CONGRESSO
Renan Calheiros evita anunciar oficialmente a candidatura, mas tenta
acumular apoios no MDB para a disputa pela Presidência do Senado
Brasília (AE) - Mesmo se apresentando como um "novo Renan", o senador
Renan Calheiros (MDB-AL) tem se apoiado em velhos caciques do MDB no
Senado e de fora dele - como o ex-presidente José Sarney - para tentar
conquistar o comando da Casa pela quinta vez. Em reunião da bancada do
partido nesta terça-feira, 29, o senador alagoano e seus aliados
tentaram "enquadrar" sua principal adversária, a senadora Simone Tebet
(MDB-MS), que tem defendido o voto aberto na eleição interna e ainda
cogita disputar como candidata avulsa, se não conquistar o apoio da
maioria da bancada.
A explicação é que Simone crê ter um cenário mais favorável para ela nas
bancadas de outros partidos, enquanto Renan domina o cenário dentro do
MDB. O receio de parte dos emedebistas, no entanto, é de que duas
candidaturas do partido provoquem "fratura exposta" na sigla. Essas duas
visões deram o tom no encontro da bancada. Ao lado de Renan se
colocaram dois principais caciques da sigla: os senadores Jader Barbalho
(PA) e Eduardo Braga (AM). Já Simone teve como escudeiros principais os
senadores Marcio Bittar (AC), um dos recém-eleitos pelo partido, e
Dario Berger (SC).
Ao chegar para a reunião, Jader rejeitou o
discurso de "renovação", que tem sido base da candidatura de Simone, e
disse que isso é "conversa fiada" de "iniciado" na política. "Esse
negócio de velho ou novo é irrelevante, tem que ter é legitimidade",
afirmou Jader.
A legenda deve definir apenas na quinta-feira, 31, se apostará em Renan
ou se lançará Simone, mas as diferenças entre os dois ficaram evidentes
até na coletiva de imprensa concedida ao final do encontro. Simone foi
questionada se abriria mão da possibilidade de se lançar como candidata
avulsa e respondeu de forma evasiva. "Nós não vamos discutir isso agora.
Eu não falo mais pela liderança, quem fala agora pela liderança
temporariamente...", dizia Simone antes de ser interrompida por Renan.
"Descarta?", questionou o senador alagoano de forma repetida, que olhava
fixamente para a colega de partido. A senadora de Mato Grosso do Sul
deixou a coletiva antes de Renan e José Maranhão, que continuaram a
responder os jornalistas.
Outro motivo de discórdia da reunião
foi a decisão de Simone de defender o voto aberto para as eleições na
Casa. Ao longo da reunião, Renan tentou convencer os colegas de que, se a
votação não acontecer pelo voto secreto, o MDB perderá a Presidência da
Casa. Simone, por outro lado, procurou defender que precisava, por uma
questão de coerência com seu discurso político defender que a disputa
aconteça em votação nominal, ou seja, quando aparece no painel como
votou cada senador.
O senador Márcio Bittar demonstrou descrença
com os debates na bancada. "O que eu posso fazer eu estou fazendo. Isso
aqui, às vezes, desanima. Uma coisa que me chama atenção é que, quando
você conversa no particular, fica claro uma simpatia maior da bancada
pelo nome dela (Tebet), mas há um receio. Eu disse isso hoje. Que receio
é esse?", disse. Outro que tem atuado a favor de Renan, apesar de não
participar das discussões, é o atual presidente da Casa, Eunício
Oliveira (MDB-CE), que tem discursado contra a possibilidade do senador
Davi Alcolumbre (DEM-AP) presidir as sessões preparatórias no dia da
eleição.
O presidente do MDB, Romero Jucá (RR), disse que o
partido deverá decidir somente na quinta-feira, 31, quem será o
candidato do partido na disputa pela Presidência do Senado. Os debates
começaram hoje, na liderança do MDB na Casa, e a bancada terá de
deliberar se prefere Simone Tebet (MDB-MS) ou Renan Calheiros (MDB-AL),
os dois nomes colocados.
"O MDB deverá definir seu candidato na
quinta-feira. Não deveremos definir hoje um nome como candidato à
presidência do Senado. É uma primeira reunião preparatória", disse ao
chegar para o encontro. Questionado sobre como o partido fará no caso de
divisão na bancada, Jucá admitiu a possibilidade dos membros do partido
resolverem o impasse no voto. "Voto sempre é uma possibilidade, mas
vamos primeiro conversar", complementou.
(por:Renan Truffi/Agência Estado)
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