NOVO PRESIDENTE
Luís Roberto Barroso - AFP PHOTO / EVARISTO SA
Ao tomar posse, o novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
Luís Roberto Barroso, destacou, nesta segunda-feira, 25, a importância
da democracia e rebateu ataques contra o Supremo Tribunal Federal (STF),
alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. Barroso
também defendeu a importância da participação feminina na política e fez
duras críticas ao que chamou de "milícias digitais" que disseminam fake
news nas eleições. Bolsonaro acompanhou a cerimônia de posse por
videoconferência, mas, como é de praxe neste caso, não discursou.
Barroso
relembrou que um dos principais legados de sua geração é ter um país
"sem presos políticos, sem exilados, sem violência contra os
adversários". Ele fez referência aos crimes cometidos durante a ditadura
militar.
"Como qualquer instituição em uma democracia, o Supremo
está sujeito à crítica pública e deve estar aberto ao sentimento da
sociedade. Cabe lembrar, porém, que o ataque destrutivo às instituições,
a pretexto de salvá-las, depurá-las ou expurgá-las, já nos trouxe duas
longas ditaduras na República. São feridas profundas na nossa história,
que ninguém há de querer reabrir", afirmou Barroso nesta segunda.
Na
semana passada, o presidente Jair Bolsonaro foi flagrado falando em
armar a população para impedir uma suposta ditadura no Brasil. A
declaração do presidente ocorreu durante reunião ministerial do dia 22
de abril, tornada pública por decisão do Supremo na última sexta-feira.
Hoje, sem citar o Presidente da República diretamente, Barroso falou que
"precisamos armar o povo com educação, cultura e ciência".
"A
educação, mais que tudo, não pode ser capturada pela mediocridade, pela
grosseria e por visões pré-iluministas do mundo. Precisamos armar o povo
com educação, cultura e ciência", declarou o presidente do TSE e
ministro do STF.
Barroso também falou sobre a necessidade de
encontrarmos "denominadores comuns e patrióticos". "Pontes, e não muros.
Diálogo, em vez de confronto. Razão pública no lugar das paixões
extremadas", defendeu. "Quem pensa diferente de mim não é meu inimigo,
mas meu parceiro na construção de um mundo plural. A democracia tem
lugar para conservadores, liberais e progressistas. Nela só não há lugar
para a intolerância, a desonestidade e a violência."
Ao assumir a
presidência do TSE, Barroso também condenou as chamadas milícias
digitais, que, segundo ele, possuem uma "atuação perversa" para
disseminar "ódio e radicalização". "São terroristas virtuais que
utilizam como tática a violência de ideias, e não o debate construtivo. A
Justiça Eleitoral deve enfrentar esses desvios", disse.
Com um
discurso sobre a importância da equidade de gênero na política, Barroso
também enalteceu a condução bem sucedida de mulheres na liderança de
países que se tornaram referência no combate ao novo coronavírus.
Barroso citou como exemplo a premiê Angela Merkel, da Alemanha, e a
primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern.
O Brasil tem
sido criticado internacionalmente pela condução no combate à covid-19.
Esta semana, o País chegou ao segundo lugar entre os que mais possuem
casos confirmados da doença (são mais de 360 mil diagnósticos).
(Estadão Conteúdo)
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