TRIBUTOS
Redução na carga tributária é uma das propostas do ministro Paulo Guedes (Cristiano Mariz/VEJA)
O governo Jair Bolsonaro estuda reduzir o Imposto de Renda pago pelas empresas do País de 34%, em média, para 15%, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, na quarta-feira durante o Fórum Econômico Mundial,
na Suíça. Para compensar o corte, Guedes disse que há alternativa de
aumentar os tributos sobre renda e aplicações financeiras que hoje são
isentas ou pagam pouco imposto.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o
ministro explicou que a motivação dessa reorganização tributária é
atrair investidores estrangeiros.
A proposta de Guedes, no entanto, deve enfrentar resistência no
Congresso, principalmente por parte de consultores, economistas,
advogados e contadores que podem perder com a mudança. Micro e pequenas
empresas do Simples (modelo simplificado de cobrança de impostos) também
podem ser prejudicadas, se as alíquotas não acompanharem a redução.
A proposta de Guedes fixa uma alíquota de 15% para o Imposto de Renda
das empresas, mas tributa em 20% os dividendos recebidos pelos sócios,
na pessoa física. Os dividendos são pagos aos acionistas de uma empresa
pelo lucro gerado. Hoje, as empresas pagam 34% sobre seus lucros e,
depois da tributação, os dividendos são distribuídos sem cobrança de
Imposto de Renda sobre esses ganhos.
O Brasil entrou em 2019 no topo da lista dos países com a maior
alíquota de imposto sobre o lucro das empresas, desbancando a França. O
levantamento foi feito pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo de países com as economias mais
desenvolvidas do mundo e que tem as alíquotas mais elevadas globalmente.
O Brasil não faz parte da organização, mas pleiteia uma vaga.
“Todo o mundo está baixando os impostos”, disse Guedes. A onda global
de redução da carga tributária das empresas ganhou velocidade ao longo
de 2018, com EUA, Bélgica e França anunciando cortes. “Se o Brasil não
baixar o imposto para as empresas, elas vão acabar indo para outros
lugares”, defendeu.
Guedes argumentou que a única forma de se fazer isso sem derrubar a
receita do País é por meio de uma “realocação” da carga tributária. “Se
derruba um, compensa com outro e fica igual, fica a mesma tributação
praticamente”, explicou, ao dizer que não haverá aumento de imposto.
“Nossa essência é de substituição tributária. Tem gente que não paga,
tem gente que paga demais.”
Segundo um dos maiores especialistas do País em tributação, o diretor
da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal, Rodrigo
Orair, a lógica do ministro faz sentido no que se refere à perda da
arrecadação e ao aumento dos investimentos. “A medida dá um estímulo
para que a empresa retenha mais lucro e distribua menos para os sócios.”
Segundo Orair, empresas de alta lucratividade que pagam muitos
dividendos perderão. As de baixa lucratividade, que pagam poucos
dividendos, tendem a ganhar.
(Por
Estadão Conteúdo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário