Picciani chega à sede da PF. Deputado ficou menos de 24h preso
Rio
- O presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani, e os
deputados estaduais Edson Albertassi e Paulo Melo não ficaram nem 24
horas na prisão. O plenário da Assembleia Legislativa do Rio decidiu
ontem à tarde, por 39 votos a favor e 19 contra, pela soltura dos
peemedebistas, que estavam na Cadeia Pública José Frederico Marques, em
Benfica. O chamado 'presídio VIP' abriga os presos da Lava Jato,
incluindo o ex-governador Sérgio Cabral.
A decisão da Alerj foi baseada na jurisprudência criada pelo Supremo Tribunal Federal ao transferir para o Senado o destino das medidas cautelares contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Ontem, o ministro do Supremo Marco Aurélio Mello afirmou que viu com "perplexidade" o posicionamento dos deputados.
Para Melo, que no caso Aécio votou pela necessidade do aval do Congresso para serem aplicadas medidas cautelares, o assunto terá que ser discutido pelo STF. O PSL já anunciou que vai recorrer à Corte para anular a sessão da assembleia que derrubou as prisões.
Caminho livre para Albertassi
Os três conselheiros substitutos do Tribunal de Contas do Estado (TCE) afirmaram, em depoimento ao Núcleo Criminal de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal, que foram procurados pessoalmente pelo deputado Edson Albertassi (PMDB) com as cartas de desistência ao cargo de conselheiro do órgão já redigidas. Eles, que são servidores de carreira, foram indicados para a vaga aberta pela aposentadoria do conselheiro Jonas Lopes. Entretanto, o governo indicou o deputado Edson Albertassi para a vaga após a desistência deles. No depoimento eles explicam o motivo.
O DIA teve acesso aos depoimentos de Rodrigo Melo do Nascimento, Marcelo Verdini Maia e Andrea Siqueira Martins, concedidos a três procuradores na tarde de quinta-feira, dia 16. Todos afirmam que foram procurados pelo Subprocurador-Geral do TCE, Henrique Cunha de Lima, que teria parentesco com Albertassi.
Já Andrea
Siqueira disse que seus colegas tinham assinado a desistência. Por isso,
também desistiu da vaga, apesar de não ter interesse genuíno na mesma.
Os três deputados passaram uma noite na mesma ala
em que Cabral, porque a Justiça determinou a prisão preventiva deles a
partir da alegação do Ministério Público Federal de que o trio recebeu
R$ 135 milhões em propina de empresários de ônibus para proteger os
interesses do setor na Casa. No entanto, a legislação determina que as
prisões de deputados sejam aprovadas pela Alerj.
Os
parlamentares devem retomar suas funções já na terça-feira que vem, após
o feriado. A bancada do PSOL anunciou que vai entrar com uma ação na
Justiça para anular a sessão de ontem. O PSOL sustenta que a votação foi
realizada com as galerias fechadas ao público, em descumprimento a uma
decisão judicial, e que houve irregularidade na convocação.
Manifestantes pedem manutenção da prisão de peemedebistas em protesto na Alerj
Liminar expedida pela juíza Ana Cecilia Argueso
Gomes de Almeida, do Tribunal de Justiça (TJ-RJ), determinou a liberação
das galerias para o público. A oficial de Justiça que levava a liminar
chegou a ser impedida de entrar na Alerj pela polícia e só conseguiu
chegar ao plenário no fim da votação por interferência de alguns
deputados. Nesse meio tempo, as galerias foram ocupadas por assessores
parlamentares, muitos deles com o crachá de deputados contrários à
prisão. A Alerj alegou que não fechou as galerias, apenas limitou o
acesso a elas por segurança, seguindo orientação dos bombeiros.
