sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Moradores protestam contra demora de obras e pedem semáforo no Km 6. Com uma pista interditada, fluxo de veículos está concentrado em apenas duas faixas, causando transtornos para pedestres que atravessam a via. Três atropelamentos já foram registrados

PROTESTO

Foto: José Aldenir
Foto: José Aldenir

Alessandra Bernardo
alessabsl@gmail.com

Os moradores das comunidades do Salgado e da Baixa de São Pedro interditaram uma das pistas da BR-226 na altura do bairro do Bom Pastor, em protesto contra os constantes atropelamentos no local, que teve o trânsito alterado para as obras de drenagem do Arena das Dunas. Revoltados com a situação, que já se arrasta há cerca de três meses, eles pedem a implantação de semáforos, lombadas e a presença de guardas de trânsito para orientar e fiscalizar o fluxo de veículos no trecho.

A mobilização começou por volta das 6h desta quinta-feira (26), quando os moradores fecharam o trânsito com pneus, galhos de árvores e restos de móveis e madeiras usados, impedindo o tráfego dos veículos, principalmente caminhões e carretas. E só terminou após a chegada de um servidor da Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi) enviado ao local.

Segundo o representante do Conselho Comunitário do Bom Pastor, João Silvino, na semana passada foram registrados três atropelamentos em menos de meia hora no trecho próximo à Escola Francisca Ferreira, além de duas batidas frontais entre veículos que seguiam no sentido oposto e usavam a pista que está sendo usada como mão dupla, na última segunda-feira (23). Por pouco, pedestres que caminhavam pelo local não foram atingidos por destroços dos dois automóveis.

“Depois desses acidentes todos, os moradores resolveram se mobilizar e reivindicar uma solução urgente para essa situação, porque estamos correndo riscos o tempo inteiro. Todos os dias, sempre aparece alguém com um relato de medo ao atravessar a pista e o pior é que temos uma escola infantil e uma creche aqui próximos, ou seja, temos crianças andando por aqui diariamente, correndo riscos de morte”, falou.
Ele disse ainda que uma comissão formada por moradores e o conselho comunitário procurou a Semopi para falar sobre o problema, mas depois de três tentativas frustradas de reunião com os secretários, as comunidades entraram em desespero. E que os acidentes e atropelamentos só aumentaram o clima de insegurança.

“Passamos por um jogo de empurra antes de chegarmos aqui. Primeiro, fomos ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Trânsito (Dnit), mas nos disseram que era com a Prefeitura de Natal. Procuramos a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semov), mas nos mandaram ir atrás da Semopi. Chegando lá, tentamos nos reunir três vezes com os secretários, sem sucesso. Então, ficamos sem respostas e segurança alguma”, lamentou.

Segundo o secretário adjunto da Semopi, Caio Pascoal, a reivindicação da população deve ser atendida até a próxima segunda-feira (02), quando as obras de esgotamento sanitário da região serão retomadas. “Vamos analisar o que é mais viável para a área, pode ser um semáforo, uma lombada, um semáforo com botoeira ou ainda faixas de pedestres. Até o reinício das obras, já teremos uma solução para o problema relatado”, afirmou.

Moradores relatam riscos iminentes
Apesar das placas que indicam a velocidade máxima de 30 km/h no trecho transformado temporariamente em mão dupla, os moradores das duas comunidades relatam situações constantes de quase atropelamentos e ameaças, por causa do desrespeito à sinalização. Para a dona de casa Samara Barbosa, a instalação de semáforos, principalmente próximo às unidades educacionais, já resolveria o problema.

“Eles (motoristas) não querem nem saber se tem placa, se a pista está dividida, se tem criança ou não na rua, eles passam com tudo e só faltam levar a gente junto. Já aconteceram vários acidentes, só da semana passada para cá, foram três pessoas atropeladas e eu não serei a próxima. Tem muita criança morando ou estudando na escola e na creche e todos os dias, elas precisam atravessar essa pista, mas depois dessas obras, ficamos sem nenhuma segurança. Só queremos que sejam instalados semáforos aqui, para evitar o pior”, desabafou.

No entanto, para a moradora Denise Maria, o ideal é que sejam instaladas também lombadas no trecho e que guardas de trânsito atuem fiscalizando o fluxo de veículos próximo à escola e à creche. Para ela, os horários de entrada e saída dos estudantes são os mais críticos e que mais assustam as famílias que residem na área.

“Que os guardas fiquem, pelo menos, nesses horários, porque os motoristas que passam por aqui não estão nem aí para o fato de ter criança atravessando a pista. Eles não respeitam a sinalização de trânsito, imagine a gente. Uma faixa de pedestres em frente à escola também ajudaria muito, junto com o semáforo”, disse.

Comércios têm prejuízos
Além dos moradores que se sentem prejudicados com a transformação de uma das pistas em mão dupla – a outra foi interditada pela Semopi para as obras de esgotamento sanitário da região, os comerciantes locais também relatam prejuízos. André Luiz, que trabalha em uma loja de produtos para celulares, disse que o movimento no estabelecimento caiu mais de 70% desde que o trecho foi interditado pela Prefeitura.

“Além de sofrermos com a poeira, lama e os mosquitos, ainda tive prejuízo financeiro com essas obras. A maior parte da minha clientela é de idosos ou pessoas que vêm de carro, mas com esse buraco enorme aqui na frente da loja, eles não conseguem chegar e acabamos perdendo nossos clientes. Tudo o que queremos é que isso acabe logo, já que a previsão era para antes da Copa do Mundo e já passou mais de seis meses e nada”, falou.

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