domingo, 27 de dezembro de 2015

Natal espera 500 mil turistas nesta alta temporada de verão

VERÃO

 
Cerca de 500 mil turistas estrangeiros e nacionais vão desembarcar no Rio Grande do Norte até o próximo mês de fevereiro e injetar na economia potiguar algo em torno de R$ 1,5 bilhão. A alta temporada já começou neste mês de dezembro, com ocupação hoteleira superior a 90% para o Natal e o Ano Novo, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) e a Secretaria de Estado de Turismo.
 
Os números representam um aumento de 20% em relação ao início de 2015, que já havia sido bom, devido à inclusão de Natal na carteira de destinos divulgados por grandes agências de turismo  como a CVC, de acordo com o secretário estadual de Turismo, Ruy Gaspar. Seguem ainda uma tendência de crescimento registrado no ano, que teve presença 25% superior de visitantes, em relação a 2014.
 
Esses números, entretanto, ainda podem ser maiores, porque as estimativas são baseadas nas informações repassadas pelos hoteleiros. O secretário de Turismo ressalta que muitos turistas se hospedam de modo alternativo, em casa de parentes, ou alugam imóveis e, dessa forma, não entram nas estatísticas.
 
Para o trade turístico há ao menos duas razões para o bom momento. Uma delas é a alta do dólar, que gira em torno dos R$ 4 e desestimula o brasileiro a viajar para o exterior, fazendo-o optar pelo turismo dentro do próprio país. Ao mesmo tempo, a fragilidade da moeda local atrai o turista internacional.
 
Também colabora para o período, avaliam os empresários, uma maior divulgação do destino Rio Grande do Norte, inclusive promovida pelo setor público. “Natal, por parte do turismo, não sente nenhum prejuízo com a crise”, argumenta o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens no estado (ABAV/ RN), Abdon Gosson.
 
Ruy Gaspar ressalta que o governo e a Empresa Potiguar de Promoção Turística (Emprotur) participaram de eventos de divulgação de destinos ao longo do ano, o que reforçou a imagem da capital potiguar perante o mercado. 
 
O estado tenta atrair turistas principalmente da América do Sul e de países da Europa. Os resultados, de acordo com os órgãos ligados ao setor, já têm sido vistos no número de passageiros dos voos que desembarcam no Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante. 
 
A presidente da Emprotur (Empresa Potiguar de Promoção Turística), Ana Costa, lembrou que desde setembro o voo semanal da Gol entre a capital potiguar e Buenos Aires (Argentina) já conta lotação total, e não tem mais espaço para  reservas até março do próximo ano. Apesar de Natal ser a operação mais recente da Gol no Nordeste (em destinos para o país vizinho),  a companhia aérea estuda implantar uma nova freqüência (duas viagens semanais). O foco da propaganda promovida pela empresa, afirma Ana Costa, são os países que já contam com ponte aérea com Natal. “Vamos investir nos mercados onde já estamos. Na América do sul, principalmente a Argentina, mas não podemos esquecer Chile e Uruguai, por exemplo. Na Europa, vamos participar de eventos em Portugal, Holanda, Espanha, Itália e França”, comenta.
 
Mais contratações no setor 
 
O presidente da ABIH, José Odécio Júnior, comemora as boas perspectivas do turismo. Ele reforça que os hotéis estão com grande ocupação no final do ano, e em alguns lugares é difícil encontrar vaga para o Réveillon. O estado tem cerca de 40 mil leitos, dos quais 80% estão concentrados em Natal e na praia da Pipa.
 
“A gente estima que haja 80 mil turistas circulando por dia. Essas pessoas gastam, em média nesse período de 24 horas, R$ 200. É um dinheiro importante que movimenta vários setores da economia”, pontua. E complementa: parte desse recurso também volta para o poder público através de impostos.               
E complementa: parte desse recurso também volta para o poder público através de impostos.
 
