terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Finanças de 2016 ainda são incerteza para Robinson

INCERTEZA
 
Para o governador Robinson Faria (PSD) o ano de 2016 ainda é uma incógnita quando o assunto é a situação financeira do estado. “É um ano subjetivo, porque dependerá muito da situação do Brasil. Não dá para falar com segurança, com convicção, como vai ser”, afirmou. Esse será pelo menos um dos temas que ele vai abordar hoje (2) em sua mensagem na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN), durante a abertura anual dos trabalhos  parlamentares. 
 
Apesar de preferir não antecipar o conteúdo da mensagem que será lida aos deputados estaduais, Robinson Faria disse que espera um bom relacionamento entre os poderes, como no ano passado, de forma republicana e “sem barganha”. Mesmo diante do quadro tenebroso, ele afirma que vai apresentar metas. 
 
O termo “subjetivo” foi usado pelo gestor pelo menos duas vezes em menos de dez minutos de entrevista. O governador apontou que, embora o estado tenha aumentado a arrecadação nominal no ano passado e também em janeiro, fechar as contas será um desafio a cada mês.
 
“A parte do estado nós fizemos, mas da parte da União houve uma frustração de receita de quase R$ 100 milhões, e, somado a isso, uma frustração na receita dos royalties de petróleo, que caiu de forma assustadora”, apontou, citando reportagem do NOVO na edição do último domingo (31). Estado e municípios potiguares perderam R$ 163 milhões em royalties em 2015. Para ele, falta parceria do governo federal em áreas como o sistema prisional, enfrentamento à seca e especialmente liberação de crédito, entre outros.
 
“Cada mês será uma expectativa porque o Rio Grande do Norte não é um estado industrializado. Não dependo só do estado, dependo da União. O estado está vivendo sozinho. A receita do estado é insuficiente para manter todas as suas demandas”, defendeu. 
 
Uma dessas demandas é o pagamento dos servidores. Sem o fundo previdenciário, zerado no fim do ano passado, o estado deixou de pagar os vencimentos dentro do mês, adiando o depósito para a próxima quinta e sexta-feira (4 e 5). Robinson argumentou que só não pagou na data tradicional por causa de uma frustração inesperada no Fundo de Participação do Estado (FPE) de janeiro. Apesar disso, disse que vem cumprindo os repasses da previdência, de R$ 90 milhões por mês. “Vamos pagar a previdência na sua integralidade. Isso realmente onera, é dinheiro que poderia ser investido em outras áreas, como saúde, segurança, centrais do cidadão, contrapartidas de obras e convênios, mas temos que fazer esse cumprimento”.   
 
O governador ainda falou sobre investimentos. A lei orçamentária de 2016 estabelece um valor de R$ 500 mil, cerca de 4,8% do orçamento para este fim. Robinson reconheceu que “é muito pouco”. De acordo com ele, atualmente o estado conta com uma única fonte (Fonte 100), que arca com todas as despesas da máquina pública estadual, desde folha de pagamento dos servidores a repasses constitucionais para os poderes, custeio, investimentos e contrapartidas. “Sem nenhum tipo de convênio, fica difícil estabelecer um programa. É lógico que vou anunciar as metas de 2016 (na Assembleia), afinal isso fez parte da minha campanha para o governo. Vou colocar algumas delas, mas acho que esse ano vai ser tão difícil como 2015”, comparou. 
 
Apesar disso, o governador  destacou que realizou medidas no primeiro ano de gestão que possibilitaram o aumento do turismo e do empreendedorismo no estado e permitiram que ele conseguisse pagar os salários dos servidores. Segundo apontou, o turismo injetou no comércio potiguar R$ 1 bilhão em 2015.  Além disso, o estado teve 12% mais registros de novas empresas, em comparação com o ano anterior.
 
“Conseguimos tocar obras importantes, concluir o acesso ao aeroporto, retomamos a Moema Tinoco (importante avenida da Zona Norte que faz parte do Pro-Transporte, obra do sistema viário da capital), estamos saneando Natal, terminamos algumas adutoras, estamos retomando obras paradas, o turismo gerou novos empregos. Foi um ano  de vitória”.
 
PGE vai revisar contrato com OAS
 
Por ordem do governador, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) está analisando a lei regulamentadora e o contrato firmado com a empreiteira OAS para a construção da Arena das Dunas, inaugurada em janeiro de 2014. Por mês, o governo paga cerca de R$ 10 milhões como contraprestação pública pela construção e administração da praça esportiva. A medida para revisão do contrato foi sugerida pela Ordem dos Advogados do Brasil RN, devido à situação delicada das finanças estaduais. 
 
Robinson Faria, entretanto, afirmou que vai trabalhar com cautela. A revisão, de acordo com ele, não foi ocasionada por desconfiança de que haja alguma coisa ilícita. Se existir, porém, será corrigida, disse.
 
“O estado tem que ter cuidado para não ser tachado por instabilidade jurídica. Se amanhã nós vamos buscar outras PPPs, e vou buscar, para fazer estradas, hospital de traumas, presídios, então temos que ter esse cuidado para que nenhuma empresa não queira fazer parceria conosco”, ponderou.
 
