Cerca de 500 mil turistas estrangeiros e nacionais vão desembarcar
no Rio Grande do Norte até o próximo mês de fevereiro e injetar na
economia potiguar algo em torno de R$ 1,5 bilhão. A alta temporada já
começou neste mês de dezembro, com ocupação hoteleira superior a 90%
para o Natal e o Ano Novo, de acordo com a Associação Brasileira da
Indústria de Hotéis (ABIH) e a Secretaria de Estado de Turismo.
Os
números representam um aumento de 20% em relação ao início de 2015, que
já havia sido bom, devido à inclusão de Natal na carteira de destinos
divulgados por grandes agências de turismo como a CVC, de acordo com o
secretário estadual de Turismo, Ruy Gaspar. Seguem ainda uma tendência
de crescimento registrado no ano, que teve presença 25% superior de
visitantes, em relação a 2014.
Esses números,
entretanto, ainda podem ser maiores, porque as estimativas são baseadas
nas informações repassadas pelos hoteleiros. O secretário de Turismo
ressalta que muitos turistas se hospedam de modo alternativo, em casa de
parentes, ou alugam imóveis e, dessa forma, não entram nas
estatísticas.
Para o trade turístico há ao menos
duas razões para o bom momento. Uma delas é a alta do dólar, que gira em
torno dos R$ 4 e desestimula o brasileiro a viajar para o exterior,
fazendo-o optar pelo turismo dentro do próprio país. Ao mesmo tempo, a
fragilidade da moeda local atrai o turista internacional.
Também
colabora para o período, avaliam os empresários, uma maior divulgação
do destino Rio Grande do Norte, inclusive promovida pelo setor público.
“Natal, por parte do turismo, não sente nenhum prejuízo com a crise”,
argumenta o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens
no estado (ABAV/ RN), Abdon Gosson.
Ruy Gaspar
ressalta que o governo e a Empresa Potiguar de Promoção Turística
(Emprotur) participaram de eventos de divulgação de destinos ao longo do
ano, o que reforçou a imagem da capital potiguar perante o mercado.
O
estado tenta atrair turistas principalmente da América do Sul e de
países da Europa. Os resultados, de acordo com os órgãos ligados ao
setor, já têm sido vistos no número de passageiros dos voos que
desembarcam no Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante.
A
presidente da Emprotur (Empresa Potiguar de Promoção Turística), Ana
Costa, lembrou que desde setembro o voo semanal da Gol entre a capital
potiguar e Buenos Aires (Argentina) já conta lotação total, e não tem
mais espaço para reservas até março do próximo ano. Apesar de Natal ser
a operação mais recente da Gol no Nordeste (em destinos para o país
vizinho), a companhia aérea estuda implantar uma nova freqüência (duas
viagens semanais). O foco da propaganda promovida pela empresa, afirma
Ana Costa, são os países que já contam com ponte aérea com Natal. “Vamos
investir nos mercados onde já estamos. Na América do sul,
principalmente a Argentina, mas não podemos esquecer Chile e Uruguai,
por exemplo. Na Europa, vamos participar de eventos em Portugal,
Holanda, Espanha, Itália e França”, comenta.
Mais contratações no setor
O
presidente da ABIH, José Odécio Júnior, comemora as boas perspectivas
do turismo. Ele reforça que os hotéis estão com grande ocupação no final
do ano, e em alguns lugares é difícil encontrar vaga para o Réveillon. O
estado tem cerca de 40 mil leitos, dos quais 80% estão concentrados em
Natal e na praia da Pipa.
“A gente estima que haja
80 mil turistas circulando por dia. Essas pessoas gastam, em média
nesse período de 24 horas, R$ 200. É um dinheiro importante que
movimenta vários setores da economia”, pontua. E complementa: parte
desse recurso também volta para o poder público através de impostos.
E complementa: parte desse recurso também volta para o poder público através de impostos.