José Odécio Junior ainda afirma  que o aquecimento dos negócios também gera mais emprego. Embora não tenha dados sobre o assunto, garantiu que os hotéis estão contratando mais pessoal para atender a demanda da clientela. Ao todo, conforme o governo do estado, o turismo envolve 55 cadeias de negócios, da produção aos serviços. “É preciso que se entenda cada vez mais a importância de investir na divulgação do estado”, acrescenta.  
 
INTERIORIZAÇÃO
 
De acordo com dados apresentados pela presidente da Emprotur Ana Costa o estado participou de 52 eventos de promoção turística neste ano, entre reuniões, salões, fóruns, workshops e feiras. Essa atuação deve persistir ao longo de 2016. A estatal também passará a divulgar novos destinos potiguares dentro de uma política de interiorização do turismo, conforme a vocação dos municípios com roteiros diferenciados por região. 
 
O roteiro religioso vai contemplar municípios como Santa Cruz, Currais Novos, Acari, Carnaúba dos Dantas, Parelhas, Florânia e Lagoa Nova; gastronômico contempla Pipa, Natal e São Miguel do Gostoso; e o histórico, por sua vez, abrange a capital, Mossoró, Martins, Porta Alegre, e Apodi. São Bento e Galinhos também serão municípios contemplados, através de outros roteiros. “Outros municípios ainda não foram incluídos porque ainda não têm infraestrutura para atender à demanda”, conclui.
 
Exigência de visto faz turista norte-americano procurar outro destino
 
A alta do dólar, apesar de vantajosa para o turismo no estado, ainda não conseguiu atrair o turista norte-americano. Para as entidades representativas dos empresários potiguares no setor, o grande empecilho, não apenas para o Rio Grande do Norte, mas para todo o país, é o visto obrigatório ao turista dos Estados Unidos. A exigência faz parte da política de reciprocidade do governo brasileiro que implementou a medida pelo fato de o brasileiro também ser submetido à mesma exigência em terras do Tio Sam.
 
O secretário de Turismo do estado, Ruy Gaspar, argumenta que o turista americano é mais conservador que o Europeu por exemplo. Ao se deparar com necessidade de visto e a perspectiva de chegar a um país onde grande parte das pessoas não fala sua língua, ele prefere não se arriscar. “Por isso ele viaja mais para o Caribe e para a Europa”, diz. O secretário ainda lamenta o fato de não ter sido feita nenhuma pesquisa com o turista que veio a Natal para a Copa do Mundo. Para ele, sem saber de que região veio a maioria durante o evento, fica difícil fazer uma divulgação acertada. “Natal tem uma relação histórica com os Estados Unidos e isso poderia ser aproveitado para o turismo. Infelizmente, até hoje nada foi feito”, fala.  
 
Abdon Gosson, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV-RN) considera que a exigência do visto prejudica “drasticamente” o turismo norte-americano no país. “Se ele encontra dificuldade de entrar aqui, vai para outro destino que concorre com o Brasil”, assegura.
 
O governo federal vai flexibilizar a medida durante as Olimpíadas de 2016. Para José Odécio Júnior será uma boa oportunidade de divulgar Natal. “É um público com poder aquisitivo alto, que viaja bastante e gasta bastante”, garante. Ele defende a queda da exigência. “Nós precisamos do dinheiro deles. Portanto, é preciso mais pragmatismo e menos ideologia”, pondera. 
 
TURISTA POTIGUAR 
Apesar do dólar alto, o brasileiro ainda pode viajar para o exterior, garante Gosson. Quem tem mais flexibilidade de horários e dias pode encontrar passagens e hospedagens muito mais baratas que um ano atrás, diz ele. “É possível achar passagem até 70% mais barata”, confirma. Além das companhias aéreas, hotéis também realizam promoções, justamente devido à recessão. Apesar disso, o empresário reconhece que a classe média – que representa “o grande volume” de pacotes - tem deixado de viajar para fora do país, dadas as incertezas econômicas.
 

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