REVOLTA
Roberto Campello
Roberto_campello1@yahoo.com.br
Hoje, dia 26 de março, é o Dia Nacional Em Defesa da Educação. Em Natal, os estudantes realizaram dois atos de protesto contra o corte de verbas de 30% da Educação anunciado pelo Governo Federal – o que corresponde a aproximadamente R$ 7 bilhões – e reivindicando mais investimentos na área. O primeiro foi logo nas primeiras horas da manhã. Um grupo de aproximadamente 300 estudantes secundaristas, a maioria do Ensino Médio, saiu em caminhada do cruzamento das Avenidas Bernardo Vieira com a Salgado Filho com destino ao Centro Administrativo. No final da manhã, foi a vez dos universitários protestarem no Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), também contra o Governo Federal, mas com pautas específicas da universidade.
O protesto dos estudantes do Ensino Médio foi organizado pela União dos Estudantes Secundaristas Potiguares (UESP) e reuniu alunos do Colégio Atheneu, Escola Estadual Padre Miguelinho, CENEP, Escola Estadual Winston Churchill, Escola Estadual Walfredo Gurgel, Escola Estadual Francisco Ivo Cavalcanti e da Escola Estadual Professor Luis Soares.
A representante da UESP, Samara Martins, explica que o protesto é, principalmente, pelo corte de verbas na educação por parte do Governo Federal. “Avaliamos que a educação já tem pouco investimento e ainda querer cortar 30% vai afetar bastante as escolas estaduais e as universidades e o que já é ruim pode ficar ainda pior. Por isso que os estudantes estão hoje nas ruas para protestar contra essas medidas e também para reivindicar melhorias para as suas escolas”, afirma a estudante Samara Martins. Além disso, os estudantes também estão lutando contra a restrição da meia entrada, que já foi aprovada pelo Senado Federal. Com isso, cerca de 60% das entradas serão cortadas.
“O governo anuncia diariamente que somos a pátria educadora, mas pátria educadora que corta recursos da educação é um pouco contraditória. Defendemos que um país que de fato quer se desenvolver e crescer tem que investir em educação e não o contrário. Não pode tirar dinheiro da educação e dizer que o Brasil vai avançar com isso”, afirma Samara Martins.
Os estudantes saíram em caminhada até o Centro Administrativo e solicitaram uma audiência com o secretário estadual de Educação, Francisco das Chagas, para entregar uma série de reivindicações das escolas. No Colégio Atheneu, os estudantes reivindicam a climatização das salas. Os estudantes do CENEP cobram a reforma do ginásio, bem como dos laboratórios para os cursos técnicos, principalmente no que diz respeito a equipamentos. No Parque Miguelinho, o pleito é a reforma da quadra de esporte.
“A UESP sempre tenta fazer reconscientização dos estudantes, mostrando a importância deles para a mudança da sociedade, pois só com a organização das pessoas é que conseguimos as mudanças. Nós temos a apatia dos estudantes hoje porque as grandes entidades, por fazer parte do governo, desmotivaram os estudantes por defender certas posições do governo. Entendemos que as entidades não têm que se pautar por governo nenhum, e sim em defender os direitos dos estudantes. Nosso desafio é acabar com essa apatia dos estudantes”, destaca a estudante Samara Martins.
Protesto na UFRN
O corte do Governo Federal também atingiu a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Somado a isso, os constantes problemas como a demora e superlotação dos ônibus circular, a insegurança no Campus, com o alto índice de assaltos, principalmente à noite nas paradas de ônibus, e a superlotação e o alto preço cobrado pelo Restaurante Universitário (RU) foram alguns dos motivos que levaram os estudantes universitários a protestar no final da manhã de hoje no “bandejão” da UFRN. Semana passada, os estudantes já haviam protestado no local, pulando a catraca e entrando pela janela como forma de protesto. A reitoria intensificou a segurança no local como forma de evitar atos de vandalismo.
O estudante Anderson Castro, diretor da UNE/Juntos!, explica que além da pauta nacional de reivindicação os estudantes da UFRN, especificamente, tem uma pauta específica a apresentar a reitora Ângela Paiva. O principal ponto é demora na fila do RU e o preço da refeição, que hoje é de R$ 3,00. Os estudantes pedem a gratuidade no almoço servido no restaurante. A reitoria prometeu aumentar o número de catracas, que liberam o acesso ao restaurante, e construir, em longo prazo, outro RU. A estimativa é que o protesto hoje alcance cerca de 800 estudantes.
“Não queremos mais catracas, queremos gratuidade no RU, pois assistência estudantil não é esmola. É direito e deve ser assegurado pela instituição. Faz parte da nossa reivindicação a construção de outro restaurante universitário em Natal, bem como nos campi do interior, que ainda não tem esse direito. Exigimos que os restaurantes universitários sejam de produção e não apenas ponto de distribuição de alimentos. Queremos que a reitoria tome medidas mais enérgicas e não paliativas. A UFRN cresceu, aumento o número de estudantes, mas o RU permanece o mesmo. Ficou parado no tempo, esquecido”, afirma Anderson Castro. Segundo ele, em horários de maior movimento, o tempo de espera chega a ser superior aos 40 minutos. “Muitos estudantes tem deixado de se alimentar porque não podem esperar esse tempo todo”.
Anderson Castro cobra ainda mais investimento também na área da segurança. Ele conta que foi assaltado semana passada em uma parada localizada no anel viário do Campus universitário. “Meu caso não é isolado. Infelizmente tem se tornado uma constante na universidade e ninguém faz nada. A reitoria reforça a segurança no RU em dias de protesto, mas à noite o Campus está abandonado. Nosso objetivo é manter essas manifestações constantes e permanentes, até que o nosso pleito seja ouvido”, afirma o diretor da UNE/Juntos!.
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