Manifestantes protestaram contra a morte de jovens em São Gonçalo
Rio
- Depois de cinco dias de impasse nas investigações, a Justiça Militar
anunciou nesta quinta-feira que vai apurar a chacina ocorrida, no
sábado, durante um baile funk no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.
Apesar de sete homens terem morrido baleados no mesmo momento em que se
desenrolava uma ação conjunta de militares e policiais civis, os
comandos das forças garantem que nenhum tiro foi disparado por seus
agentes.
Até agora, no entanto, só os civis eram investigados. "Temos sete corpos no chão que ninguém reconhece", afirma o sociólogo Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). "Isso é algo novo até para o Rio. E é extremamente grave.
A investigação aberta pela Delegacia
de Homicídios de Niterói e São Gonçalo ouviu os policiais que
participaram da ação - e negaram ter feito disparos. Mas não poderia
tomar depoimentos dos militares porque a Polícia Civil não teria
atribuição para investigar crimes dolosos contra a vida cometidos por
homens das Forças Armadas.
"Até que seja comprovada a ação dos militares, a investigação deveria ser inteiramente da pela Polícia Civil, mas cria-se um novo espaço de impunidade, no qual todos estão se escorando para que nada seja apurado", sustenta Cano. "O uso excessivo da força é uma tradição das incursões a comunidades no Rio, mas uma intervenção que ninguém reconhece é inédito. Só revela os perigos dessa mudança na legislação.
Até agora, no entanto, só os civis eram investigados. "Temos sete corpos no chão que ninguém reconhece", afirma o sociólogo Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). "Isso é algo novo até para o Rio. E é extremamente grave.
"A Procuradoria Militar instaurou na terça um Procedimento
de Investigação Criminal e já pediu ao Comando Militar do Leste (CML)
informações sobre a ação na comunidade. A depender do apurado, novas
diligências ou provas técnicas podem ser requeridas ou a instauração de
um inquérito policial-militar será solicitada. Se isso ocorrer, será a
primeira investigação desse tipo realizada sob a nova legislação, que
garante julgamento na Justiça Militar de militares que participem de
ações de segurança pública.
"Até que seja comprovada a ação dos militares, a investigação deveria ser inteiramente da pela Polícia Civil, mas cria-se um novo espaço de impunidade, no qual todos estão se escorando para que nada seja apurado", sustenta Cano. "O uso excessivo da força é uma tradição das incursões a comunidades no Rio, mas uma intervenção que ninguém reconhece é inédito. Só revela os perigos dessa mudança na legislação.
"Oficialmente, a ação foi chefiada pela Coordenadoria de
Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil e contou com o apoio de 15
militares do Exército, dois blindados e dois motoristas. Outros 15
policiais civis participaram, juntamente com um terceiro blindado, da
Core.
"Os procedimentos investigatórios já estão sendo realizados com os militares", disse nesta quinta o porta-voz do CML e do Estado-Maior Conjunto, coronel Roberto Itamar. "O Ministério Público também pode solicitar as armas, que estão à disposição. Mas nenhuma perícia foi feita ainda nas armas porque não houve disparo na ocasião.
"O governo federal autorizou o uso das Forças Armadas para reforçar a segurança do Rio em julho. No total, 8,5 mil agentes foram deslocados para a missão. Desde então, eles têm ajudado as polícias em operações para prender traficantes e apreender armas
Notas
A Secretaria de Segurança se recusou a dar esclarecimentos, alegando que "seria uma atribuição da Polícia Civil, que coordenou a ação". A Polícia Civil, porém, diz que "não tem o que falar, o processo investigatório é sigiloso e só voltará a se pronunciar ao fim das investigações".
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