sábado, 28 de maio de 2016

Em Hiroshima, Obama pede 'mundo sem armas nucleares.' Primeiro presidente americano a visitar a cidade japonesa devastada pela bomba atômica, Obama abraçou sobrevivente e depositou flores em homenagem às milhares de vítimas

HIROSHIMA

Barack Obama visita memorial às vítimas do ataque atômico de 1945 durante visita à Hiroshima, no Japão
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, abraça Shigeaki Mori, sobrevivente do bombardeio atômico de Hiroshima em 1945, durante visita ao Memorial Park Hiroshima Peace, no Japão - 27/05/2016(Jim Watson/AFP)

Barack Obama tornou-se nesta sexta-feira o primeiro presidente dos Estados Unidos em exercício a visitar a cidade de Hiroshima, onde foi lançada a primeira bomba atômica da história, durante a II Guerra Mundial. O americano estava acompanhado do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e depositou flores em homenagem às vítimas, em cerimônia no Parque da Paz.

"Já se passaram 71 anos desde aquele dia. Era uma manhã luminosa e sem nuvens. A morte caiu do céu e o mundo mudou", declarou Obama ao começar seu discurso diante da plateia que incluía sobreviventes do ataque americano. O presidente lamentou os mais de 100 mil mortos no bombardeio de 6 de agosto de 1945 e ressaltou que tecnologias devastadoras, como o armamento nuclear, demandam uma "revolução moral" na humanidade. "Progresso tecnológico sem uma evolução equivalente nas instituições humanas pode nos condenar", afirmou.

A visita provocou debate mesmo antes de ter acontecido, após críticas de que tanto Washington quanto Tóquio não são enfáticos em suas políticas pelo desarmamento nuclear, ao mesmo tempo em que, publicamente, clamam pelo fim dos arsenais atômicos. Além disso, a Casa Branca deixou claro que Obama não iria pedir desculpas pelo bombardeio americano, o que gerou protestos na cidade antes de sua chegada.

Os dois governos esperam que a visita de Obama a Hiroshima demonstre um novo nível de reconciliação e laços mais firmes entre os ex-inimigos. "Viemos ponderar a força terrível desencadeada no passado não tão distante", declarou Obama.O primeiro-ministro do Japão, que também falou durante o ato, disse que o país asiático havia "esperado muito por esta visita" e que nunca deverá se repetir o que aconteceu em Hiroshima e Nagasaki há sete décadas. "É nossa responsabilidade que façamos um esforço pela paz", destacou Abe.

Depois de discursar, Obama trocou apertos de mão e conversou com dois sobreviventes da bomba atômica. Sunao Tsuboi, de 91 anos, falou brevemente com o presidente, enquanto Shigeaki Mori, de 79 anos, chorou e recebeu um abraço do americano. "Eu segurei a sua mão e nós não precisamos de um intérprete", disse Tsuboi ao jornal Washington Post.

'Mundo sem armas nucleares' - O presidente americano também visitou um museu nas proximidades do parque que exibe peças como fotos de vítimas com queimaduras graves e as roupas que usavam no momento do ataque. "Já conhecemos a agonia da guerra", escreveu ele no livro de visitas. "Vamos agora encontrar a coragem, juntos, para disseminar a paz e buscar um mundo sem armas nucleares", completou.

Após a cerimônia, de pouco menos de uma hora, o presidente dos Estados Unidos dirigiu-se à base militar americana de Iwakuni, de onde partirá para Washington no avião presidencial Air Force One.

(Com EFE e Reuters)

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