EX-SECRETÁRIO DE SAÚDE DO RIO FAZ DELAÇÃO

Edmar Santos - Cléber Mendes / Agência O Dia
Rio - Em trechos complementares de delação premiada, o ex-secretário de Sáude do Rio Edmar Santos
afirmou que o ex-subsecretário estadual de Agricultura, Pecuária, Pesca
e Abastecimento Ramon de Paula Neves era ligado ao grupo do empresário
Mário Peixoto – denunciado por chefiar suposto esquema de corrupção que
causou dano de R$ 500 milhões na Saúde do Rio – e "tinha acesso direto
ao governador, sem subordinação a Lucas Tristão", ex-secretário do
Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais do governo
de Wilson Witzel.
Segundo Santos, Ramon esteve pessoalmente na
Secretaria de Saúde do Rio, "utilizando-se da proximidade com Mariana
Scardua (ex-subsecretária de gestão da Atenção à Saúde), pressionando
para a contratação de empresas de Mário Peixoto, queixando-se do
controle da pasta pelo grupo do pastor Everaldo".
Integrante do governo desde o início do mandato de
Witzel, Mariana respondia por áreas envolvidas no combate ao coronavírus
durante a pandemia e teria sido indicada por Ramon.
Edmar Santos foi preso no dia 10 de julho sob
acusação de integrar suposta organização criminosa que teria fraudado
contratos de compra de respiradores pulmonares para combate à pandemia
do novo coronavírus. O ex-secretário do Rio fechou delação com o MPF e
foi solto no último dia 6, após decisão dada a pedido da
Procuradoria-Geral da República pelo Superior Tribunal de Justiça.
Além de Ramon, Edmar Santos também reconheceu outras
duas pessoas no depoimento prestado à Lava Jato: um suposto operador
financeiro e ainda um homem que era responsável pela Organização Social
Idab "que empregava funcionários indicados por parlamentares".
Os relatos foram colhidos na última quarta (12) e
enviados à Subprocuradora-Geral da República Lindôra Maria Araujo. No
mesmo dia, ela encaminhou as novas informações ao ministro Benedito
Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça. Gonçalves é relator da
Operação Placebo, investigação sobre supostos desvios de recursos
públicos destinados ao atendimento do estado de emergência de saúde
pública do novo coronavírus no Rio que fez buscas contra Witzel em maio.
Relatos da prisão
Em um dos trechos que Lindôra enviou ao STJ, Edmar
Santos relatou duas situações que ocorreram enquanto esteve custodiado
no Batalhão Especial Prisional de Niterói. Ele afirmou que um sargento
que estava preso "tentou por diversas formas obter informações" dele,
dizendo ser próximo ao deputado Marcio Canella e outros políticos.
Segundo o ex-secretário de Saúde do Rio, o sargento tentava buscar
informações a respeito de possível colaboração, de maneira indireta, por
meio de sondagens. O preso ainda dizia ter sido candidato a vereador
por Belford Roxo ou Nova Iguaçu, disse Santos.
O ex-secretario de Witzel também alegou que, 10 dias
antes de sua soltura, o Tenente Cabana o procurou e reservadamente disse
que um capitão do seu batalhão teria mandado dizer que o Edmar deveria
trocar de advogado e que, caso obedecesse, "o grupo não
abandonaria". Edmar Santos diz ter entendido a frase em dois sentidos:
"'o primeiro de apoio financeiro e no segundo um tom de ameaça".
O delator disse ainda acreditar que o grupo era o "do
pastor Everaldo, Edson Torres e Victor Hugo, em razão dos mesmos já
terem adotado o mesmo expediente anteriormente, como no caso Gabriell
Neves que também teve advogado custodiado pela organização
criminosa". Segundo Santos, a frase mencionada por Cabana teria sido
"uma mensagem de que caso fizesse acordo de colaboração estaria traindo o
grupo".
(Por:Estadão Conteúdo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário