CRÍTICAS
Vereadoras Júlia Arruda, Ana Paula, Eleika Bezerra, Divaneide Basílio, Carla Dickson e Luiz Almir
Vereadoras da Câmara Municipal de Natal repudiaram nesta terça-feira (26)
declarações do vereador Luiz Almir (PSDB) – que, na última segunda
(25), atribuiu o aumento da violência doméstica no Rio Grande do Norte à
falta de sexo entre os casais durante o isolamento social provocado
pela pandemia do novo coronavírus.
Durante uma reunião da Comissão de Legislação, Justiça e Redação
Final, o parlamentar disse que brigas conjugais têm acontecido porque
homens não estariam satisfazendo o desejo das mulheres. “O cara quer
fazer sexo uma vez por mês… aí lá vai o cacete e a confusão é grande”,
afirmou o vereador, ao indicar o que, para ele, origina as agressões.
Na segunda, uma reportagem do Agora RN mostrou que, durante o período
de isolamento social, os registros de casos de violência doméstica
aumentaram 258% no Rio Grande do Norte. De acordo com um estudo do
Observatório da Violência Letal e Intencional (Obvio), entre 12 de março
e 18 de maio, o sistema estadual de segurança registrou 739 casos de
violência doméstica. Ou seja, a média é 10 agressões casos por dia. No
ano de 2019, durante o mesmo período, as agressões somaram 206 casos, o
que representa três atos violentos durante as 24 horas.
Cinco parlamentares comentaram a fala na sessão desta terça, que aconteceu por videoconferência.
A vereadora Júlia Arruda (PCdoB) disse que o aumento no número de
agressões a mulheres não deve ser tratado em tom de brincadeira. “Não é
momento de chacota, brincadeira, declarações infelizes. Não podemos
corroborar diante de uma situação como essa. Todo o meu repúdio. A
vítima nunca é culpada. Temos que mostrar empatia, sororidade e respeito
às mulheres que são vítimas de violência”, afirmou a parlamentar,
acrescentando que há subnotificações.
Já a vereadora Carla Dickson (Pros) chamou a atenção para o que
considerou como baixo nível do linguajar do colega. “Palavras de baixo
calão não condizem com a nossa profissão e status de representantes do
povo”, disse.
A crítica é uma provável referência a outra declaração de Luiz Almir,
que na mesma sessão colocou em dúvida a necessidade de apoio emocional
para os agressores. “Nada justifica isso. Se é doido, por que não pula
da ponte? Por que não bota um cabo de vassoura no rabo? Quando não quer
mais, separe. Ninguém é dono de ninguém”, argumentou o vereador do PSDB.
“As pessoas que são agressoras precisam ser educadas e orientadas, e
não incitar o suicídio. ‘Se jogar da ponte’?! Isso não é aceitável. A
mulher tem direito ao seu corpo e aos seus pensamentos. (…) É
inadmissível que tenhamos pensamentos tão pequenos e perigosos”,
complementou Carla Dickson.
Na mesma linha da colega, a vereadora Eleika Bezerra (PSL) defendeu
que tais práticas sejam coibidas pela Comissão de Ética da Câmara. “A
nossa casa precisa ter a iniciativa de trabalhar a falta de decoro
parlamentar que está existindo. A Comissão de Ética precisa existir. Não
vamos deixar passar os episódios em brancas nuvens”, afirmou.
Na opinião da vereadora Ana Paula Araújo (PL), Luiz Almir tratou o
aumento da violência com “brincadeira, chacota e descaso”. “Uma
brincadeira de mal gosto. É necessário que nós tenhamos consciência da
responsabilidade de nossas falas e gestos, principalmente quando estamos
em comissões, dentro do parlamento. É terminantemente inaceitável”,
destacou.
A vereadora Divaneide Basílio (PT) complementou: “Me somo a esse
repúdio e na defesa da vida das mulheres. O aumento da violência é uma
grande preocupação e que a gente possa pensar em medidas de
enfrentamento”.
(Por:AgoraRN)
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