sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Comerciantes e clientes convivem com insegurança e sujeira na Ceasa. Nos últimos meses vários assaltos foram registrados no local. Limpeza irregular também incomoda

VUNERABILIDADE

CEASA--WR---(9)
Diego Hervani
Repórter

Um dos locais de maior movimentação de pessoas e comerciantes de Natal, a Central de Abastecimento do Rio Grande do Norte S.A (Ceasa-RN), é mais um lugar que vem sofrendo com problemas de segurança. Nos últimos meses, vários assaltos foram registrados por lá. Em uma dessas ações criminosas, cerca de R$ 15 mil foram levados. O Jornal de Hoje esteve no local nesta quinta-feira (26) e recebeu diversas reclamações, tanto da insegurança, quanto da sujeira.

Logo na entrada, que fica na avenida Capitão-Mor Gouveia, se percebe que a segurança na Ceasa é falha. Lá ficam apenas os funcionários que cobram o estacionamento. Qualquer pedestre pode entrar sem receber nenhum tipo de revista. “Pensamos que quando começaram a cobrar estacionamento, a situação iria mudar. Mas não melhorou em nada. Aqui deveria existir policiamento. A Ceasa recebe muitas pessoas todas os dias. Muitas mercadorias entram aqui o dia inteiro. Quem quiser roubar aqui vai fazer sem nenhum 

problema. Eu já vi uma senhora sendo assaltada. Ela estava chegando para comprar e dois homens levaram a bolsa e celular dela”, contou Célia Maria da Silva, que trabalha como atendente em uma loja na Ceasa.

Já o senhor José Paulo de Madeira, que há 33 anos vai quase que diariamente na Central, informou que o local sempre sofreu nas mãos de bandidos. “Nos anos 80 eu trabalhava aqui. Vendia frutas. Quando eu pegava um carregamento e me virava para guardar, alguém passava e roubava o outro saco de frutas. Infelizmente aqui é assim mesmo. Você vem para fazer uma compra e pode voltar para casa sem nada. Não lembro de ter visto nenhum policiamento durante todos esses anos”.

Outro homem, que não quis se identificar, disse que até mesmo pessoas que utilizam o banheiro são vítimas dos criminosos. “Uma vez um rapaz estava saindo do banheiro, quando um cara chegou e anunciou o assalto. Levou celular, carteira e um cordão de ouro. Depois, no dia seguinte, aconteceu da mesma forma. Só que dessa vez só levaram o celular de um rapaz. Aqui não pode ficar sem segurança. O único segurança que tinha, que ficava na saída pela avenida Jerônimo Câmara, tiraram”.

O assalto mais grave aconteceu há cerca de 20 dias, em uma loja que vende embalagens. Dois homens armados esperaram o movimento diminuir e fizeram um arrastão, levando cerca de R$ 15 mil, entre dinheiro e cheques. “Na câmera de segurança deu para observar a ação deles. Eles ficaram um bom tempo observando para só então virem nos assaltar. Aqui sempre tem seis funcionários, mas no horário de almoço, alguns saem. Foi aí que eles agiram. Vieram aqui, colocaram a arma no balcão e pediram tudo. Ficaram ameaçando um funcionário. No fim, levaram o dinheiro e saíram na moto, tranquilamente”.

Em abril de 2014, um homem foi morto a tiros dentro da Ceasa. Éder Péricles Faustino de Araújo, de 30 anos, foi vítima de 12 disparos quando chegava para trabalhar, por volta das 5h. Dois homens em uma moto se aproximaram e um deles fez os disparos. Os funcionários da vítima disseram que a ação foi rápida. A moto parou e um dos suspeitos desceu e atirou. Doze tiros atingiram o Éder. Um dos funcionários também foi baleado com um tiro de raspão no braço. Os próprios trabalhadores usaram um carro particular para levar a vítima para o hospital, mas ele não resistiu e morreu no caminho.

Sujeira também chama atenção
Outro fator que chama atenção na Ceasa é a sujeira. Quando o JH esteve no local esta manhã, a quantidade de lixo espalhado pelo local era muito grande. Desde restos de frutas até mesmo sobras de carnes estragadas. O cheiro, então, nem se fala. Insuportável. “Quem vem utilizar o banheiro, se não estiver muito apertado, desiste. Pois o cheiro é bem forte mesmo”, disse um dos homens que tentava limpar o lugar.

A senhora Elisoneide Nogueira, que faz compras na Ceasa cerca de três vezes por semana, disse que a quantidade de lixo é revoltante. “Isso aqui é um nojo. É inadmissível que um lugar como a Ceasa, que atua diretamente com alimentos, fique em uma situação dessas. Aqui era para ser um lugar limpo, bem organizado. Infelizmente deixam ficar assim. Espero que um dia melhore, pois está bem complicado”.

O JH esteve em contato com Edilson Viana, coordenador administrativo da Ceasa. Ele admitiu que a segurança e limpeza estão em situações precárias, mas explicou que a culpa é da “burocracia”. “No último dia 26 de janeiro, o contrato com a empresa que prestava serviço venceu. Isso afetou tanto a segurança, quanto a limpeza. Hoje temos apenas um vigia e algumas pessoas fazendo a limpeza. Mas realmente a situação é precária, não temos como esconder isso”.

De acordo com Edilson, a situação irá se normalizar até a próxima quarta-feira. “Estamos em um processo de licitação e até a próxima quarta tudo será resolvido. Teremos seguranças na entrada e saída, além de alguns circulando na Ceasa. A quantidade de profissionais da limpeza também será aumentada”.

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