José
Odécio Junior ainda afirma que o aquecimento dos negócios também gera
mais emprego. Embora não tenha dados sobre o assunto, garantiu que os
hotéis estão contratando mais pessoal para atender a demanda da
clientela. Ao todo, conforme o governo do estado, o turismo envolve 55
cadeias de negócios, da produção aos serviços. “É preciso que se entenda
cada vez mais a importância de investir na divulgação do estado”,
acrescenta.
INTERIORIZAÇÃO
De
acordo com dados apresentados pela presidente da Emprotur Ana Costa o
estado participou de 52 eventos de promoção turística neste ano, entre
reuniões, salões, fóruns, workshops e feiras. Essa atuação deve
persistir ao longo de 2016. A estatal também passará a divulgar novos
destinos potiguares dentro de uma política de interiorização do turismo,
conforme a vocação dos municípios com roteiros diferenciados por
região.
O roteiro religioso vai contemplar
municípios como Santa Cruz, Currais Novos, Acari, Carnaúba dos Dantas,
Parelhas, Florânia e Lagoa Nova; gastronômico contempla Pipa, Natal e
São Miguel do Gostoso; e o histórico, por sua vez, abrange a capital,
Mossoró, Martins, Porta Alegre, e Apodi. São Bento e Galinhos também
serão municípios contemplados, através de outros roteiros. “Outros
municípios ainda não foram incluídos porque ainda não têm infraestrutura
para atender à demanda”, conclui.
Exigência de visto faz turista norte-americano procurar outro destino
A
alta do dólar, apesar de vantajosa para o turismo no estado, ainda não
conseguiu atrair o turista norte-americano. Para as entidades
representativas dos empresários potiguares no setor, o grande empecilho,
não apenas para o Rio Grande do Norte, mas para todo o país, é o visto
obrigatório ao turista dos Estados Unidos. A exigência faz parte da
política de reciprocidade do governo brasileiro que implementou a medida
pelo fato de o brasileiro também ser submetido à mesma exigência em
terras do Tio Sam.
O secretário de Turismo do
estado, Ruy Gaspar, argumenta que o turista americano é mais conservador
que o Europeu por exemplo. Ao se deparar com necessidade de visto e a
perspectiva de chegar a um país onde grande parte das pessoas não fala
sua língua, ele prefere não se arriscar. “Por isso ele viaja mais para o
Caribe e para a Europa”, diz. O secretário ainda lamenta o fato de não
ter sido feita nenhuma pesquisa com o turista que veio a Natal para a
Copa do Mundo. Para ele, sem saber de que região veio a maioria durante o
evento, fica difícil fazer uma divulgação acertada. “Natal tem uma
relação histórica com os Estados Unidos e isso poderia ser aproveitado
para o turismo. Infelizmente, até hoje nada foi feito”, fala.
Abdon
Gosson, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens
(ABAV-RN) considera que a exigência do visto prejudica “drasticamente” o
turismo norte-americano no país. “Se ele encontra dificuldade de entrar
aqui, vai para outro destino que concorre com o Brasil”, assegura.
O
governo federal vai flexibilizar a medida durante as Olimpíadas de
2016. Para José Odécio Júnior será uma boa oportunidade de divulgar
Natal. “É um público com poder aquisitivo alto, que viaja bastante e
gasta bastante”, garante. Ele defende a queda da exigência. “Nós
precisamos do dinheiro deles. Portanto, é preciso mais pragmatismo e
menos ideologia”, pondera.
TURISTA POTIGUAR
Apesar
do dólar alto, o brasileiro ainda pode viajar para o exterior, garante
Gosson. Quem tem mais flexibilidade de horários e dias pode encontrar
passagens e hospedagens muito mais baratas que um ano atrás, diz ele. “É
possível achar passagem até 70% mais barata”, confirma. Além das
companhias aéreas, hotéis também realizam promoções, justamente devido à
recessão. Apesar disso, o empresário reconhece que a classe média – que
representa “o grande volume” de pacotes - tem deixado de viajar para
fora do país, dadas as incertezas econômicas.
por: Igor Jácome/NOVO
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