quarta-feira, 30 de março de 2016

Especialista propõe investigação da rede de túneis em Alcaçuz

INVESTIGAÇÃO
O ouvidor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), Eunélio Silva, critica o projeto arquitetônico da Penitenciária Estadual de Alcaçuz e considera que a escolha dele foi o primeiro erro cometido pelo Governo com relação à unidade. Eunélio é responsável por boa parte das vistorias e inspeções do Crea e tem vários anos de experiências no ramo das edificações.
 
“O segundo erro é a localização. Todos nós sabemos que a questão de uma localização de um presídio é uma coisa complexa, porque a sociedade o rejeita de forma veemente. Haja vista um problema agora em Ceará-Mirim, que o Governo do Estado estava pronto com o projeto para construir uma unidade e entraram com uma ação pública para impedir a construção”, continua.
 
Eunélio Silva, ouvidor do Crea
 
O engenheiro destaca que o lugar em que foi levantado o presídio contribui para a sua fragilidade de segurança. “Então o que aconteceu ali? Surgiu aquele terreno, ninguém contestou, ele foi lá e fez. Não quis saber das consequências disso”, critica. “Agora qual é minha opinião: só não tem jeito para a morte”. Eunélio Silva diz que é possível reverter a situação em Alcaçuz, todavia é preciso investimento e vontade política.
 
Ele cita como exemplo o presídio Rogério Coutinho Madruga, conhecido como Pavilhão V de Alcaçuz. O estabelecimento fica dentro das dependências da maior penitenciária do Estado, entretanto por lá não se registra fugas.
 
Segundo Eunélio, o concreto usado no Pavilhão V é mais resistente, com camada mais espessa. Os agentes não têm contato próximo com os apenados, por controlam as carceragens de um andar acima das celas, o que também lhes possibilita mais segurança.
 
De toda maneira, o ouvidor do Crea alerta para a necessidade de se levar um corpo técnico de especialista até Alcaçuz para estudar a maneira como são construídos os túneis.
 
“Governo tem uma equipe muito boa, que eu conheço, lá da Secretaria de Infraestrutura, e que essa equipe poderia ir fazer uma avaliação de como estão ocorrendo as coisas para arrumar uma solução. Porque a solução só vai ser dada se for lá observar como está sendo feito, como eles estão cavando os túneis”, reforça.
 
Ainda de acordo com Eunélio Silva, o trabalho poderia ser feito do lado de fora da penitenciária, visto que dá para identificar os locais onde saem os buracos.
 
Segundo o engenheiro, uma vez identificando a estrutura dos túneis e a maneira de construção usada pelos presos - se constroem na diagonal, em linha reta, etc - haverá jeito de elaborar uma forma de destruir todos. “Eu também,com minha experiência, não me nego de contribuir de alguma forma para dar a solução. Mas é preciso estudar. O que não pode é ficar a sociedade, todos os dias, recebendo notícia de fuga. Isso não existe!”, exclamou. 
 

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