O ex-presidente da CBF, José Maria Marin, não apresentará a
carta de crédito de US$ 2 milhões (R$ 8 milhões) nesta sexta-feira, data
em que termina o prazo concedido pela Justiça dos EUA. Fontes ligadas
ao processo revelaram ao Estado de S. Paulo que os custos vinculados à
carta são o principal motivo da dificuldade em obter o documento. Apesar
do não cumprimento do acordo, estendido em um mês pelo juiz Raymond
Dearie, o cartola pode não perder o direito a prisão domiciliar,
tampouco ser transferido para uma prisão.
Fontes
com acesso direto ao processo acreditam que o ex-cartola consegue
cumprir o acordo com a Justiça norte-americana sem apresentar a carta de
crédito. Desta maneira, a defesa do réu tenta negociar o acordo tendo
como base o argumento de que as demais condições já estão sendo
cumpridas.
"Os custos dos juros no Brasil são
absurdos, considerando o período de três anos de execução do processo,
isso inviabiliza a carta. Existe um pacote com garantias substanciais
sendo cumpridas e não há como Marin ser preso por não apresentar a
carta", revelou ao Estado de S. Paulo uma fonte ligada ao processo nos
EUA.
Com possibilidade de ser condenado a 20 anos
de prisão, sob as acusações de fraude, conspiração e lavagem de
dinheiro, Marin precisa cumprir com a garantia de US$ 15 milhões (R$ 60
milhões) à Justiça dos EUA para aguardar o julgamento em prisão
domiciliar. Pelo acordo, que inclui seu apartamento em Manhattan
avaliado em US$ 3,5 milhões e o pagamento em dinheiro já feito de US$ 1
milhão, a carta de crédito de US$ 2 milhões deveria ser entregue até
esta sexta-feira.
CARTA DE CRÉDITO - Concedida por
banco ou seguradora no Brasil e validada por uma instituição financeira
nos EUA, a carta de crédito tem custo mensal de manutenção estimado em
R$ 160 mil (considerando os atuais juros de 2% ao mês). Caso o processo
se estenda por três anos, os custos totais do documento chegam a R$ 5,7
milhões. Neste caso, o preço da obtenção da carta corresponde a mais da
metade do valor que precisa ser garantido por ela - desvantagem
financeira para o ex-presidente da CBF.
Após ser
preso em maio de 2015 na Suíça com outros seis dirigentes de futebol,
Marin foi extraditado em novembro para os Estados Unidos, onde aguarda
julgamento em prisão domiciliar em seu apartamento de luxo na Quinta
Avenida. O brasileiro, no entanto, só pode sair de casa após comunicar à
Justiça, além de ter de arcar com todos os custos da vigilância de 24
horas no local, despesa que já lhe custou mais de US$ 70 mil desde sua
chegada à Nova York.
Nenhum comentário:
Postar um comentário