AUXÍLIO
Secretário de Planejamento e Finanças do Rio Grande do Norte, Aldemir Freire
Vinte dias depois de o Congresso Nacional aprovar o projeto, o presidente
Jair Bolsonaro finalmente sancionou a lei que prevê um socorro
financeiro para estados e municípios. O auxílio inclui um repasse direto
de R$ 60 bilhões e a suspensão de dívidas dos governos regionais com a
União e bancos oficiais.
Segundo as regras de partilha, o Rio Grande do Norte deve ser
beneficiado com cerca de R$ 946 milhões. Desse valor, R$ 597 milhões
serão encaminhados para o Governo do Estado e R$ 349 milhões serão
rateados entre os 167 municípios.
Com relação à verba do Governo do Estado, R$ 442 milhões serão
enviados para uso livre. O dinheiro poderá ser usado, por exemplo, para
pagar salários dos servidores e demais despesas. O restante (R$ 155
milhões) deverá ser aplicado obrigatoriamente em ações de enfrentamento
ao novo coronavírus.
Entre os municípios, R$ 299 milhões serão de livre aplicação e R$ 50
milhões deverão ser investidos apenas na saúde. O maior valor será
destinado à capital do Estado, Natal, que vai receber R$ 88,1 milhões.
Em seguida, vêm Mossoró, com R$ 29,6 milhões, e Parnamirim, com R$ 26
milhões.
O secretário estadual de Planejamento e Finanças, Aldemir Freire,
disse que a verba servirá apenas para compensar a perda de arrecadação
provocada pela pandemia do novo coronavírus. Por isso, segundo ele, o
dinheiro será usado pelo Governo do Rio Grande do Norte apenas para o
pagamento de despesas já previstas, sem brecha para gastos extras.
“Esse recurso é para compensar a perda de receita. É para pagar o
custeio normal com água, luz, servidor, diárias operacionais… não é
recurso a mais”, disse o secretário ao Agora RN nesta quinta-feira (28), mesmo dia em que a lei foi publicada no Diário Oficial da União.
Aldemir Freire calcula que, de março até agora, já considerando a
verba do Fundo de Participação dos Estados (FPE) que deve ser depositada
nesta sexta-feira (29), o Governo do RN já perdeu aproximadamente R$
330 milhões em arrecadação. Desse valor, diz ele, apenas R$ 40 milhões
foram compensados com repasses extras de FPE, resultando em uma perda
efetiva de R$ 290 milhões.
O socorro financeiro será depositado em quatro parcelas mensais, a
partir de junho. Isso leva Aldemir Freire a concluir que, considerando a
perda já constatada até agora e a que o RN terá nos próximos meses, o
dinheiro do auxílio federal servirá apenas para cobrir o rombo – e
talvez nem seja suficiente. “O volume de recursos não será suficiente
para compensar as perdas”, diz ele.
Com relação aos R$ 155 milhões que devem ser usados exclusivamente na
saúde, Aldemir Freire afirmou que o dinheiro será empregado na
ampliação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para atender
pacientes com a Covid-19, na contratação de cerca de 3 mil funcionários
temporários e na aquisição de respiradores pulmonares e demais insumos.
“São despesas já programadas”.
“Fechar folha de maio foi um ‘deus nos acuda’”, diz Aldemir
De acordo com Aldemir Freire, por causa da queda de receita e da
demora do presidente para sancionar o socorro financeiro, o mês de maio
de 2020 foi turbulento para a gestão estadual.
“Esse dinheiro já era para ter chegado 15 dias atrás. Fechar maio já
foi um ‘deus nos acuda’. Foi o mês mais difícil de toda a nossa gestão.
Estamos concluindo a folha de maio, mas só neste mês perdemos R$ 180
milhões”, diz o secretário de Finanças.
Apesar das dificuldades, Aldemir Freire afirma que o pagamento da
folha de maio dos servidores públicos está preservado. Nesta sexta, será
creditado o valor correspondente a 70% dos salários dos servidores da
saúde que ganham acima de R$ 4 mil, além de duas parcelas da
gratificação de insalubridade (abril e maio). No sábado (30), as demais
categorias, inclusive aposentados e pensionistas, recebem na
integralidade.
Em junho, o secretário de Planejamento e Finanças espera que a
situação melhore. Ele defende que o governo federal transfira a primeira
parcela do socorro financeiro até, no máximo, dia 10. “A perspectiva
mais pessimista possível é recebermos depois do dia 15”, conclui Aldemir
Freire.
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