O ouvidor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
(Crea), Eunélio Silva, critica o projeto arquitetônico da Penitenciária
Estadual de Alcaçuz e considera que a escolha dele foi o primeiro erro
cometido pelo Governo com relação à unidade. Eunélio é responsável por
boa parte das vistorias e inspeções do Crea e tem vários anos de
experiências no ramo das edificações.
“O segundo
erro é a localização. Todos nós sabemos que a questão de uma localização
de um presídio é uma coisa complexa, porque a sociedade o rejeita de
forma veemente. Haja vista um problema agora em Ceará-Mirim, que o
Governo do Estado estava pronto com o projeto para construir uma unidade
e entraram com uma ação pública para impedir a construção”, continua.
O engenheiro destaca que o lugar em que foi
levantado o presídio contribui para a sua fragilidade de segurança.
“Então o que aconteceu ali? Surgiu aquele terreno, ninguém contestou,
ele foi lá e fez. Não quis saber das consequências disso”, critica.
“Agora qual é minha opinião: só não tem jeito para a morte”. Eunélio
Silva diz que é possível reverter a situação em Alcaçuz, todavia é
preciso investimento e vontade política.
Ele cita
como exemplo o presídio Rogério Coutinho Madruga, conhecido como
Pavilhão V de Alcaçuz. O estabelecimento fica dentro das dependências da
maior penitenciária do Estado, entretanto por lá não se registra fugas.
Segundo
Eunélio, o concreto usado no Pavilhão V é mais resistente, com camada
mais espessa. Os agentes não têm contato próximo com os apenados, por
controlam as carceragens de um andar acima das celas, o que também lhes
possibilita mais segurança.
De toda maneira, o
ouvidor do Crea alerta para a necessidade de se levar um corpo técnico
de especialista até Alcaçuz para estudar a maneira como são construídos
os túneis.
“Governo tem uma equipe muito boa, que
eu conheço, lá da Secretaria de Infraestrutura, e que essa equipe
poderia ir fazer uma avaliação de como estão ocorrendo as coisas para
arrumar uma solução. Porque a solução só vai ser dada se for lá observar
como está sendo feito, como eles estão cavando os túneis”, reforça.
Ainda
de acordo com Eunélio Silva, o trabalho poderia ser feito do lado de
fora da penitenciária, visto que dá para identificar os locais onde saem
os buracos.
Segundo o engenheiro, uma vez
identificando a estrutura dos túneis e a maneira de construção usada
pelos presos - se constroem na diagonal, em linha reta, etc - haverá
jeito de elaborar uma forma de destruir todos. “Eu também,com minha
experiência, não me nego de contribuir de alguma forma para dar a
solução. Mas é preciso estudar. O que não pode é ficar a sociedade,
todos os dias, recebendo notícia de fuga. Isso não existe!”, exclamou.
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