PÉROLA
Em resposta a uma fala do presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), a presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira
que a “corrupção é uma senhora bastante idosa” e pode estar em todo
lugar. Mais cedo, o peemedebista havia afirmado que a corrupção está no
Poder Executivo, e não no Legislativo.
“Olha, você me desculpa mas eu acho que essa discussão
não leva a nada. A corrupção não nasceu hoje, ela não só é uma senhora
bastante idosa nesse País, como não poupa ninguém, pode estar em tudo
quanto é área, inclusive no setor privado”, disse a presidente em sua
primeira entrevista após as manifestações de domingo.
Ao comentar os protestos de ontem, Cunha disse que o
escândalo de corrupção está no Poder Executivo e que, se eventualmente
algum parlamentar se aproveitou da situação, foi por falta de
governança. O peemedebista é um dos investigados na Operação Lava Jato e
acusa a Procuradoria Geral da República (PGR) de agir de forma política
para transferir a crise para o Congresso.
Para Dilma, a própria décima fase da Lava Jato, que
prendeu o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, mostra que o governo não
faz interferências. “Esses acontecimentos mostram que todas as teorias
de como o governo interferiu sobre o Ministério Público ou quem quer que
seja para investigar ou fazer qualquer coisa com quem quer que seja é
absolutamente infundada”, disse. “Não vamos achar que tem qualquer
segmento acima de qualquer suspeita. Acho que o combate à corrupção
começa através de um processo educacional”, disse.
Questionada se a fase da operação poderia afetar o
governo, Dilma respondeu: “Se vocês estão se referindo ao governo como
sendo eu, asseguro que não. Jamais, em tempo algum”.
Petista adota tom de autocrítica
Após se reunir com os ministros que integram o grupo de
coordenação política, Dilma adotou nesta segunda um tom de autocrítica
sobre a política econômica e um de seus principais programas
educacionais, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). A presidente
admitiu um erro na condução do Fies.
“No caso do Fies, nós tivemos um erro. Vocês querem uma
confissão de erro? Vou te dizer onde. no fies. Passou para o setor
privado o controle dos cursos”, disse.
Na economia, Dilma disse que pode ter havido algum erro
de “dosagem”, mas ponderou que poderia ter sido melhor se o governo não
tivesse tomado medidas para evitar o desemprego durante a crise em 2009.
“É possível que a gente possa até ter cometido algum
(erro), agora qual foi o erro de dosagem que nós cometemos? Nós
gostaríamos muito que houvesse uma melhoria econômica de emprego e
renda. Tem gente que acha que nós deveríamos ter deixado algumas
empresas quebrarem. Eu tendo a achar que isso era um custo muito grande
para o país, agora se é possível discutir se é um pouco mais ou pouco
menos, é possível discutir. O que explica a situação atual é um fato
constatável: a economia não reagiu.”
PMDB
Perguntada se havia errado em uma tentativa de isolar o
PMDB, a petista disse que não tentou se afastar do partido do vice
Michel Temer. “Longe de nós querermos isolar o PMDB”, disse, depois de
chamar o companheiro de chapa de “leal, querido e extremamente
solidário”.
A presidente seguiu o discurso feito por seus auxiliares
ontem e hoje, e pregou “humildade e diálogo”. “Nós estamos em uma fase
democrática que temos de buscar o consenso mínimo. É da democracia não
haver concordância e unanimidade, unanimidade só tem em um regime”,
disse, referindo-se a governos autoritários.
Apesar de defender as manifestações pacíficas, a
presidente criticou o discurso do “quanto pior, melhor” e defendeu uma
espécie de trégua até as próximas eleições. “Quando a gente diz que o
‘quanto pior, melhor’ é algo que a gente não pode aceitar, o que nós
estamos dizendo é o seguinte: vamos brigar depois, agora vamos fazer
para o bem do Brasil tudo aquilo que tem de ser feito.”
Fonte: Terra
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