'INACREDITÁVEL'
Senador Humberto Costa (PT-PE) - Jefferson Rudy/Agência Senado
O senador Humberto Costa (PT-PE) propôs impedir a participação, na CPI
das Fake News, de deputados investigados no inquérito sobre o mesmo
tema, em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta quarta-feira,
27, uma operação da Polícia Federal a mando do Supremo atingiu
militantes, empresários e seis deputados federais aliados ao presidente
Jair Bolsonaro.
Relator do inquérito na corte, o ministro
Alexandre de Moraes determinou o depoimento, no prazo de 10 dias, dos
deputados Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), Daniel Silveira
(PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Cabo Junio Amaral (PSL-SP) e Luiz
Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP). O ministro determinou, ainda,
que as redes sociais preservem o conteúdo de postagens dos
parlamentares, para evitar que tudo seja apagado.
"É inaceitável que eles exerçam papel de investigadores de crimes pelos quais são investigados", argumentou Humberto Costa.
Integrante
da CPI, Costa prepara dois requerimentos para votação no colegiado. Por
enquanto, como não há reuniões presenciais, os trabalhos da comissão
estão paralisados, sem data prevista para retomada das votações e
interrogatórios.
Atualmente, nenhum dos seis deputados alvos do
STF tem assento na CPI, mas a intenção do petista é vetar,
preventivamente, que eles possam de alguma maneira vir a participar das
sessões futuras.
A tropa de choque bolsonarista tinha cadeiras na
CPI, mas perdeu espaço depois que a deputada Joice Hasselmann (SP),
ex-líder do governo e rompida com Bolsonaro, assumiu a liderança do PSL.
Joice retirou as vagas de deputados alinhados com o presidente e
indicou rivais desse grupo governista no partido.
A ala do PSL
que se manteve ligada ao Planalto trava, há meses, uma disputa para
retomar a representação da bancada. Nos bastidores, a avaliação é a de
que esse grupo tentará obter assinaturas novamente para remover Joice do
posto, abrindo caminho para voltar à CPI.
Outra manobra mapeada
por integrantes da CPI seria algum dos partidos do Centrão, bloco
informal que se aliou ao governo em troca de cargos e verbas federais,
ceder suas vagas aos bolsonaristas que estão na mira do Supremo e
defendem o presidente.
Além disso, qualquer parlamentar no
exercício do mandato pode participar das sessões de uma CPI e até
interrogar depoentes, embora tenham menos espaço de fala que os membros
da comissão e líderes partidários.
Antes da nova aliança de
Bolsonaro com o Centrão, a base governista sofreu uma série de derrotas
na CPI. Em abril, o Palácio do Planalto tentou uma manobra para impedir o
prosseguimento das investigações, mas não conseguiu convencer
parlamentares a retirarem o apoio à comissão.
Em quebras de
sigilo, a comissão identificou militantes bolsonaristas e um assessor do
deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, como autor de
postagens ofensivas e suspeitas de crime contra a honra de adversários
políticos. Eduardo recorreu ao Supremo para tentar engavetar a CPI, mas
não teve sucesso.
A exemplo do inquérito relatado por Alexandre
de Moraes no Supremo, a CPI também mira o financiamento das redes de
difamação montada por aliados do presidente e aprovou a convocação para
depoimento dos empresários Luciano Hang (lojas Havan) e Otávio Fakhoury
(site Crítica Nacional). Ambos foram alvo de busca e apreensão nesta
quarta-feira. Hang teve os sigilos bancário e fiscal quebrados.
(Por:Estadão Conteúdo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário