CORINTHIANS CAMPEÃO BRASILEIRO
Ver Jô, Romero, Carille e companhia
levantando mais um troféu em Itaquera, aplaudidos pela torcida, é uma
cena que soaria inimaginável no início de 2017. O título nacional
conquistado nesta quarta-feira com vitória sobre o Fluminense coroou um
ano quase mágico e improvável para o Corinthians. O clube e sua torcida celebraram muitas conquistas nas última décadas, mas o heptacampeonato do Brasileirão
é especial: há anos o Corinthians não iniciava uma temporada tão
desacreditado e, teoricamente, inferior aos rivais. A pecha de “quarta
força de São Paulo” foi usada como combustível e hoje o time é o rei do
país.
Uma vez mais, o futebol provou que dinheiro não marca gols – que o
digam Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG. Em grave crise financeira
(sangra para pagar a dívida bilionária do Itaquerão), o Corinthians
montou um elenco modesto, com espaço para vários jovens da base e vários
atletas de pouco prestígio, como o esforçado Kazim. Com um time
disciplinado e eficiente, manteve o DNA vencedor dos últimos anos.
Como em 2015, ano em que o presidente Roberto de Andrade perdeu
completamente o senso do ridículo ao levantar a taça antes do capitão
Ralf na festa do título, novamente a diretoria não merece reivindicar
glórias. Nem mesmo a contratação de Fábio Carille os
cartolas bancaram de início. Poderiam tê-lo efetivado no ano passado,
mas preferiram errar com Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira e levar
um ‘não’ do colombiano Reinaldo Rueda (com resultados ruins no caríssimo
Flamengo) para, enfim, apostar no jovem treinador. O caminho teve seus
obstáculos, sobretudo no instável segundo turno, mas Carille, de 44
anos, fez um trabalho excepcional em seu primeiro desafio como treinador
efetivo, após sete anos como auxiliar e aprendiz de Tite e Mano
Menezes.
Mesmo durante a turbulência, Carille manteve serenidade. Armou um
time muito seguro defensivamente e comprometido no ataque, apesar das
limitações; apostou em jovens como Guilherme Arana e Maycon –
que deram ótima resposta, apesar da queda de rendimento no segundo
turno –; teve personalidade para barrar atletas caros (Guilherme,
Marlone e Cristian foram embora e Marquinhos Gabriel e Giovanni Augusto
passaram boa parte do ano no banco); e recuperou ídolos como Cássio, Fagner e e especialmente Jô,
o artilheiro e líder do time, que retornou ao clube após 11 anos para
se tornar o símbolo deste time. Atletas mais discretos, como Balbuena, Pablo, Gabriel e Romero também foram fundamentais para a conquista.
O time que iniciou o ano como “quarta força” atropelou os rivais,
inclusive no confronto direto. Em 11 clássicos no ano, venceu sete,
empatou três e perdeu apenas um, para o Santos. Contra o Palmeiras, time
mais badalado do ano, venceu todos os três encontros. O primeiro deles,
no Paulistão, com gol de Jô no fim e um erro da arbitragem contra o
Corinthians. O último, vitória por 3 a 2 em casa, no momento de maior
crise do time no ano, praticamente garantiu o título, que também teve a
torcida como protagonista. Durante boa parte do torneio, parecia que
apenas o limitado Corinthians realmente fazia força para ser campeão. E o
título veio com três rodadas de antecedência.
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