O BICHO VAI PEGAR...
Alessandra Bernardo
alessabsl@gmail.com
A revolta e a indignação são grandes entre os taxistas de Natal, por
causa do que eles chamam de invasão de loteiros, veículos particulares e
até estabelecimentos comerciais que estão oferecendo e fazendo o
transporte irregular de passageiros entre os hotéis da cidade e o
Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante. Relatando prejuízos
de até 90% na procura pelos serviços, eles disseram que já procuraram,
sem sucesso, os orgãos de trânsito responsáveis pela fiscalização e que,
sem apoio ou defesa destes, ameaçam novo protesto.
“Estamos com os nervos à flor da pele, temos famílias para sustentar,
contas, impostos e os próprios veículos para pagar e estamos perdendo
os clientes porque tem gente explorando de forma irregular e clandestina
o nosso ofício. É uma máfia grande, composta por pessoas de vários
setores ligados ao turismo e até mesmo de taxistas que nos dias de folga
pegam seus carros particulares para fazerem o transporte, de forma
errada. Se as autoridades não fizerem nada, vai chegar o dia em que
vamos tocar fogo nos carros clandestinos. Aí, eles vão aparacer”,
desabafou um deles, que não quis se identificar por medo.
Entre os irregulares, os taxistas listam guias turísticos,
recepcionistas e funcionários de hotéis, pousadas, restaurantes,
locadoras de veículos, agências de passeios que atuam na orla,
bugueiros, táxis com placas de outros municípios, vans escolares e
pessoas sem ligação com o setor, mas que usam carros particulares para
fazerem o transporte de turistas rumo ao aeroporto.
“Esse pessoal combina os passeios, que são legalizados, e depois
oferecem o traslado para o aeroporto por fora e feito em carros ou vans
de placas cinza, ou seja, de particulares. Eles derrubam os táxis,
alegando aos clientes que o preço deles é bem melhor e menor que o
nosso, que são legais e tudo. Eles cobram por pessoa e enganam os
turistas, que acabam confiando e indo com eles, bem diferentes do táxi,
que cobra a corrida, independendo no número de pessoas”, explicou o
taxista Fabiano Cassimiro.
Ele disse que a única reivindicação dos taxistas é para que sejam
feitas fiscalizações diárias e constantes para inibir e coibir a
prática, para que a categoria não seja ainda mais prejudicada do que já
está sendo, desde a transferência do aeroporto de Parnamirim para São
Gonçalo do Amarante. Fabiano afirmou ainda que a categoria já se reuniu
com os representantes da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana
(Semob) várias vezes sobre o caso, mas nunca obtiveram retorno. A última
reunião foi a cerca de dez dias, quando denunciaram mais uma vez o caso
e pediram fiscalização.
“Chegamos ao ponto de nos oferecermos para pagar os custeios das
ações, mas até agora ninguém fez nada para nos ajudar. Estamos
abandonados pelo poder público, entrando no desespero mesmo. Tentamos
protestar, mas na ocasião, a polícia apareceu e não permitiu que nós,
trabalhadores legalizados, que pagamos nossos impostos e investimos caro
para trabalhar, reclamássemos. Um dia, o povo vai se revoltar a um
ponto que vão acabar destruindo os veículos irregulares. Aí, seremos os
bandidos da história”, desabafou.
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