sábado, 30 de maio de 2020

Bolsonaro coloca militar indicado pelo Centrão no comando da Funasa. O coronel Silva entra no lugar de Marcio Sidney Sousa Cavalcante, exonerado hoje e que estava no posto desde o dia 9 de março

NOVA POLÍTICA
 Presidente da Republica Jair Bolsonaro. Foto: Daniel Castelo Branco
 Presidente da Republica Jair Bolsonaro. Foto: Daniel Castelo Branco - Daniel Castelo Branco

Em nova parceria entre militares e políticos do Centrão, o governo federal trocou o comando da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e nomeou nesta sexta-feira, 29, o comandante da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Giovanne Gomes da Silva, para a presidência do órgão. O nome foi uma indicação do deputado Diego Andrade (PSD-MG), em negociação capitaneada pelo presidente da sigla, o ex-ministro Gilberto Kassab.

Como mostrou o Estadão, a ala militar do Palácio do Planalto, até então crítica à chamada "velha política", tem negociado a entrada de partidos do bloco no governo. Os acordos, com aval do presidente Jair Bolsonaro, têm sido capitaneados pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo e general da ativa, Luiz Eduardo Ramos. O ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, também general, eventualmente participa das conversas que ocorrem dentro do Palácio do Planalto. O encontro dos dois extremos foi apelidado em Brasília de "Centrão Verde-Oliva" e acumula discórdia e desconfiança em todos os lados.

O coronel Silva entra no lugar de Marcio Sidney Sousa Cavalcante, exonerado hoje e que estava no posto desde o dia 9 de março. A Funasa é cobiçada por ser responsável por obras de saneamento básico em todo País. O órgão tem orçamento de R$ 3,13 bilhões para 2020.

Em live nas redes sociais na quinta-feira, 28, Bolsonaro reconheceu que negocia distribuição de cargos com partidos. "A imprensa sempre reclamou de mim que eu não tinha diálogo, que não conseguia atingir a governabilidade. De dois meses para cá eu decidi que tinha que ter uma agenda positiva para o Brasil, e comecei a conversar com os partidos de Centro também. Em nenhum momento nós oferecemos ou eles pediram ministérios, estatais ou bancos oficiais", disse o presidente.

Além da Funasa, Bolsonaro já entregou o comando do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) ao Progressistas e a secretaria de Mobilidade Urbana do Ministério do Desenvolvimento Regional ao PL.

O PSD integra o Centrão, mas há resistências internas sobre o apoio ao governo Bolsonaro. "Respeito a decisão da maioria do PSD da Câmara de aliar-se ao governo federal. Peço, porém, que respeitem a minha posição no sentido de não concordar com essa postura", escreveu o deputado Fábio Trad (PSD-MS) no Twitter, nesta sexta-feira, 29. "Eu não acredito em um governo que hostiliza a democracia. Continuarei independente e crítico em favor do país."

Diego Andrade, padrinho da indicação na Funasa, é sobrinho do ex-senador Clésio Andrade, condenado no chamado mensalão mineiro, esquema que levou à cadeia o ex-governador de Minas Eduardo Azeredo (PSDB).

Ministério da Saúde

Também nesta sexta-feira foi nomeado o segundo-tenente do Exército Vilson Roberto Ortiz Grzechoczinski como coordenador distrital de Saúde Indígena no Distrito Sanitário Especial Indígena Potiguara da Secretaria Especial de Saúde Indígena. Ele assume o cargo em substituição a Helena Aguiar Rodrigues.

Desde o mês passado, o governo vem nomeando servidores militares em cargos estratégicos do Ministério da Saúde. A primeira nomeação de destaque foi a do general Eduardo Pazuello, que inicialmente assumiu o cargo de secretário-executivo do ministério na gestão do então ministro Nelson Teich. Com a saída de Teich do governo, no último dia 15, Pazuello se tornou o ministro interino da pasta.



(Por:Estadão Conteúdo)

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