º). 

Procurada pelo G1, a defesa do deputado informou que não vai se pronunciar. "Por desconhecer o conteúdo das denúncias, considerando que a própria notícia traz a informação de que as ações estão em segredo de justiça, igualmente não sabendo em que contexto houve citação de nomes, a defesa se limita a afirmar que não irá se pronunciar sobre o mérito neste momento", informou o advogado Thiago Cortez. 

Segundo o MP, as denúncias são embasadas por acordos de colaboração premiada homologados e um acordo de leniência. Além disso, as denúncias seriam reforçadas por provas compartilhadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão de outubro do ano passado. O MP também pediu o sequestro de bens de Ricardo Motta para ressarcir os cofres públicos. 

Uma das denúncias oferecidas é reforçada por um acordo de leniência, que se configura quando uma empresa investigada admite ter participado de um esquema fraudulento e se compromete a auxiliar na investigação. Esse é o primeiro acordo do tipo na história do MP no estado. 

Nesse acordo, a empresa se comprometeu a pagar, em decorrência das infrações cometidas, o valor de R$ 800 mil ao Idema a título de reparação de danos e multa prevista na Lei de Improbidade Administrativa, além de relatar e comprovar como eram cometidos os crimes. 

Um funcionário da empresa que servia como elo no esquema também firmou acordo de colaboração premiada, comprometendo-se a devolver R$ 150 mil ao Idema. Somados, os dois acordos proporcionaram a devolução de R$ 950 mil à autarquia estadual. 

Em 2016, Gutson Reinaldo foi condenado a 17 anos, um mês e 75 dias de prisão e a restituir aos cofres do Idema. Após a condenação, ele firmou acordo de delação premiada com o MP e o Ministério Público Federal (MPF), onde relatou como os crimes eram cometidos dentro do Idema. 

Na delação, Gutson afirma que o principal beneficiário dos desvios de recursos foi o deputado estadual Ricardo Motta, que, por exercer o controle político da autarquia, indicou pessoas para ocupar cargos na entidade e compor a organização criminosa.

Operação Candeeiro

Deflagrada em 2 de setembro de 2015, a operação Candeeiro buscou descortinar esquema milionário no âmbito do Idema, através do qual uma "refinada associação criminosa instalada na sua Unidade Instrumental de Finanças e Contabilidade", segundo o MP, utilizava ofícios autorizadores de pagamento como forma de desviar recursos. 

Ao todo, participam da operação 26 promotores de Justiça e cerca de 100 policiais nas cidades de Natal, Parnamirim, Santana do Matos e Mossoró, para cumprimento de cinco mandados de prisão temporária, 10 mandados de condução coercitiva e 27 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 6ª vara Criminal de Natal. 


 (Por G1 RN)

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