OPERAÇÃO PLACEBO
Marcos Michael/.
A Polícia Federal deflagrou nesta terça uma operação para cumprir
mandados de busca na residência oficial do governador do Rio de Janeiro,
Wilson Witzel. O escritório onde trabalha a primeira-dama, Helena
Witzel, que é advogada, também é alvo das buscas.
A PF também cumpre mandados no Palácio Guanabara, na casa de
Witzel no Grajaú, no endereço do ex-secretário de Saúde Edmar Santos e
do ex-subsecretário Gabriel Neves.
O Radar apurou que não há mandado de prisão contra o governador e que
os mandados foram expedidos pelo ministro Benedito Gonçalves do
Superior Tribunal de Justiça a partir do inquérito que investiga as
compras emergenciais do governo na pandemia.
A Polícia Federal batizou a ação de “Operação Placebo”. “Elementos
de prova, obtidos durante investigações iniciadas no Rio de Janeiro
pela Polícia Civil, pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério
Público Federal naquele estado foram compartilhados com a
Procuradoria-Geral da República no bojo de investigação em curso no
Superior Tribunal de Justiça e apontam para a existência de um esquema
de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a
instalação de hospitais de campanha e servidores da cúpula da gestão do
sistema de saúde do Estado do Rio de Janeiro”, diz a PF.
Estão sendo cumpridos 12 mandados de busca nos estados de São Paulo e no Rio.
O inquérito aberto a pedido da PGR no STJ investiga gastos de 1
bilhão de reais na construção de hospitais de campanha durante a
pandemia no Rio. Os valores dos contratos sem licitação incluem compra
de respiradores, máscaras e testes rápidos, mas a maior parte do
dinheiro, cerca de 836 milhões de reais, foi destinada à Organização
Social (OS) Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas).
Na edição de VEJA que está nas bancas, os repórteres Cássio Bruno, Thiago Bronzatto, Laryssa Borges revelam detalhes da investigação da PGR sobre um
esquema de propina envolvendo liberação de pagamentos atrasados a
fornecedores do governo do Rio mediante pagamento de comissões que
chegam a 30%.
Os personagens reluzentes na narrativa que já rendeu algumas décadas
de prisão ao bando de Cabral são o Pastor Everaldo e André Moura, dois
nomes famosos do time de Witzel.
“Em menos de um ano, segundo ele, o esquema teria arrecadado cerca de
30 milhões de reais com a cobrança de 20% a 30% do valor de cada fatura
paga”, registra a reportagem.
Citado como “chefe supremo” nas mensagens do esquema de corrupção,
Witzel está na mira do candidato a delator Arthur Soares, o ‘Rei
Arthur’. O Radar mostrou na sexta que ele prometia entregar um novo
carregamento de provas contra o governador do Rio.
Além de montar um balcão de negócios para cobrar propina de até 30%
na liberação de pagamentos atrasados a fornecedores, o governo do Rio
levou a roubalheira para as compras emergenciais na pandemia.
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