PREVIDÊNCIA
Guardar, todos os meses, uma quantia X na poupança é a melhor maneira de garantir uma aposentadoria mais tranquila, certo? Não, não é bem assim. Com a inflação maior do que o rendimento da caderneta, nos últimos tempos, o dinheiro que o brasileiro investe na aplicação mais tradicional do país tem perdido valor, mês a mês. Por isso, fazer num plano de previdência privada pode ser uma boa alternativa. Segundo especialistas, este é um dos melhores investimentos para uma época de crise, como a que deve se arrastar também por 2016.
Para efeito de comparação, em 12 meses até novembro passado, a poupança rendeu 7,95%, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — que mede a inflação oficial do país — foi de 10,48%. Com isso, a rentabilidade real da caderneta foi negativo, ou seja, o dinheiro lá depositado no período passou a valer 2,29% menos. Os planos previdenciários, porém, renderam mais de 10%.
De olho nesse cenário e cientes de que os benefícios do INSS estão longe de serem suficientes para arcar com as despesas na terceira idade, cada vez mais brasileiros optam pelos planos de previdência como forma de investimento. Segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), de janeiro a outubro deste ano, as contribuições para essas aplicações cresceram 19,7%, sobre igual período de 2014.
A Fenaprevi não divulga números de adesões, mas na BrasilPrev, por exemplo, a base de clientes, em outubro, havia crescido 7% em relação ao mesmo mês de 2014. A empresa oferece planos de previdência a partir de R$ 60 por mês para adultos e de R$ 25 para crianças.
— A previdência ajuda as pessoas a terem disciplina. Você consegue fixar um valor e escolher uma data para a quantia ser debitada de sua conta. Se não tomamos uma iniciativa como essa, o dinheiro vai embora, sem que se perceba. Seu padrão de vida se adapta a seu novo salário e você não consegue guardar nada. É o que acontece com a maioria das pessoas — diz Guilherme Rossi, superintendente comercial da Brasilprev.
Antes de contratar um plano de previdência privada, é necessário, porém, analisar as rentabilidades de cada tipo de fundo. Além disso, o consumidor precisa estar atento às taxas cobradas pelas instituições — como a de administração, para gerir os recursos. Esta é anual e pode variar de uma empresa para a outra. Confira abaixo alguns exemplos.
Diferenças entre PGBL e VGBL
O que diferencia os planos planos Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) e Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) é a forma de tributação, ou seja, como incide o Imposto de Renda (IR). Maristela Gorayb, diretora de Previdência e Vida Resgatável da Mapfre, explica essa sopa de letrinhas:
— O PGBL é mais indicado para quem faz a declaração do Imposto de Renda pelo modelo completo, que são as pessoas que têm mais despesas (médicas e de educação) para abater no IR. Tudo o que você aplica no PGBL, limitado a 12% da renda bruta tributável, pode ser deduzido da base de cálculo do imposto — diz Maristela.
Isso significa que, quem investe em PGBL pode reduzir o valor do imposto a pagar ou aumentar a restituição de IR. Imagine um contribuinte tenha um rendimento bruto anual de R$ 100 mil. Com o PGBL, ele pode declarar R$ 88 mil ao Leão. O IR sobre os R$ 12 mil restantes, aplicados em PGBL, pode ser pago no resgate desse dinheiro.
Quem opta pelo VGBL? Quem investe mais do que 12% (de sua renda bruta) num plano ou a pessoa que faz a declaração do IR pelo modelo simplificado (que não permite deduzir despesas, pois já dá um abatimento único na declaração).
Vale lembrar que a tributação ocorre no momento em que a pessoa faz o resgate do valor aplicado. A diferença é que, no PGBL, o Imposto de Renda incide sobre a quantia total: o montante aplicado mais o rendimento gerado sobre ele. No VGBL, o imposto recai apenas sobre o quanto investimento rendeu até o momento de ser resgatado, e não sobre a parte que a pessoa acumulou ao longo dos anos.
Entrevista: Marcos Figueiredo, superintendente de Produtos de Investimento do Santander
A partir de quantos reais por mês é possível contratar um plano de previdência?
A partir de R$ 30, já é possível contratar um plano, seja PGBL ou VGBL.
Tem havido, ultimamente, uma mudança de pensamento das classes B e C em relação a ter esse planejamento?
As classes C e B têm outras dificuldades além da previdência (que é uma projeção para o futuro), têm outras batalhas a vencer, entre elas, sair das dívidas no curto prazo. Para o grupo que consegue ter alguma sobra de recursos, o produto tradicional ainda é a poupança. Mas muitas dessas pessoas, que têm mais familiaridade com investimentos e que já sabem se programar financeiramente, vêm procurando os planos de previdência.
Isso se deve a quê?
O plano de previdência tem a facilidade do aporte mensal. Você se programa e estipula um valor para ser debitado mensalmente de sua conta. O investidor aproveita melhor os benefícios. Ele busca essa alternativa como aplicação de longo prazo.
Em geral, os rendimentos desses planos conseguem superar a inflação?
Sim. Se você imaginar, por exemplo, que uma caderneta vai render em torno de 7% ao ano e imaginar que um plano de previdência, para uma faixa de até R$ 10 mil (por ano), vai render 8,5% ou 9%, o investimento já é melhor do que a poupança.
Entenda como funciona:
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