NOVA POLÍTICA
Presidente da Republica Jair Bolsonaro. Foto: Daniel Castelo Branco - Daniel Castelo Branco
Em nova parceria entre militares e políticos do Centrão, o governo
federal trocou o comando da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e nomeou
nesta sexta-feira, 29, o comandante da Polícia Militar de Minas Gerais,
coronel Giovanne Gomes da Silva, para a presidência do órgão. O nome
foi uma indicação do deputado Diego Andrade (PSD-MG), em negociação
capitaneada pelo presidente da sigla, o ex-ministro Gilberto Kassab.
Como
mostrou o Estadão, a ala militar do Palácio do Planalto, até então
crítica à chamada "velha política", tem negociado a entrada de partidos
do bloco no governo. Os acordos, com aval do presidente Jair Bolsonaro,
têm sido capitaneados pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo e
general da ativa, Luiz Eduardo Ramos. O ministro-chefe da Casa Civil,
Walter Braga Netto, também general, eventualmente participa das
conversas que ocorrem dentro do Palácio do Planalto. O encontro dos dois
extremos foi apelidado em Brasília de "Centrão Verde-Oliva" e acumula
discórdia e desconfiança em todos os lados.
O coronel Silva entra
no lugar de Marcio Sidney Sousa Cavalcante, exonerado hoje e que estava
no posto desde o dia 9 de março. A Funasa é cobiçada por ser
responsável por obras de saneamento básico em todo País. O órgão tem
orçamento de R$ 3,13 bilhões para 2020.
Em live nas redes sociais
na quinta-feira, 28, Bolsonaro reconheceu que negocia distribuição de
cargos com partidos. "A imprensa sempre reclamou de mim que eu não tinha
diálogo, que não conseguia atingir a governabilidade. De dois meses
para cá eu decidi que tinha que ter uma agenda positiva para o Brasil, e
comecei a conversar com os partidos de Centro também. Em nenhum momento
nós oferecemos ou eles pediram ministérios, estatais ou bancos
oficiais", disse o presidente.
Além da Funasa, Bolsonaro já
entregou o comando do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
(Dnocs) ao Progressistas e a secretaria de Mobilidade Urbana do
Ministério do Desenvolvimento Regional ao PL.
O PSD integra o
Centrão, mas há resistências internas sobre o apoio ao governo
Bolsonaro. "Respeito a decisão da maioria do PSD da Câmara de aliar-se
ao governo federal. Peço, porém, que respeitem a minha posição no
sentido de não concordar com essa postura", escreveu o deputado Fábio
Trad (PSD-MS) no Twitter, nesta sexta-feira, 29. "Eu não acredito em um
governo que hostiliza a democracia. Continuarei independente e crítico
em favor do país."
Diego Andrade, padrinho da indicação na
Funasa, é sobrinho do ex-senador Clésio Andrade, condenado no chamado
mensalão mineiro, esquema que levou à cadeia o ex-governador de Minas
Eduardo Azeredo (PSDB).
Ministério da Saúde
Também
nesta sexta-feira foi nomeado o segundo-tenente do Exército Vilson
Roberto Ortiz Grzechoczinski como coordenador distrital de Saúde
Indígena no Distrito Sanitário Especial Indígena Potiguara da Secretaria
Especial de Saúde Indígena. Ele assume o cargo em substituição a Helena
Aguiar Rodrigues.
Desde o mês passado, o governo vem nomeando
servidores militares em cargos estratégicos do Ministério da Saúde. A
primeira nomeação de destaque foi a do general Eduardo Pazuello, que
inicialmente assumiu o cargo de secretário-executivo do ministério na
gestão do então ministro Nelson Teich. Com a saída de Teich do governo,
no último dia 15, Pazuello se tornou o ministro interino da pasta.
(Por:Estadão Conteúdo)
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