A Parada do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) de São Paulo chega à sua 20ª edição neste domingo integrando o calendário oficial da cidade pela primeira vez. Com o status de ser um dos maiores evento paulistanos, ao lado do Grande Prêmio de Fórmula 1 e do Salão do Automóvel, a parada faz girar estimados 200 milhões de reais na cidade na semana de sua realização - e, assim, firma-se como um dos motores da indústria do turismo da capital paulista.
Esse protagonismo não deve perder força em 2016, a despeito da crise. O crescimento será modesto, é verdade - mas haverá, de acordo com a presidente da Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes, Marta Dalla Chiesa.
A parada continua na Avenida Paulista, mas o número de participantes multiplicou-se desde então: são cerca de 2 milhões anualmente, segundo os organizadores, ou perto de 300.000, de acordo com levantamento feito pelo Datafolha em edições passadas.
Seja qual for o número de participantes, é fato que parte da economia de São Paulo já tem no evento um importante propulsor. Um dos termômetros de que a parada deverá passar ao largo da crise é a rede hoteleira. De acordo com Bruno Omori, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo (Abihsp), dos hotéis econômicos e supereconômicos da região da Avenida Paulista e do Centro, 80% já estão reservados para o feriado no início da semana, o que representa 40% da ocupação de hotéis da cidade. "Não fosse pelo evento, os hotéis da cidade estariam com apenas 5% de sua capacidade ocupada", diz.
Desse público, ainda segundo Omori, 60% chegam do interior do Estado, 4% vêm de fora do país, e o restante, de outras cidades do Brasil. Números da Abrat mostram que o turista LGBT que participa da parada consome mais que visitantes de outros eventos. Esse turista, de acordo com o estudo, gasta mais também em cultura, restaurantes e compras, além de ficar mais dias na cidade do que participantes de outros eventos: quatro dias em média.
Douglas Drummond, proprietário do hotel Chilli Pepper, voltado ao público gay, conta que o dia da parada é o melhor do ano para seus negócios. "Domingo é o melhor dia para o Chilli no ano inteiro. No ano passado, tivemos 1.200 hóspedes só nesse dia, número bom perto dos 800 que costumamos ter em domingos sem evento", afirma.
A Parada do Orgulho LGBT, ou Parada Gay, como também é conhecida, tornou-se uma espécie de estandarte de um nicho da economia que só faz crescer. No Brasil, o potencial de compra do segmento LGBT é estimado em 418,9 bilhões de reais. O valor corresponde a 10% do Produto Interno Bruto nacional, de acordo com a Out Leadership, associação internacional de empresas que desenvolve iniciativas para o público gay.
O técnico em segurança do trabalho Alexandre Emercik, de 28 anos, também vai estrear no evento em 2016. Ele saiu de Manaus exclusivamente para a festa. "Sou mochileiro e vou ficar em um hostel, mas pretendo gastar em restaurante. Mochileiro também tem fome", conta, com bom humor.
Assim como a presidente da Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes, Marta Dalla Chiesa, o presidente da Associação da Parada LGBT Fernando Quaresma, que organiza o evento, também está otimista . "Independentemente do cenário econômico, a parada tem se garantido. Não à toa, é o maior do mundo", conta. Em 2006, o Guiness Book elegeu o evento com o maior do segmento no planeta.
por:Veja (Com reportagem de Luís Lima)
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