A
sessão extraordinária da Alerj teve início às 15h, após parecer da
Comissão de Constituição e Justiça para a soltura, de autoria do
deputado Milton Rangel (DEM), aprovado por quatro votos a dois. No
plenário, três deputados contrariaram orientações das bancadas e votaram
pela aprovação do parecer, que precisava de pelo menos 36 votos. São
eles: o psolista Paulo Ramos, que foi afastado pelo partido, o petista
Ané Ceciliano, que foi suspenso por seis meses do PT, e Renato
Cozzolino, do PR.
PMs atiraram bombas de gás e balas de borracha contra manifestantes
André Lazaroni (PMDB), que se licenciou do cargo de
secretário de Cultura para votar a favor dos seus correligionários,
protagonizou uma gafe ao tentar citar o dramaturgo e poeta alemão
Bertolt Brecht em seu discurso. Ele atribuiu a frase "Ai do povo que
precisa de heróis" a Bertoldo Brecha, personagem da Escolinha do
Professor Raimundo, interpretado pelo ator Mário Tupinambá, morto em
2010. Os deputados deixaram a prisão de Benfica em um carro oficial da
Alerj às 18h.
Decisão deixou ministro do STF perplexo
O
Ministério Público Federal (MPF) vai pedir ao Tribunal Regional Federal
da 2.ª Região (TRF-2) que reveja a decisão do Alerj de suspender o
afastamento dos deputados de seus mandatos. Para os procuradores, os
parlamentares só podiam rever as prisões e não os pedidos de afastamento
das funções públicas.A decisão da Alerj foi baseada na jurisprudência criada pelo Supremo Tribunal Federal ao transferir para o Senado o destino das medidas cautelares contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Ontem, o ministro do Supremo Marco Aurélio Mello afirmou que viu com "perplexidade" o posicionamento dos deputados.
Para Melo, que no caso Aécio votou pela necessidade do aval do Congresso para serem aplicadas medidas cautelares, o assunto terá que ser discutido pelo STF. O PSL já anunciou que vai recorrer à Corte para anular a sessão da assembleia que derrubou as prisões.
Caminho livre para Albertassi
Os três conselheiros substitutos do Tribunal de Contas do Estado (TCE) afirmaram, em depoimento ao Núcleo Criminal de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal, que foram procurados pessoalmente pelo deputado Edson Albertassi (PMDB) com as cartas de desistência ao cargo de conselheiro do órgão já redigidas. Eles, que são servidores de carreira, foram indicados para a vaga aberta pela aposentadoria do conselheiro Jonas Lopes. Entretanto, o governo indicou o deputado Edson Albertassi para a vaga após a desistência deles. No depoimento eles explicam o motivo.
O DIA teve acesso aos depoimentos de Rodrigo Melo do Nascimento, Marcelo Verdini Maia e Andrea Siqueira Martins, concedidos a três procuradores na tarde de quinta-feira, dia 16. Todos afirmam que foram procurados pelo Subprocurador-Geral do TCE, Henrique Cunha de Lima, que teria parentesco com Albertassi.
Em maio, Henrique agendou um encontro com Albertassi e
Verdini. Na reunião, o deputado disse que iria apoiar Verdini a
conseguir o cargo. Mas, em outubro, tudo mudou, com Albertassi dizendo
que seria ele a assumir o cargo, a pedido de Picciani, então presidente
da Alerj. "Em meados de outubro, o depoente se encontrou com Henrique e
Albertassi, ocasião em que [Jorge] Picciani insistia em destinar a vaga a
um deputado", diz trecho do depoimento. Em um segundo encontro, o
conselheiro-substituto foi aconselhado a desistir da vaga e optou por
assinar a carta de desistência já redigida.
Já
Nascimento disse que também teve um encontro intermediado por Henrique e
que, em um encontro em uma cafeteria ao lado da Alerj, Albertassi
apresentou a declaração de desistência a ele, bastando a ele apenas
assinar. Nascimento disse que assinou "apostando na invalidade
jurídica".
Tanto Verdini quanto Nascimento afirmaram
que somente se encontraram com Albertassi pois almejavam a vaga e sabiam
que, para isso, teriam que fazer contatos políticos.
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