IMPEACHMENT
Após o desembarque oficial do PMDB do governo, o líder do partido na
Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), disse nesta terça-feira, 29,
que, a partir de agora, votará matérias na Casa de acordo com sua
"consciência", com as "decisões da bancada" e com "o que for melhor para
o País". "Vamos defender temas. O que julgarmos importante para o País
defenderemos", afirmou.
Apesar de não ter participado da reunião
que aprovou o rompimento, por ser contra o desembarque, o líder assumiu
o discurso partidário. Disse que, a partir de agora, "ninguém mais está
autorizado" a assumir cargos no governo. "Quem ficar fica por conta
própria. A liderança não encaminhará mais pleitos por cargos", afirmou.
O
recuo também foi dado pelo indicado por Picciani para integrar a
Secretaria da Aviação Civil (SAC), deputado federal Mauro Lopes (MG). O
mineiro decidiu que entregará o cargo nos próximos dias, depois que
conversar com a presidente Dilma, o vice-presidente Michel Temer e a
bancada do PMDB de Minas Gerais, que já rompeu oficialmente com o
governo.
O cargo foi oferecido pelo Planalto a Mauro Lopes como
uma das últimas tentativas de manter o PMDB na base aliada. Lopes tomou
posse na semana retrasada. Também indicados por Picciani, os ministros
Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde) querem
ficar nos cargos.
Com a saída do posto, Lopes evita ser expulso
do partido. Peemedebistas já admitem que o processo de expulsão dele por
ter assumido a SAC, contrariando moção que proibia membros do PMDB de
assumir cargos no governo, não deverá ter seguimento. Atualmente, o
processo está sendo analisado pela Comissão de Ética da sigla.
Lista
Peemedebistas
da ala oposicionista e aliados de Picciani avaliam que ele arrefeceu
sua postura pois está ciente de que o desembarque do PMDB deve provocar
ao aumento de deputados favoráveis ao impeachment. A ala oposicionista
já calcula que a bancada poderá chegar a ter até 60 votos favoráveis e
apenas oito contrários ao impedimento.
Aliados e opositores de
Picciani ressaltam que o parlamentar tem consciência de que, se não
seguir a maioria da bancada (hoje pró-impeachment), poderá ser alvo de
uma nova lista para destituí-lo da liderança. No fim do ano passado, ele
chegou a ser destituído do cargo por lista, mas conseguiu retomá-lo
dias depois, também por meio de lista. Aliados apontam ainda que a
flexibilização do discurso foi influenciada pela decisão de deixar
oficialmente o governo dos diretórios do PMDB do Rio e de Minas,
principais apoiadores dele na liderança do partido.
No caso do
Rio, o movimento foi liderado pelo pai do líder, o deputado estadual
Jorge Picciani. Picciani diz que não houve mudança de sua postura,
embora reconheça que a situação do governo está complicada.
por: Igor Gadelha e Daniel Carvalho/Estadão Conteúdo |Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
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