Robinson disse que é a favor das PPPs e confirmou que os sete presídios previstos pelo Plano Plurianual 2016-2019 na  segurança poderão ser construídos com base nesse tipo de contrato. Ele ponderou que é preciso ser criativo para poder governar:“Essa é uma solução para a falta do tesouro estadual. Mal sobra para pagar folha de servidor e o mínimo custeio. O estado não tem mais recurso. A falência do Brasil, dos entes públicos, chegou a um ponto de exaustão. Quem não for criativo, como gestor, vai se tornar um mero gerente de folha de pagamento e gerenciador de crise”.
 
Orçamento é de R$10 bilhões
O governador Robinson Faria vai abrir o ano legislativo, hoje, na Assembleia, falando sobre metas e como vai aplicar o orçamento de mais de R$ 10,5 bilhões para 2016. 
Todo detalhamento da Lei Orçamentária Anual (LOA) foi publicada no último sábado (30) no Diário Oficial do Estado  (DOE). 
 
Dos R$ 10.584.707 (bilhões) apenas R$ 514.139.000 (milhões) ou 4,85% vão para investimentos que vão depender da arrecadação própria de receitas e outras fontes. Ao NOVO, ontem, Robinson Faria reconheceu que esse é um valor baixo. 
 
Pela Lei Orçamentária Anual (LOA), número 10.050 de 29 de janeiro de 2016, retroativo a sábado passado, os R$ 514 milhões para investimentos  decorrerá da arrecadação própria de receitas e de outras fontes. 
 
A receita total estimada  foi distribuída da seguinte forma: orçamento fiscal terá disponíveis R$ 8.994.880) e do orçamento da seguridade social, R$ 1.589.827. O orçamento deste ano é 14,21% menor que o de 2015 (R$ 12,338 bilhões. 
 
No exercício financeiro deste ano, a receita apontada no orçamento poderá ser alterada porque depende da arrecadação. A despesa, fixada no mesmo valor da receita estimada, será de R$ 7.169.191 (bilhões). Da mesma forma, a despesa do orçamento da seguridade social está prevista para a ordem de R$ 3.415.516 (bilhões). 
 
O poder Executivo poderá abrir créditos suplementares ao orçamento no limite correspondente a 10% do total de despesas. Os créditos suplementares serão destinados para alteração da regionalização do Programa de Trabalho; dos recursos oriundos de operações de crédito autorizadas ou contratadas, de convênios alocados à disposição do estado pela União, e de receitas próprias da administração indireta e dos fundos.
 
A LOA também autoriza o governo a realizar operações de antecipação orçamentária até o limite de 2% sobre a receita corrente líquida que é o somatório das receitas tributárias do governo referentes a contribuições patrimoniais, industriais, agropecuárias e de serviços,  deduzidos os valores das transferências constitucionais.
As normas, limites e medidas a serem adotadas pelo governo na aplicação do orçamento deste ano serão publicadas no DOE.
 
Ano legislativo
 
A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte inicia os trabalhos legislativos de 2016  hoje com atos tradicionais como revista às tropas da Polícia Militar feita pelo presidente da Assembleia,  Ezequiel Ferreira de Souza (PMDB) e a leitura anual da mensagem do Governador Robinson Faria (PSD). A solenidade  começa às 9 horas no Palácio José Augusto, sede do Poder Legislativa. Às 9h30 será aberta a sessão solene de instalação da Sessão Legislativa de 2016, com a mensagem do Governador Robinson Faria, que fará uma prestação de contas do primeiro ano da sua administração. Começa a funcionar hoje o painel eletrônico que irá possibilitar mais transparência às atividades parlamentares. 
 
COMPOSIÇÃO
 
O orçamento público está previsto na Constituição Federal de 1988
 
É uma previsão das receitas e fixação de gastos públicos
 
É um processo de planejamento contínuo e dinâmico que o Estado utiliza para demonstrar, anualmente, seus planos e programas de trabalho gerais e de cada um de seus órgãos 
 
O orçamento exprime em termos financeiros e técnicos, as decisões políticas na alocação dos recursos públicos, estabelecendo as ações e os programas prioritários para atender às demandas da sociedade, além de permitir o controle das finanças públicas, evitando que sejam realizados gastos não previstos
 
Materializa-se por meio de uma lei ordinária , a Lei Orçamentária Anual (LOA) de iniciativa do Poder Executivo 
 
A LOA é elaborada no exercício anterior, sendo aprovada pela Poder Legislativo
 
A Constituição Federal  estabeleceu o modelo orçamentário brasileiro e instituiu instrumentos com o objetivo de vincular o planejamento ao orçamento. São leis interdependentes: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA)
 
O PPA define as prioridades do governo por um período de quatro anos (governo do RN publicou quarta-feira, 27) com diretrizes, objetivos e metas. Estabelece a ligação entre as prioridades de longo prazo e a LOA
 
A LDO prioriza as metas do PPA e orienta a elaboração do Orçamento Geral
 
Orçamento 
Estadual 2016 
 
R$ 10.584.707 
bilhões
 
Orçamento fiscal 
 
R$ 8.994.880
 
Orçamento da 
seguridade social
 
R$ 1.589.827
bilhão
 
Investimento 
 
R$ 514.139.000 
milhões
 

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