CRISE NA VENEZUELA
Leopoldo López, na residência do embaixador da Espanha: "abriu-se uma fissura no governo" - 02/05/2019 (Leandro Resende/VEJA)
O líder oposicionista da Venezuela Leopoldo López
não se entregará às autoridades do país. Em discurso na porta da
residência do embaixador da Espanha, onde está abrigado desde a
terça-feira 30, quando deixou a prisão domiciliar, Lopéz disse que o
processo de deposição de Nicolás Maduro é “irreversível” e que ele não
tem medo“ do cárcere, de Nicolás Maduro e de suas armas repressivas”.
“A Operação Liberdade envolve todos os venezuelanos,
dentro e fora do país. Queremos terminar com o governo do usurpador
Maduro. No dia 30 de abril, se abriu uma fissura no governo. Quem hoje
duvida que nas Forças Armadas há pessoas que estão comprometidas com a
liberdade?”, afirmou Lopéz.
O líder do partido Vontade Popular deixou a prisão domiciliar
na terça-feira 30, auxiliado por militares alinhados ao autoproclamado
presidente interino do país, Juan Guaidó,
que milita na mesma legenda. A expectativa era de que o movimento
capitaneado por Guaidó, que anunciará contar com apoio militar, fosse
catalisador da saída de Maduro do poder. Mas não foi o que aconteceu.
Nesta quinta-feira 2, o Tribunal Supremo da Venezuela
emitiu um mandado de reclusão em presídio contra Leopoldo López por ter
violado a prisão domiciliar, além das proibições impostas de
“pronunciamentos políticos por meios convencionais e não convencionais,
nacionais e internacionais”. O Tribunal é o braço do Poder Executivo do
país desde o governo de Hugo Chávez, morto em 2013.
López conduzira as grandes manifestações de 2014 contra o
regime de Maduro. Acabou preso e, posteriormente, condenado por ter
incitado a violência que resultou na morte de um militante da oposição.
Ele cumpriu pena no Presídio de Ramo Verde até o ano passado, quando
conseguiu autorização para continuar em prisão domiciliar.
Como prova da fraqueza do regime de Maduro, Lopéz informou que
se reuniu com membros do alto escalão das Forças Armadas venezuelanas
enquanto estava em prisão domiciliar, além de líderes de países, como os
Estados Unidos e outros que compõem o grupo de Lima.
“Eu conheço o mundo militar e sei dos seus sentimentos. Sei que
eles se sentem impotentes e que estão comendo arroz com larvas, não têm
dinheiro para comprar remédios. Na Venezuela, falar de liberdade é
falar de vida ou morte. Não vamos descansar”, declarou.
Lopez, sua mulher, Lilian Tintori, e seus
filhos estão protegidos na residência diplomática da Espanha, em uma
região nobre de Caracas. Trata-se de território inviolável pelas forças
de segurança da Venezuela. A família deverá pedir asilo político ao
governo do socialista Pedro Sánchez. Mas, para seguirem para o Aeroporto Internacional de Maiquetia, terão de obter um salvo-conduto das autoridades venezuelanas.
(Por Leandro Resende, de Caracas/Veja.com.br)
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