LAMENTÁVEL
Desativado há cinco meses e meio, o prédio do antigo Aeroporto Augusto Severo já apresenta sinais de deterioração e desgastes provocados pelo tempo e a falta de manutenção estrutural. Enquanto isso, setores da sociedade civil discutem o que será feito do local, que passou por uma grande reforma avaliada em R$ 16,4 milhões em 2011, foi eleito o melhor do país pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) no início deste ano e hoje está sob os cuidados da Força Aérea Brasileira (FAB). Decidir o que será feito da estrutura e sua recuperação são alguns dos desafios que a nova gestão estadual deverá enfrentar em 2015.
Durante a campanha eleitoral, o governador eleito, Robinson Faria (PSD), defendeu a utilização do antigo terminal para um novo Centro de Convenções em Natal, já que o atual não comporta a grande demanda de eventos realizados todos os anos. Na ocasião, ele disse que a proposta era viável, que o Rio Grande do Norte precisava de uma nova estrutura para absorver o potencial nesta área e lamentou que, com a troca de município, o prejuízo gerado com o abandono do Augusto Severo.
“Eu acredito que esta é uma proposta bastante viável. O Ceará construiu um centro de convenções que recebe atualmente eventos de grande porte, Pernambuco também. E o que nós temos já não comporta a demanda, além de se encontrar em área de preservação, não podendo ser ampliado para atender às necessidades que o mercado exige. A aproximação do Augusto Severo com Natal e sua rede hoteleira seria um argumento a mais em defesa dessa ideia”, afirmou Robinson, na ocasião.
Atualmente, a estrutura já apresenta vários pontos de desgastes estruturais e de manutenção das partes de jardins, por exemplo, com diversas plantas ornamentais secas e mortas por falta de irrigação e árvores sem podas e galhos caídos. No prédio, coberto por poeira, é possível encontrar várias placas que formavam o teto, já caídas ou em processo de queda, borrachas de vedação das janelas de vidro se soltando e partes de ferro, sobretudo nos galpões de armazenamento situados ao lado do edifício, com várias partes enferrujadas.
A proposta surgiu um mês depois da desativação do antigo terminal, quando a Federação do Comércio do Estado (Fecomércio) apresentou pré-projeto sugerindo que a estrutura fosse transformada em um complexo comercial e cultural aos executivos estadual e municipal de Parnamirim, que sinalizaram positivamente na época, mas depois não falaram mais sobre o assunto. O novo centro seria vinculado a um museu aeroespacial.
A Fecomércio acenou ainda que, por ser situado na entrada da Capital e caminho para quem vem de cidades como João Pessoa, Recife e Fortaleza, a estrutura possui uma localização altamente privilegiada, mas que está sendo subutilizada pelos militares, que têm interesse exclusivo nas pistas para decolagens e pousos de suas aeronaves. Seria, assim, uma forma de atrair mais eventos para o Estado e fortalecer a importância potiguar na história do Brasil através do museu.
Proposta para virar museu
A segunda opção, também viável e bem discutida por instituições culturais do Estado, é a transformação do prédio em um memorial para resgatar a história da aviação potiguar. O objetivo do projeto para o antigo aeroporto, como afirmou o presidente da Academia Norte Riograndense de Letras, Diógenes da Cunha Lima, é manter viva a história da aviação no Rio Grande do Norte e sua importância para a história da aviação mundial, que teve um dos precursores o potiguar Augusto Severo de Albuquerque Maranhão.
“Na semana passada, estive em Brasília para apresentar a proposta de transformar o antigo aeroporto em um memorial sobre os pioneiros de aviação que passaram por aqui, como Jean Mermoz e Antoine Saint-Exupéry, pois durante muito tempo, Natal e Parnamirim foram o centro da aviação mundial. E conversando com o ministro do Superior Tribunal Militar, brigadeiro William de Barros, percebemos um entuasiasmo muito grande dele para que isso aconteça. Até se comprometeu em manter contato com outros brigadeiros para fortalecer a nossa ideia, que com certeza, agradará a todos”, afirmou.
Diógenes disse também que a proposta contempla a instalação, na área antes destinada ao estacionamento, de uma réplica do Pax de Augusto Severo, um dirigível semi-rígidos que resolveria os problemas de manobrabilidade e de estabilidade dos balões. Ao seu lado, uma cópia dos aviões usados pelos pioneiros e outros que estão desativados, mas que prestaram grandes serviços à aviação brasileira. E ainda a manutenção do nome que batizou o terminal desde 1980, quando ele passou a operar vôos comerciais no Estado.
“Acho que estamos caminhando bem e contamos com o apoio da Aeronáutica, que reconhece a importância da criação deste museu para que não percamos a memória da aviação no nosso Estado. Acredito que o governador eleito Robinson Faria vai se voltar para isso e trabalhar com a atenção que o tema merece, porque precisamos de que ele faça esse esforço para garantir a lembrança que tanto reivindicamos”, desabafou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário