sábado, 2 de agosto de 2014

Revoltados com a invasão de clandestinos, taxistas de Natal ameaçam queimar veículos. Polêmica envolve transporte de passageiros rumo ao Aeroporto

O BICHO VAI PEGAR...

Disputa por mercado de trabalho coloca em risco a vida dos turistas no Estado. Foto: Wellington Rocha
Disputa por mercado de trabalho coloca em risco a vida dos turistas no Estado. Foto: Wellington Rocha
Alessandra Bernardo
alessabsl@gmail.com

A revolta e a indignação são grandes entre os taxistas de Natal, por causa do que eles chamam de invasão de loteiros, veículos particulares e até estabelecimentos comerciais que estão oferecendo e fazendo o transporte irregular de passageiros entre os hotéis da cidade e o Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante. Relatando prejuízos de até 90% na procura pelos serviços, eles disseram que já procuraram, sem sucesso, os orgãos de trânsito responsáveis pela fiscalização e que, sem apoio ou defesa destes, ameaçam novo protesto.

“Estamos com os nervos à flor da pele, temos famílias para sustentar, contas, impostos e os próprios veículos para pagar e estamos perdendo os clientes porque tem gente explorando de forma irregular e clandestina o nosso ofício. É uma máfia grande, composta por pessoas de vários setores ligados ao turismo e até mesmo de taxistas que nos dias de folga pegam seus carros particulares para fazerem o transporte, de forma errada. Se as autoridades não fizerem nada, vai chegar o dia em que vamos tocar fogo nos carros clandestinos. Aí, eles vão aparacer”, desabafou um deles, que não quis se identificar por medo.

Entre os irregulares, os taxistas listam guias turísticos, recepcionistas e funcionários de hotéis, pousadas, restaurantes, locadoras de veículos, agências de passeios que atuam na orla, bugueiros, táxis com placas de outros municípios, vans escolares e pessoas sem ligação com o setor, mas que usam carros particulares para fazerem o transporte de turistas rumo ao aeroporto.

“Esse pessoal combina os passeios, que são legalizados, e depois oferecem o traslado para o aeroporto por fora e feito em carros ou vans de placas cinza, ou seja, de particulares. Eles derrubam os táxis, alegando aos clientes que o preço deles é bem melhor e menor que o nosso, que são legais e tudo. Eles cobram por pessoa e enganam os turistas, que acabam confiando e indo com eles, bem diferentes do táxi, que cobra a corrida, independendo no número de pessoas”, explicou o taxista Fabiano Cassimiro.

Ele disse que a única reivindicação dos taxistas é para que sejam feitas fiscalizações diárias e constantes para inibir e coibir a prática, para que a categoria não seja ainda mais prejudicada do que já está sendo, desde a transferência do aeroporto de Parnamirim para São Gonçalo do Amarante. Fabiano afirmou ainda que a categoria já se reuniu com os representantes da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) várias vezes sobre o caso, mas nunca obtiveram retorno. A última reunião foi a cerca de dez dias, quando denunciaram mais uma vez o caso e pediram fiscalização.

“Chegamos ao ponto de nos oferecermos para pagar os custeios das ações, mas até agora ninguém fez nada para nos ajudar. Estamos abandonados pelo poder público, entrando no desespero mesmo. Tentamos protestar, mas na ocasião, a polícia apareceu e não permitiu que nós, trabalhadores legalizados, que pagamos nossos impostos e investimos caro para trabalhar, reclamássemos. Um dia, o povo vai se revoltar a um ponto que vão acabar destruindo os veículos irregulares. Aí, seremos os bandidos da história”, desabafou.

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