NOVIDADE
Proposta ainda passará pela análise da Casa Civil e também do próprio
Bolsonaro, que disse no fim de novembro que não concederia indulto
O governo trabalha na elaboração de um decreto para prever perdão de
pena de condenados com doenças graves ou terminais. Apesar de o
presidente Jair Bolsonaro ter dito antes de assumir que não concederia o
chamado indulto presidencial, a ideia é dar um viés “humanitário” à
medida.
O Estado apurou que a equipe do ministro da Justiça e
Segurança Pública, Sérgio Moro, está com a missão de formatar o texto e
definir não só os critérios para a concessão, como também os casos em
que deve haver restrição. O texto em gestação no Ministério da Justiça e
Segurança Pública não deverá permitir que condenados por crimes
violentos e por corrupção recebam o benefício, que representa um perdão
da pena.
A proposta ainda passará pela análise da Casa Civil e também do
próprio Bolsonaro, que disse no fim de novembro que não concederia
indulto quando estivesse no poder.
“Fui escolhido presidente do Brasil para atender aos anseios do povo
brasileiro. Pegar pesado na questão da violência e criminalidade foi um
dos nossos principais compromissos de campanha. Garanto a vocês, se
houver indulto para criminosos neste ano, certamente será o último”,
disse Bolsonaro em uma rede social.
Na véspera dessa declaração, o Supremo Tribunal Federal formou
maioria de votos (6) para restabelecer o decreto de indulto editado pelo
presidente Michel Temer de 2017 — considerado “excessivamente generoso”
pelo ministro Sérgio Moro. Um pedido de vista manteve, no entanto, a
vigência da decisão liminar do ministro Luís Roberto Barroso, que
endureceu as regras de Temer e impediu, por exemplo, a extensão do
benefício a condenados por corrupção e ou por quaisquer crimes cuja pena
seja superior a oito anos.
Em declaração posterior, Bolsonaro disse: “Já que o indulto é um
decreto presidencial, a minha caneta continuará com a mesma quantidade
de tinta até o final do mandato em 2022. Sem indulto”.
Uma fonte próxima ao presidente disse ao Estado que,
apesar das declarações feitas por ele sobre o indulto, o presidente tem
sensibilidade para ouvir e voltar atrás depois de anunciar decisões.
O governo Michel Temer levou algumas discutindo se editaria um novo
decreto de indulto depois das críticas recebidas no de 2017, até
desistir dessa ideia às vésperas do fim do mandato.
Quando Moro falou sobre o tema do indulto, no fim de novembro, ainda
no período da transição entre governos, disse esperar que, se fosse
editado novo decreto, tivesse um perfil diferente daquele de 2017. “Esse
será o último indulto com tão ampla generosidade”, disse. Segundo o Estado apurou, Moro nunca foi contra o indulto, apenas defende regras mais rígidas.
(Estadão)
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